PARA O OCIDENTAL, EM ESPECIAL a maioria dos brasileiros, o sagrado é algo externo, encontrado nas igrejas vazias ou durante as missas semanais, nas pregações em dias marcados, nas visitas aos cemitérios, nas campanhas para doações de brinquedos e alimentos aos necessitados. Não está presente em casa e não é visto todo o tempo dentro de cada um.

É no mês de dezembro – o mais especial do calendário cristão – que um grande número de pessoas percebe em si o que define como “espírito natalino”- que brota em forma de sentimentos de amor, fraternidade e paz, e possibilita ver no “outro”, o próximo.

Apenas no Natal, luzes coloridas são acesas nas árvores, velas iluminam a mesa onde a refeição é compartilhada, e o brilho se manifesta nas fitas e enfeites dourados e vermelhos. Poucos dias depois tudo se apaga – fora e dentro de cada um e “volta ao seu lugar”.

Em geral não temos o hábito de manter em casa um canto de orações, um pequeno altar com os símbolos da nossa fé, uma pequena chama acesa que lembre que o sagrado habita toda a criação, para que o celebremos interiormente, em silêncio e reverência todos os dias.

Diariamente, na maioria dos lares indianos, uma lamparina é acesa ao amanhecer diante do altar do Senhor. A luz simboliza o conhecimento. A escuridão, a ignorância. O Senhor é o Princípio do Conhecimento e a luz é adorada como o próprio Senhor.

O conhecimento remove a ignorância, assim como a luz remove a escuridão. Ambos são uma riqueza interna permanente, através da qual todos os objetivos podem ser alcançados.

A lamparina a óleo possui um profundo significado espiritual. O óleo simboliza nossas tendências negativas e o pavio, o nosso ego. Quando aceso pelo conhecimento espiritual, as tendências negativas são lentamente exauridas, bem como o ego – aquele aspecto humano que nos dá a ilusão de sermos mais importantes ou melhores do que qualquer um, poderosos e de determos o controle sobre tudo.

Que as luzes acesas na festa cristã tornem visível a incomensurável grandeza da criação e do lugar que ocupamos nela – apenas o de um único e idêntico elo da mesma cadeia.

Que a luz interna de cada um jorre em amor a todas as formas de vida, para que o banquete da grande festa do nascimento do Cristo, celebre a vida e não a morte dos nossos irmãos depositados sobre as mesas.

Feliz Natal!

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