toninho

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Informações gerais

Cadeira: 7
Posição: Fundador
Data de nascimento:  18/08/1936
Naturalidade: Salto/SP
Patrono:  Machado de Assis
Data de posse: 16/06/2008
 

Biografia

Antônio Oirmes Ferrari é casado com Nídia Hyppolito Ferrari, tem dois filhos - Débora Cristina e Archimedes Neto; três netos - Enzo, Laurinha e Letícia.Aprendeu as primeiras letras e números, no Externato Sagrada Família, o saudoso "Coleginho", que se situava na hoje Praça Deputado Dr. Archimedes Lammoglia, em Salto. Fez a seguir o Ginasial e o Colegial Clássico, no Colégio Ateneu Paulista, em Campinas.

Licenciado em Letras, com especialização em Língua Portuguesa e Literatura Luso-Brasileira, pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas - PUCC.

Catedrático em Português - Língua e Literatura - por Concurso Público Estadual de Provas e Títulos; exerceu o magistério em Campinas, Campos do Jordão, Nhandeara, Itu e Salto.

Formação de Licenciatura plena em Pedagogia, com habilitação em Administração Escolar, Supervisão Escolar e Magistério.

Diretor efetivo por Concurso Público Estadual de Provas e Títulos, do então Colégio e Escola Normal Estadual Professor Paula Santos, por cerca de quatorze anos; a seguir,

Diretor da EEPSG Profa. Leonor Fernandes da Silva, por treze anos. Ambas as Escolas sediadas em Salto.

Bacharel em Direito, inscrito na OAB/SP, sob o nº 19.408.

Diretor do Conservatório Municipal Maestro Henrique Castellari, em Salto, por dez anos.

Secretário Municipal da Cultura, Esportes e Turismo, em Salto, em 1996.

Secretário Municipal da Educação, também em Salto, por quatro anos, de 2001 a 2004.

Participou do setor político-administrativo, como Vereador da Câmara da Estância Turística de Salto, por quinze anos (1964-68, 69/72, 77/82).

Diretor da unidade local da Faculdade Sant'Anna de Salto, desde sua instalação, no ano 2000.

Colaborador frequente com os jornais da cidade, através de seções sobre o Idioma Pátrio, Literatura, Educação e Esportes, ao longo dos anos de militância.

Autor de várias publicações e membro fundador da Academia Saltense de Letras, onde exerceu a Presidência por cerca de cinco anos. É detentor da Cadeira nº 7, cujo Patrono é o imortal escritor pátrio Joaquim Maria Machado de Assis.

Bibliografia

"Epopeia de uma escola" (Ottoni, 1970)."Nosso idioma de cada dia" (Ottoni, 1996).

"Dúvidas de Português",  coluna publicada semanalmente, no jornal TAPERÁ, de Salto,  desde 31 de dezembro de 1983.

"Apologia à mãe", poema (2008).

"Academia Saltense de Letras - Coletânea I" (EME, 2010).

"Academia Saltense de Letras - Coletânea II" (EME, 2013).

Discurso de posse

INSTALAÇÃO OFICIAL DA ACADEMIA SALTENSE DE LETRAS - DIA 26 DE JULHO DE 2008, ÀS 20 HORAS - auditório "MAESTRO GAÓ" - COM PALESTRA SOBRE MACHADO DE ASSIS - pelo confrade Antônio Oirmes Ferrari  -

De início, devo dizer da alegria de nós todos, pela instalação oficial da Academia Saltense de Letras, velho sonho acalentado através dos anos e hoje tornado maravilhosa realidade. Saúdo de início os componentes da Mesa - Sr. Ettore Liberalesso, nosso Presidente, um dos grandes entusiastas nos trabalhos de criação da ASLe.; saúdo e agradeço a presença do Secretário da Cultura e Turismo de Salto, Sr. Valderez Antônio Bergamo da Silva, bem como o nosso confrade e cineasta dos mais ilustres, um saltense que é nosso orgulho, Sr. Anselmo Duarte; cumprimento também a nossa diligente confreira e Secretária Profa. Mércia Falcini, que cuidará, com seu esmero e atenção, das atas, correspondências e demais papéis da Academia. Levo, ainda, minha saudação ao confrade e competente radialista Augusto Gasparini Filho, encarregado do cerimonial desta noite memorável. Nossos agradecimentos aos
artistas e músicos que logo mais aqui estarão, abrilhantando esta sessão solene. Senhoras e senhores que se fazem presentes em grande número prestigiando nossa humilde palestra e, mais que isso, a instalação oficial da Academia Saltense de Letras.

Pois é amigos, quem diria que aquele menino de origem muito humilde, nascido no Morro do Livramento, no Rio de Janeiro - que jamais frequentou uma escola regular - viria a ser nosso maior escritor de todos os tempos? Quem diria? Seria a Providência Divina? Machado de Assis ou simplesmente Machadinho, como era chamado na infância, é um raro exemplo de inteligência privilegiada e de elevado talento na arte literária.

Joaquim Maria Machado de Assis nasceu no Rio de Janeiro, no Morro do Livramento, no dia 21 de junho de 1839 e faleceu na mesma cidade, aos 29 de setembro de 1908. Era filho de Francisco José de Assis, humilde pintor de paredes, descendente de escravos alforriados; sua mãe era Maria Leopoldina Machado, portuguesa da Ilha de São Miguel e prestava serviços como lavadeira. A viúva do Senador Bento Barroso, pessoa caridosa, chamou o casal para morar em sua chácara, na Ladeira Nova do Livramento - onde a família viveu como agregada. Sabe-se que o menino Machadinho tinha saúde frágil, era epilético, um pouco gago e que em sua notável biografia não há registro de haver frequentado escola regular, em sua infância e juventude. Era um predestinado, um iluminado! Ficou órfão de mãe muito cedo e perdeu também sua única irmã mais nova que ele, aos quatro anos de idade. Seu pai casou-se novamente e, em 1851, com a morte do pai, sua madrasta D. Maria Inês, exímia doceira, emprega-se no colégio do bairro, em São Cristóvão, frequentado por pessoas mais abonadas e aí o menino Machadinho vendia doces nos intervalos das aulas, passando a ter contato - inteligente e perspicaz que era - com alunos e professores. Conta-se que o futuro gênio de nossa Literatura assistia a algumas aulas, num cantinho da sala, ao lado dos meninos e meninas mais afortunados
Em verdade, Machado de Assis, sem ter acesso a cursos regulares, empenhou-se em aprender e veio a ser um dos maiores intelectuais do nosso país, ainda muito jovem. Em suas atividades diárias, conheceu a francesa Madame Gallot - proprietária de uma padaria frequentada por gente da alta sociedade - e aí o pequeno gênio Machadinho aprendeu as primeiras lições de Francês, com o forneiro, que falava fluentemente o idioma. Daí resultou que Machado de Assis, na juventude, veio a traduzir todo o romance OS TRABALHADORES DO MAR, do consagrado escritor Victor Hugo. Logo mais, aprendeu Inglês, com uma senhora amiga de sua madrasta. Qual o resultado? Traduziu por inteiro o poema O CORVO, de Edgar Allan Poe. Aí já descortinava o gênio do nosso maior escritor e orgulho mundial de nossas Letras. Trabalhou também como aprendiz de tipógrafo na Imprensa Oficial. Com apenas dezesseis anos, estreou na Literatura, com a publicação do poema ELA, na revista Marmota Fluminense. Serviu também como coroinha e sacristão, na Igreja da Lampadosa e nos livros e missais dos padres também absorveu cultura. Tudo aprendia com sua inteligência notável. Em 1869, veio a casar-se com a portuguesa Carolina Augusta Xavier de Novais, irmã de seu amigo e poeta Fausto Xavier de Novais, mulher culta e quatro anos mais velha que o escritor, pessoa que foi muito importante na vida do marido, pois o ajudou a abrir sua grandiosa obra para o mundo. Não tiveram filhos, mas foram sempre muito felizes. A linda poesia, feita por Machado de Assis junto ao leito de dor e de morte das esposa, é uma prova do puro amor que existia entre eles. Em 1873, ingressa o escritor no Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, como primeiro-oficial. Mais tarde, ascenderia à carreira de servidor público, aposentando-=se no cargo de diretor do Ministério da Viação e Obras Públicas. Podendo dedicar-se, com a vida um pouco mais cômoda, às obras literárias, passou a produzir grande carreira literária, marcada por muitas e muitas obras notáveis.

SUA VASTA E MARAVILHOSA OBRA -
Joaquim Maria Machado de Assis foi um mestre, praticamente, em todos os gêneros literários. Vejamos que grandiosidade !
ROMANCE - Ressurreição - em 1870; A Mão e a Luva -1874; Helena -1876; Iaiá Garcia - 1878; Memórias Póstumas de Braz Cubas - 1881; Casa Velha - 1885; Quincas Borba - 1891; Dom Casmurro - 1899; Esaú e Jacó - 1904; Memorial de Aires - 1908 .
POESIA - Crisálidas - em 1864; Falenas - 1870; Americanas - 1875 ; Ocidentais - 1880; Poesias Completas - 1901.
CONTOS - Contos Fluminenses - 1870; Histórias da Meia-Noite - 1873; Papéis Avulsos - 1882; Histórias sem Data - 1884; Várias Histórias - 1896; Páginas Recolhidas - 1899; Relíquias da Casa Velha - 1906 .
TEATRO - Hoje Avental, Amanhã Luva - em 1860; Queda que as Mulheres Têm para os Tolos- 1861; Desencantos - 1861; O Caminho da Porta - 1863; O Protocolo - 1863; Quase Ministro - 1864; Os Deuses de Casaca - 1866; Tu, Só Tu, Puro Amor - 1880; Não Consultes Médico - 1896; Lição de Botânica - 1906 .
A primeira fase da riquíssima obra é marcada pelo ROMANTISMO, mas em 1881 abandona o Romantismo da primeira fase de seu vastíssimo trabalho literário, com a publicação de Memórias Póstumas de Braz Cubas, que marca o início do REALISMO no Brasil. O romance é ousado, escrito por um defunto e começa com uma dedicatória inusitada: "ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver, dedico como saudosa lembrança estas Memórias Póstumas “. D. Casmurro é outro romance notável, talvez a maior obra do autor, traduzido em vários idiomas. Bem lido, vale - dizem os críticos - por um tratado de Psicologia Moral, com a personagem Capitu, "dos olhos de ressaca" e seu sofrido marido Bentinho, pois mostra que cada mente, em seu estado normal, abriga pulsações desconhecidas. Em verdade, frise-se, Machado de Assis vai muito além da Escola Realista. Ele escapa dos limites de qualquer Escola Literária, criando uma obra única, própria e inconfundível. A crítica internacional o tem entre os maiores escritores do mundo, ombreando-se a Dante, Shakespeare, Cervantes e outros. São de Machado de Assis: o estilo elegante, o raciocínio fino, o comentário irônico, o humor ático, o ceticismo engenhoso, a habilidade de fazer e desfazer o romanesco, sem perder o fio da meada, o moralismo demolidor que associa cada ponto de vista a um jogo de enganos.
Foi membro atuante, fundador e primeiro Presidente da Academia Brasileira de Letras, nascida em 28 de janeiro de 1897.Seu nome foi escolhido por aclamação de todos os intelectuais, para ser o primeiro Presidente da Academia, então criada, que recebeu provisoriamente a denominação de Casa de Machado de Assis.
A morte de sua esposa Carolina, em 1904, vítima de um tumor maligno, pertinaz moléstia que lhe tirou a vida, abateu profundamente o renomado escritor. Seus últimos quatro anos de vida que se seguiram à perda da esposa, foram de tristeza e abatimento. Carolina, mulher culta, apresentou Machado aos clássicos portugueses e a vários autores de língua inglesa. Não tiveram filhos, mas Carolina foi sua fidelíssima companheira, desde o dia em que ambos se uniram para sempre. Muito doente, solitário e triste, depois da morte da esposa, Machado de Assis morreu no dia 29 de setembro de 1908, em sua velha casa no bairro carioca do Cosme Velho, tendo recebido dos amigos da Academia e de muita gente do povo as homenagens póstumas. A oração fúnebre foi proferida pelo acadêmico Rui Barbosa. A Joaquim Maria Machado de Assis, nosso maior escritor, glória e orgulho de nossas Letras, as homenagens desta novel Academia Saltense de Letras, que gloriosamente se instala, nesta noite memorável para a cultura saltense. Nossa Academia - como já disse o Presidente Ettore Liberalesso - haverá de permanecer para sempre, como uma verdadeira expressão de nossa cultura. Deus nos ajude e seja sempre louvado!

ANEXO I - À CAROLINA
Machado de Assis
Querida, ao pé do leito derradeiro
Em que descansas dessa longa vida,
Aqui venho e virei, pobre querida,
Trazer-te o coração do companheiro.

Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro
Que a despeito de toda humana lida
Fez a nossa existência apetecida.

Trago-te flores - restos arrancados
Da terra que nos viu passar unidos
E ora mortos nos deixa separados.

Que eu, se tenho nos olhos malferidos,
Pensamentos de vida formulados,
São pensamentos idos e vividos.

ANEXO II - Carta de Machado de Assis à sua querida Carolina:
2 de março de..........
Minha querida Carolina:
Recebi ontem duas cartas tuas, depois de dois dias de espera. Calcula o prazer que tive, como as li, reli e beijei. A minha tristeza
converteu-se em súbita alegria. Eu estava tão aflito por ter notícias
tuas, que saí do Diário a uma hora para ir para casa.
Tu não pareces em nada com as mulheres vulgares que tenho
conhecido. Espírito e coração como o teu são prendas raras: alma tão boa e tão elevada sensibilidade, tão melindrosa.
Tu pertences ao pequeno número de mulheres que ainda sabem
amar, sentir e pensar. Como não te amaria eu?
Escreve-me e crê no coração do teu, Machadinho.