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Informações gerais

Cadeira: 31
Posição: Membro convidado
Data de nascimento: 22 de fevereiro
Naturalidade: Pederneiras/SP
Patrono: João Cabral de Mello Neto
Data de posse: 12/04/2015

Biografia

ELOY DE OLIVEIRA é jornalista diplomado desde 1985 e profissional de marketing na área de comunicação integrada desde 2010.

Começou a carreira de jornalista no extinto jornal “O Trabalhador”, em Salto. Depois trabalhou em praticamente todos os principais veículos de comunicação impressa, audiovisuais e on-lines do eixo formado entre as cidades de Sorocaba, Campinas, Jundiaí e Piracicaba. Além de veículos de repercussão nacional, como Folha de São Paulo, Gazeta Mercantil, Rede Globo e Rádio Jovem Pan.

Conquistou vários prêmios ao longo da carreira, sendo os principais o Prêmio Esso de Jornalismo, em dezembro de 1997, na categoria "Melhor Contribuição à Imprensa" com a série de reportagens sobre as comunidades carentes de Campinas, no jornal Correio Popular, e o Prêmio Yara de Jornalismo, em outubro de 2000, pela Melhor Série de Reportagens sobre Recursos Hídricos Gerenciados pelo Comitê das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, no jornal Gazeta Mercantil.

Também firmou sua atuação na área de assessoria de comunicação. Atendeu a corporações, instituições e órgãos públicos e privados, profissionais liberais, esportistas e políticos.

Na comunicação empresarial, seu principal trabalho foi como gestor da área durante 11 anos no Grupo JLJ Empresas, com sede em Salto, gigante nacional na área de prestação de serviços, cuja principal empresa é a Nutriplus Alimentação e Tecnologia.

Tem trabalhos desenvolvidos ainda na área de consultoria política e de marketing para candidatos, que vão de vereador a presidente da República, com passagens por 18 dos 33 partidos registrados até maio de 2022 no Brasil. Os principais são: DEM, PSDB, PTB, PSD, PT, MDB, PSC, PDT, PSB e PP.

Foi o quarto titular da história na Secretaria de Comunicação e Eventos da Prefeitura de Sorocaba, cidade que ostenta em 2020 o 11º PIB (Produto Interno Bruto) de São Paulo e o 23º do Brasil. Ficou no cargo por dois anos e três meses. Nesse período idealizou, criou e implantou mais de 30 projetos, com destaque para o concurso anual “Canta Servidor”, as edições on-line e diária do jornal oficial do município, o slogan do governo “Muito Mais Por Sorocaba” (gestão 2017-2020), os programas “Recupera Sorocaba”, “Fala Bairro” e “Café com a Imprensa”; a conquista da Certificação Ancine, que tornou Sorocaba a primeira Prefeitura do Brasil a poder produzir filmes sem ter uma produtora comercial; a reformulação do portal oficial da administração, a implantação da intranet, a TV Indoor e os projetos de inclusão social e de acessibilidade “Pracegover”, “Interprete de Libras”, “Workshop de Fotografia para Pessoas com Deficiência” e a “Caminhada da Inclusão”.

Hoje dirige a empresa de comunicação Olyva Strategy, com atuação principalmente na região de Indaiatuba. Presta consultoria política, atua na área de criação, assessoria de imprensa e relações públicas para agências e é editor-chefe do jornal Mais Expressão, de Indaiatuba, e articulista de Taperá, jornal de maior tiragem e o mais antigo em circulação em Salto. Já respondeu pela edição da Revista Taperá e pela implantação e gestão da unidade de Indaiatuba do mesmo veículo. Também faz palestras sobre gestão de comunicação e reportagens free-lancer para veículos impressos e audiovisuais. Além de escrever para blogs próprios e de instituições, como o Clube de Autores.

O jornalista e profissional de marketing ELOY DE OLIVEIRA nasceu em Pederneiras, pequena cidade agrícola no centro geográfico do Estado de São Paulo. Filho do radialista e poeta Dimas de Oliveira, falecido em 11 de julho de 2017, e da costureira e comerciante Emília Franco da Rocha Oliveira, viveu apenas três meses na cidade natal.

Passou a infância em Indaiatuba, para onde o pai havia se mudado, ao deixar o rádio, a fim de trabalhar como metalúrgico em Campinas, visando aumentar os seus rendimentos. Aos oito anos, mudou-se para Salto, onde esteve a maior parte da vida, tendo morado circunstancialmente em outras cidades.

Para ajudar a família, começou a trabalhar ainda muito pequeno. Vendia sorvetes em estádios de futebol e verduras de porta em porta e foi engraxate. Com 12 anos, foi trabalhar como tintureiro na Lavanderia São José, em Salto, e passou a ser chamado de Eloy por escolha pessoal do patrão João Orlandini. Quando criança era conhecido pelo apelido de "Mirso", adaptação livre da redução do seu primeiro nome de registro: "Edemilson".

Na adolescência, fez eletricidade no Senai e eletrotécnica no ensino médio. Mudou para o jornalismo às vésperas do vestibular da faculdade.

Passou a escrever com regularidade para jornal e literariamente a partir da vitória em um concurso de redação promovido no colégio, aos 17 anos. O texto erótico “Num Jardim Domingo à Tarde” o levou ao jornal “O Trabalhador”. Veja a íntegra do conto abaixo.

Casou-se em 1986 com Lucineia de Oliveira e é pai de dois filhos, Fernanda e Marcelo de Oliveira.

É autor de contos, crônicas e poesias. Foi premiado em vários concursos. Premiações que valeram participações em oito livros em parceria com outros autores. Publicou seu primeiro livro solo em setembro de 2018 sob o título “Quase Poesia – Emoções de Um Pé Descalço Que Olhou o Céu e Viu a Lua”, que retrata a primeira fase da sua vida do nascimento à formatura na universidade em jornalismo.

Ganhou outras premiações de projeção regional, nacional e internacional com poesias, crônicas e contos.

Acompanhe textos de Eloy de Oliveira neste site, no Linkedin ( https://www.linkedin.com/in/eloydeoliveira), no Jornal Taperá (https://tapera.com.br/) e no site: Eloy de Oliveira (eloydeoliveira.com.br).

Se quiser entrar em contato, envie e-mail para eloydeoliveira@gmail.com

Num jardim domingo à tarde

Camila Melo era o tipo de garota que encantaria qualquer um. A quem apenas a visse, pelo corpo esguio escultural, o rosto imaculado e os seios firmes e empinados, como se quisessem saltar da blusa. A quem tivesse a chance de conhecê-la, pela sua simpatia, pelo sorriso misterioso, pela voz aveludada e doce. Era impossível a qualquer mortal não se apaixonar por ela ou não querer receber os seus afagos.

Ela apareceu na casa de Adilson como uma completa estranha em uma sexta de 1974 em que ele assistia a um filme de Tarzan, em uma tevê preta e branca. Fora trazida pela irmã dele. Era prima de um conhecido dela. Estava de passagem por Salto e em férias. Tinha 21 anos, nove a mais que ele. Os instintos sexuais dele já desabrochavam e o garoto não a viu apenas como visita. Encantou-se com ela.

Na verdade, o que mais lhe chamou a atenção foi a visão que teve deitado no sofá de três lugares. Ele e seu irmão dividiam os dois sofás da sala. O irmão, menor, ficava no sofá menor. Adilson no sofá grande. A sua cabeça ficava perto da porta. Assim, olhava quem entrava debaixo para cima. Coisa de pivete. Camila entrou logo atrás da irmã dele vestindo saia quatro dedos acima dos joelhos. Estava sem calcinha.

Quando Adilson viu aquelas dobras rosadas coroadas por uma penugem negra ralinha, deu um salto no sofá. O irmão se assustou. As duas já haviam entrado para outro cômodo. Ele disse que fora o filme e se calou. O irmão não questionou. Adilson foi atrás delas. Sua irmã ralhou com ele. Mandou que voltasse à sala, pois não havia nada lá para ele. Estava inquieto demais. Foi ao banheiro, o seu esconderijo.

Lá, ele se confinava sempre que se sentia perturbado pelos instintos sexuais. Imaginava as cenas, os afagos, o auge. Tudo estava em suas mãos. Suava frio, ficava febril, a voz emudecia. Era tudo tão intenso que sempre viajava nos pensamentos. Parecia uma espécie de vício já. Só despertava daquele transe quando sua mãe gritava do lado de fora, brava com a sua demora. Desta vez o envolvimento fora maior.

Mesmo no banheiro ouvia a voz de Camila. Isto o fez ter uma imaginação mais viva que as outras. A imagem que conhecera havia pouco se misturava com as imagens que via nas revistas de nus. A diferença é que aquela garota se movia, tinha cheiro, cor viva. Pela primeira vez, desde que começara aquela rotina de confinado, sua voz saiu. Foi apenas um som: forte, grave, definitivo. Um urro.

Todos foram à porta do banheiro para ver o que acontecera. Ele despertou do momento mágico com as batidas das mãos pesadas do pai na porta. Tentou uma desculpa. De nada adiantou. Teve de sair para que vissem com os próprios olhos que estava tudo bem. Com as mãos molhadas ainda, apareceu sem graça. Disse que prendera os dedos na tampa do vaso, que era de madeira, ao tentar baixá-la.

Os dedos vermelhos soaram como justificativa real e todos começaram a se afastar. Camila riu travessa, como se soubesse o que acontecera lá dentro. Adilson não sabia se os outros também tiveram essa impressão. Ele só via a conhecida da irmã. Enquanto todos falavam ao mesmo tempo, os olhares dos dois se fixaram um no outro. Todos já haviam saído dali, menos ela. Perguntou se ele gostava de Tarzan.

Adilson gaguejou para responder que sim. Ela então fez um convite para que fosse assistir ao herói na casa onde estava passando férias. Lá, havia tevê em cor, acrescentou. As tevês coloridas ainda eram novidade na época. Ele perguntou quando e ela disse amanhã. Em seguida, fora chamada pela irmã dele e desapareceu como se fosse um gênio da lâmpada mágica vestindo saia. Nunca um dia demorou um ano.

Finalmente, quando chegou a hora de assistir, deu um jeito de o irmão menor e a irmã não irem. Chegou assustado. Foi recebido com simpatia. Sentou-se ao lado de Camila no sofá da sala. Havia outras pessoas. Mesmo assim, ele só viu e sentiu a presença dela. No intervalo do filme, todos saíram para a cozinha em busca de pipoca, menos ela e ele. A garota quase o enlouqueceu ao massagear de leve o seu sexo.

Ao mesmo tempo, aquilo fora gostoso e intrigante para ele. Adilson não sabia como reagir. Nunca experimentara uma sensação como aquela. Uma garota extremamente excitante para ele estava tocando exatamente onde ele mais pensava naquele momento. Com um diferencial: um toque suave, envolvente, quase apaixonado. Ele olhou ao redor e o medo de todos voltarem a qualquer momento o excitou mais.

Quando todos voltaram de fato, teve de se abaixar para esconder a ereção. Perguntaram o que havia acontecido. Ele mentiu: estava com dor de barriga. Precisava ir ao banheiro. Pediram que Camila o levasse. Eles saíram da sala juntos em completo disfarce. No corredor da casa, que levava ao banheiro, ela o agarrou e o beijou intensamente. O menino ficou transtornado. Não chegou ao banheiro. Saiu correndo.

O banheiro para onde rumou foi o da sua casa. Chegou como um vendaval e aportou lá. As pessoas da casa não se importaram muito, pois lá era o seu esconderijo. Demorou a sair. Quando conseguiu, estava mais leve, mas ainda lívido como veio. Ao se dirigir à sala, empalideceu ainda mais. Camila Melo estava lá como ele deixara. Conversava com a irmã dele. Não comentou a sua saída intempestiva.

Adilson deitou-se no sofá de três lugares com a cabeça para o lado da porta como sempre. Relaxou. Após um tempo conversando com a irmã dele, Camila passou por ele novamente com uma saia quatro dedos acima dos joelhos. Estava sem calcinha outra vez. Isto o remeteu aos momentos anteriores. Ela se sentara ao seu lado, tocara o seu sexo e, ao levá-lo ao banheiro, beijou-o completamente sem calcinha.

Esperou um pouco e foi atrás dela novamente. Camila seguia a pé, sozinha, cantarolando. Ele a alcançou, mas a voz não saia. Ela riu. Era mais bela ainda quando ria. Sem que ele esperasse ou por conta de esperar tantas coisas, ficou paralisado diante dela. Foi quando a garota disse que ele poderia vê-la inteiramente nua e fazer o que quisesse com ela domingo na praça. Pediu que a encontrasse no jardim.

No dia, ele deu algumas voltas pelo jardim sem vê-la. Sentiu-se enganado rapidamente e ficou com raiva. Mas os sentimentos desapareceram quando ouviu dela um “então você veio mesmo?”. Ele gaguejou que sim. Foram sem demora à parte detrás do chafariz, que tinha uma vala onde poderiam ficar sem serem vistos. Não havia muita gente. Ninguém notou para onde estavam indo e que estavam juntos.

No esconderijo, Camila começou a dançar sem música e a se despir ao mesmo tempo. Quando estava completamente nua, pediu que ele ficasse também. Em seguida, deitou-se e mandou que ele viesse sobre ela. Adilson estava excitado o suficiente e foi. Ao iniciar o ato, ela e ele gemeram. Mas ele de dor. “O que foi?”, ela perguntou. Ele olhou o  sexo e viu sangue. Saiu dela e o sangue saia dele. A dor vinha disso.

Desesperou-se e fugiu, vestindo as roupas com pressa. Chegou em casa com a cueca e o shorts todos ensanguentados chamando pela mãe. Sem cerimônia e assustada, a mãe tirou os dois. “O que estava fazendo?”, perguntou. Adilson foi obrigado a contar. Bastou falar e levou tapas nas nádegas em repreensão. Foi levado ao hospital. Nada grave: a pele do prepúcio dele se soltara. Não era mais virgem.

Ele nunca contou com quem estava. Dias depois, longe da mãe, perguntou por Camila. A família onde estava informou que voltara para casa antes das férias acabarem porque o pai pedira. Não lhe deram contatos. Nem a irmã dele os tinha. Aquela garota bela e sensual passou então a fazer parte dos seus sonhos mais quentes e nunca realizados e o levou a inúmeras fugas ao esconderijo do banheiro.

Bibliografia

Poesia
A Nova Poesia Brasileira – 1983 – Editora Shogun Arte
Poesia Sertaneja – 1984 – Editora Lunardelli
Poetas Brasileiros – 1988 – Editora Shogun Arte
Prêmio Moutonnée de Poesia – 2008 – Editora Ottoni
Prêmio Moutonnée de Poesia - 2012 - Editora Schoba
Quase Poesia - Emoções de Um Pé Descalço Que Olhou o Céu e Viu a Lua - 2018 - Editora ASLe

 

Crônica

Um Olhar Sobre Sorocaba – 2010 – Editora Ottoni

1º Concurso Literário Machado de Assis - 2015 - Canal 6 Editora

Ensaio

Salto - Por que me encanta? Histórias imperdíveis sobre a terra de Tavares - 2016 - Editora Mirarte

Discurso de posse

Escrever, para mim, está no sangue

Quero cumprimentar o professor Antônio Oirmes Ferrari, digníssimo presidente desta insigne Academia Saltense de Letras.

Rose Ferrari, minha madrinha e uma antiga amiga, que me deixou muito feliz com o convite para integrar este grupo.

Marcos Pardim, secretário de Cultura.

Valter Lenzi e Virgínia Liberalesso, meus mestres.

O professor André Luiz Palhardi, meu companheiro de ingresso.

Demais amigos, meus familiares e todos os presentes.

 

Em primeiro lugar, quero agradecer imensamente a todos os membros da Academia pela oportunidade de estar aqui.

E daqui para frente poder estar com vocês.

De antemão, quero avisar que não farei como meu patrono, João Cabral de Melo Neto: empossado na Academia Pernambucana de Letras, ele não compareceu a nenhuma reunião.

Comigo podem contar.

 

Antes de falar a respeito do meu patrono, quero dizer da alegria de poder integrar esta Academia.

Escrever, para mim, está no sangue.

Não tem um dia em que eu não escreva.

Quando era criança, em frente a casa dos meus pais havia um campo de terra batida, onde eu e uma porção de meninos jogávamos futebol.

Como havia muitos meninos, nós nos dividíamos em vários times.

Quem ganhava continuava em campo e quem perdia dava lugar a outro time.

Lembro-me que àquela época já, enquanto os outros meninos esperavam a vez batendo bola ou conversando, eu ficava escrevendo ou lendo algum livro.

Quando cursava eletrônica no antigo Colégio “Dr. Barros Júnior”, participei de um concurso de redação.

À época me incentivaram a levar o texto para o então jornal “O Trabalhador”, de saudosa memória, para que a dona Virgínia Liberalesso publicasse.

Sem muita perspectiva, fui até o jornal, conheci a diretora e passei a colaborar. Até que comecei a fazer reportagens. Então, decidi que não iria seguir a carreira na área da eletrônica. Fui estudar jornalismo.

Hoje, já são 30 anos de profissão.

Além do grande aprendizado que tive com dona Virgínia Liberalesso no jornal “O Trabalhador”, tenho a sorte de trabalhar hoje com Valter Lenzi no jornal “Taperá”.

Agradeço muito a vocês pelas oportunidades.

 

Ao longo do tempo do curso de jornalismo ainda, participei de vários concursos de poesias, crônicas e contos com muitos contemporâneos de faculdade, como Maurício Gardenal, hoje gerente de propaganda das Lojas Cem.

Ana Maria Falcini Osta, que é uma das acadêmicas desta Casa, foi minha colega de ônibus e, na época de um concurso em que eu e o Maurício participamos, lembro-me que ela nos disse que se orgulhava de estar ao nosso lado e que um dia ia nos ver escrevendo livros.

Olha aí Ana: você foi mais rápida que nós.

Mas, agora que passo a integrar esta Academia, vou seguir o seu caminho Ana e o de todos aqui: ainda este ano publicarei o meu primeiro livro e será de poesia.

 

Bem, não poderia escolher outro patrono senão um poeta.

Escolhi o poeta e diplomada João Cabral de Melo Neto pelo tipo de poesia que ele fazia.

Talvez a poesia dele cause algum estranhamento a quem espera alguma coisa emotiva. Afinal, o seu trabalho era basicamente cerebral e "sensacionista", já que buscava uma poesia construtivista e comunicativa, uma poesia objetiva.

Esse tipo de poesia me agrada.

Todos conhecem o meu patrono pela magnífica obra “Morte e Vida Severina”, mas ele foi um dos maiores representantes da poesia brasileira por outras obras igualmente importantes.

Destaco entre elas: “Cão sem Plumas”, “A Escola das Facas”, “Auto do Frade”, “Museu de Tudo”, “A Mesa”, “A Educação pela Pedra” e o livro de estreia: “Pedra do Sono”.

A obra poética de João Cabral de Melo Neto vai de uma tendência surrealista do primeiro e segundo livros até a poesia popular, mas caracterizada pelo rigor estético, com poemas avessos a confessionalismos e marcados pelo uso de rimas toantes.

O poeta inaugurou uma nova forma de fazer poesia no Brasil.

João Cabral de Melo Neto escreveu 16 livros, 6 coletâneas e 13 antologias de poesias. Também escreveu 5 livros de prosa, traduziu 31 livros para o alemão, espanhol, italiano, inglês, holandês e francês e fez 9 prefácios de livros.

Estou bem de patrono, não?

 

A importância de João Cabral de Melo Neto para a poesia brasileira pode ser medida também pela obra que a sua obra gerou.

Ao todo, foram escritos 33 livros e 78 ensaios, produzidos 5 filmes, 5 discos e 2 óperas a partir das suas obras.

João Cabral de Melo Neto é o único poeta brasileiro a ter sido agraciado com o “Prêmio Neusdadt (Newsdat)”, tido como Nobel americano.

Em toda a sua carreira poética, foram vários prêmios.

Como o Grande-Oficial da Ordem Militar da Espada de Portugal, o Prêmio Camões, o Prêmio Reina Sofía de Poesía Iberoamericana, o Portugal Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo e o nosso conhecido Prêmio Jabuti, este com o livro “A Educação pela Pedra”.

E, se não tivesse morrido em 1999, poderia ter ganho também o Nobel de Literatura, pois seu nome era muito cogitado à época.

 

João Cabral de Melo Neto nasceu em Recife, em 1920.

Era irmão do historiador Evaldo Cabral de Melo e primo do poeta Manuel Bandeira e do sociólogo Gilberto Freyre.

Também foi amigo do pintor Miró.

Viveu os primeiros anos no engenho da cana-de-açúcar da família.

Depois voltou à capital pernambucana ainda jovem e mudou-se para o Rio de Janeiro quando completou 20 anos.

Em 1942, publicou seu primeiro livro, como já disse no início: “Pedra do Sono”.

Em 1950, lançou “O Cão sem Plumas”, considerado ainda hoje um marco da sua poesia.

Diplomata, residiu em vários países, principalmente na Espanha, nas cidades de Sevilha e Barcelona, que se tornariam temas freqüentes da sua poesia posteriormente.

Nessa carreira de diplomata, em 1952, quando o Partido Comunista do Brasil estava na ilegalidade, João Cabral de Melo Neto foi acusado de criar uma "célula comunista" no Ministério de Relações Exteriores.

À época, mais quatro diplomatas (Antônio Houaiss, Amaury Banhos Porto de Oliveira, Jatyr de Almeida Rodrigues e Paulo Cotrim Rodrigues Pereira) também foram acusados do mesmo senão.

Todos foram afastados do Itamaraty pelo presidente Getúlio Vargas.

Mas conseguiram voltar em 1954, após recorrerem ao Supremo Tribunal Federal.

 

De curioso de João Cabral de Melo Neto, saibam que ele escreveu um poema sobre a Aspirina.

Ele tomava esse remédio regularmente. Com uma dor crônica de cabeça desde a juventude, o poeta tomava de três a dez aspirinas por dia.

Nesse curioso poema, ele chama a aspirina de "Sol" e de "Luz".

Em uma entrevista à "TV Cultura", certa vez, ele contou que boa parte da sua inspiração (inspiração sempre cerebral) provinha da aspirina e que a aspirina o salvava da nulidade.

Brincadeiras à parte, quero encerrar lendo um trecho de “Morte e Vida Severina”, o poema mais famoso do meu patrono, que enseja um pouco do que vi da vida.

 

"...E não há melhor resposta

que o espetáculo da vida:

vê-la desfiar seu fio,

que também se chama vida,

ver a fábrica que ela mesma,

teimosamente, se fabrica,

vê-la brotar como há pouco

em nova vida explodida;

mesmo quando é assim pequena

a explosão, como a ocorrida;

mesmo quando é uma explosão

como a de há pouco, franzina;

mesmo quando é a explosão

de uma vida severina."

 

Muito obrigado.

 

Eloy de Oliveira