Escritor e historiador, titular da Cadeira 25 da Academia Saltense de Letras, ele prepara nova obra com o tema, que deverá ser lançada ainda este ano
O escritor e historiador Rafael Barbi, Cadeira 25 da Academia Saltense de Letras, patrono Mário de Andrade, vai escrever sobre a história regional dentro da sua preparação para o doutorado. Mestre em história pela Universidade Federal de São Paulo, ele diz que há muitas histórias e vozes para apresentar às pessoas a partir de uma visão mais acurada de Salto e das cidades da região.
Em seu primeiro livro, baseado na dissertação de mestrado, intitulado “Festejos, Liberdade e Fé”, publicado pela editora Viseu, o escritor, que aniversariou na sexta-feira (24), já enveredou pela busca de informações ligadas à história e às vozes da sociedade, um trabalho que o gratifica por ter uma paixão desde criança pela descoberta e pelo conhecimento como forma de crescimento.
Rafael Barbi afirma que o que o realiza hoje é conseguir dar um sentido social para a sua profissão de historiador, tanto através do ensino, como também ao dar voz por meio das pesquisas ou exposições que faz. Ele pretende continuar esse trabalho com intensidade e só lamenta não ter podido ficar mais tempo trabalhando na área no Museu Municipal de Salto.
“Acho que a minha vida hoje é muito parecida com a de qualquer adulto da geração dos anos 90 (ele nasceu em 1991): vivemos uma certa dose de incertezas, mas depois verificamos que no fim mostra algo que vale muito a pena”, diz o escritor ao analisar os desafios que vão se colocando dia após dia e como pretende seguir no caminho da sua profissão e da literatura em geral.
Ele tem como norte que vai auxiliar no desenvolvimento das produções sobre história local e dar mais espaço para as instituições de memórias do interior do Estado. “Isto é o que eu pretendo fazer ainda no mundo literário e a Academia Saltense de Letras me permite me aventurar por essa vertente por podermos discutir internamente esses temas com mais profundidade”.
Nascido em Salto, Rafael Barbi foi uma criança prematura, menor, mas cresceu e se desenvolveu bem a partir do Jardim Três Marias, onde mora com a família até hoje. Estudou nas escolas tradicionais de Salto, como Cláudio Ribeiro da Silva e Tancredo do Amaral. Depois fez Etec Fernando Prestes, em Sorocaba, e a Universidade de Sorocaba, passando ainda pela Federal de São Paulo.
Titular da Cadeira nº 8 da Academia Saltense de Letras, ela contou aos acadêmicos, no Momento Literário, sábado (4), a história do pai
“Meu pai foi o deficiente mais eficiente que conheci. Ele não andava. Ele voava. E me puxava com ele para voar também”, assim a escritora Toni Tordivelli, Cadeira nº 8 da Academia Saltense de Letras, patrono Gonçalves Dias, definiu o pai, Vicente Leite de Senna, que foi o tema da sua palestra no “Momento Literário” da primeira reunião ordinária do ano dos acadêmicos, sábado (4), na Biblioteca de Salto.
Toni Tordivelli se emocionou ao lembrar do esforço do pai para que ela conseguisse tudo na vida. Vítima da poliomielite, ele tinha dificuldade motora no braço e na perna, mas não se abalava com isso. Dizia que fora um vento que teria entrado por uma fresta de janela e o deixara com gripe. Depois a gripe não sarara direito e teria causado a dificuldade. “Tudo na vida depende da vontade de ser feliz. Ele me ensinou isso”, diz ela.
A conversa com a escritora era para falar dos seus livros “Bom Dia, Faces”, série de crônicas do cotidiano que já está no terceiro volume, mas ela escolheu falar de superação para contar a história do pai e homenageá-lo, pois, sempre enalteceu nas suas crônicas a mãe, Dona Mariquinha, contando as aventuras dela, uma mulher que não seria uma peça, mas o teatro todo, como brinca parafraseando Paulo Gustavo.
Única e adorada
Vicente Leite de Senna casou-se com Dona Mariquinha depois do primeiro casamento dela e teve apenas a escritora como filha. Embora tenha se tornado pai dos filhos do primeiro casamento da mulher, o pai de Toni Tordivelli a venerava e a enaltecia como se ela fosse a única, uma verdadeira heroína dos romances de então, como ela definiu na sua fala, o que significou receber mimos e todos os esforços dele.
O pai da escritora vendia bilhetes de loteria, mas nem sempre vendia todos os bilhetes. Só que nunca ficou com um premiado. “Ele dizia que vendia a sorte aos outros. Depois dizia que eu era o bilhete premiado dele. Quando ia visitá-lo depois de casada, ele dizia: Sabia que você viria. Como sabia, eu perguntava e ele explicava que tinha visto uma atriz na tevê. Aí eu perguntava: Pai, que atriz é essa? Ele dizia: Elizabeth Taylor”.
A escritora lembra que ria muito dessa comparação. “Meu pai me adorava”. Mas ela reforça que nunca quis receber as coisas de mão beijada. “Não quero ser espectadora na vida. Quero participar. Meu pai entendeu isso e me puxava com ele para crescer. Eu dizia para ele que queria viajar, conhecer o mundo. Ele dizia que não tinha dinheiro para isso, mas que um dia eu iria realizar o meu sonho. Ele me ensinou que, além de foco, tudo tem superação e recomeço”.
Saída pela educação
Para ela, essas lições estavam nele. “Minha origem é pobre. Vivia com meus pais em Bauru, onde nasci. Um dia o prefeito, seu Nicolinha, ofereceu uma bolsa de estudos no Colégio São José e meu pai ficou na fila de madrugada para me inscrever. Graças ao esforço dele, eu fui uma das três que ganharam a bolsa. Estudei letras e inglês lá e me tornei a professora de uma geração inteira, porque em Tanabi, onde fui morar depois de casada, tinha só três escolas”.
A escritora se recorda que seu pai sempre dizia que só se muda uma vida pela educação e afirma que foi por meio dela que sua vida mudou. Da menina pobre que não tinha muita esperança, ela já viajou o mundo, conheceu países em todos os continentes e afirma ter realizado tudo o que sonhou. “Estudei, falo inglês, morei fora, me casei com um antigo namorado de 62 anos atrás. Tenho filhos, netos, bisnetos. Sou feliz”.
Se a mãe, Dona Mariquinha, inspirou crônicas que se tornaram a série de três livros intitulada “Bom Dia, Faces”, com o relato sobre a história do pai, ela demonstrou que é possível produzir mais livros contando o outro lado. Toda a trajetória de vida de Vicente Leite de Senna, vivida entre Bauru e Tanabi, esta última onde ele e a mulher Maria Sampaio, a Dona Mariquinha, morreram, dá outros três volumes.
Acadêmicos Romeu Bicalho, Jorge Duarte Rodrigues e Décio Zanirato Júnior observam a fala de Toni Tordivelli
Nova série
Foram essas as impressões deixadas por Toni Tordivelli aos acadêmicos. A presidente da Academia, Anita Liberalesso Nery, Cadeira nº 11, patrono Odmar do Amaral Gurgel, destacou a importância do relato dela para os acadêmicos. “Sua história nos inspira”. O presidente emérito da Academia, Antônio Oirmes Ferrari, Cadeira nº 7, patrono Machado de Assis, ficou admirado ao ver que Toni não se intimidou ao falar da pobreza.
Rose Ferrari, Cadeira nº 38, patrono Mário Quintana, falou do envolvimento da escritora com a rede social aos 78 anos. “Toni consegue transformar um público de rede social em seu seguidor para falar de literatura. Isso é muito importante”. O acadêmico Francisco Moschini, Cadeira nº 23, patrono Euclides da Cunha, destacou a clareza de ideias da escritora e o seu foco para crescer e se desenvolver.
Escritor titular da Cadeira nº 6 da Academia de Letras, falecido em dezembro, deixou três livros praticamente prontos para o lançamento
Titular da Cadeira nº 6 da Academia Saltense de Letras, se estivesse vivo, Valter Lenzi faria 82 anos na quarta-feira, 25 de janeiro. Mas a sua partida prematura, em 14 de dezembro de 2022, não impediu que a sua produção literária continuasse viva. Um pouco mais de um mês da sua morte, três livros do escritor chegam à fase final de elaboração para serem lançados.
O também acadêmico Jorge Duarte Rodrigues, Cadeira nº 29, patrono Pablo Neruda, amigo de mais 40 anos de Valter Lenzi, assumiu a tarefa de fazer a curadoria dos livros, já que conhece bem o trabalho do escritor, o acompanhou em parte das pesquisas para a elaboração e já estava encarregado pelo próprio autor de fazer a revisão final para as publicações.
“Parece simples pegar três obras praticamente prontas e lançá-las à edição, mas confesso que fiquei preocupado quando assumi esse trabalho. Afinal, o conteúdo pesquisado pelo Valter é profundo e tem todo o seu jeito pessoal de apurar os fatos. Valter era minucioso, detalhista e rigoroso com tudo: datas, números e nomes e eu tenho de ser fiel a isso”, disse ele.
Mesmo assim, Jorge Duarte diz que ficou entusiasmado com a tarefa. “É uma forma de homenagear o nosso querido amigo. O tempo passa, mas ainda não consigo acreditar completamente que ele se foi. Fazer esse trabalho me traz muito do Valter. Espero que ele fique muito contente, onde estiver, com o resultado que vamos produzir”.
Primeira obra
O primeiro dos três livros recebeu o título de “Vias Públicas Saltenses e Logradouros Públicos Municipais”. Fruto de um trabalho de pesquisa de vários anos, o livro traz um histórico completo das vias. Tem nome com foto ou imagem correspondente à identificação de cada rua, praça, piazza, alameda e travessa de Salto, com denominações até os dias atuais.
Além disso, o livro trará denominações de postos de saúde, Cemus (escolas infantis), museu, campos de futebol, centros e áreas de lazer, creches, unidades diferentes de Cemus de educação infantil, que foram conseguidos, assim como as das vias, junto à Comissão de Nomenclatura de Ruas da cidade, entidade da qual Valter Lenzi foi um dos principais membros.
Assim como no caso do segundo livro em fase final de produção, “O Cinema de Salto”, a Prefeitura local se comprometeu a custear a edição e o lançamento. Jorge Duarte manteve contato recentemente com o vice-prefeito Edemilson Pereira dos Santos (Podemos), que reforçou a decisão do custeio, já que são obras de interesse histórico e que apresentam a história de Salto às futuras gerações.
Outras obras
O livro “O Cinema de Salto” conta também com o acompanhamento do secretário de Cultura da Prefeitura, Oséas Singh Júnior, profundo conhecedor do tema, tendo inclusive escrito obras de sucesso na área, como “Adeus Cinema”, sobre a vida e obra do ator saltense Anselmo Duarte, único brasileiro a conquistar a Palma de Ouro, um dos mais importantes prêmios do setor.
Sobre essa obra, chegou às mãos de Valter Lenzi um material valiosíssimo guardado por Antonio Marcos Almeida, filho de João de Almeida, proprietário de um dos cinemas mais famosos que Salto já teve, o Cine Rui Barbosa, que mais tarde se chamaria Cine São José.
O acervo cinematográfico em questão tratava de uma pesquisa sobre o surgimento do cinema na cidade, detalhes de exibições, reprodução de cartazes das películas, recortes de toda divulgação feita em jornais que circularam em Salto desde o início do século passado, acontecimentos curiosos nas salas de espetáculos, etc.
Valter Lenzi, então, de posse desses documentos aliados a relatos feitos por Antonio Marcos, organizou cronologicamente todo o material e é autor do texto final sobre a obra.
A terceira obra em fase final de produção é o volume três da série de biografias elaboradas pelo escritor e cujos volumes 1 e 2 foram lançados em vida ainda. Intitulado “Quem Foi Quem – Saltenses Que Merecem Ser Lembrados” traz várias histórias da vida de saltenses ou pessoas que escolheram Salto para viver e que marcaram a sua trajetória na cidade.
65 anos de jornal – O saltense Valter Lenzi se dedicou por 65 anos ao jornalismo, sua atividade mais constante desde o início, embora tenha atuado em paralelo como escritor e historiador, além de cronista. Esta última faceta da sua produção deve gerar um quarto livro póstumo ainda, que se juntará aos 17 que ele produziu em vida, reunindo as últimas e mais importantes crônicas da cidade.
“No que depender de mim, da família Lenzi e da própria Academia Saltense de Letras, a memória de Valter Lenzi será sempre mantida, pois ele deixou um legado importante a todos nós, jornalistas, escritores, cronistas e amigos, que não pode se perder por falta de divulgação ou de preservação das suas obras”, disse Jorge Duarte, que já faz esse trabalho no jornal.
Valter Lenzi foi também um dos fundadores do Jornal Taperá, o mais antigo em atividade em Salto, com 58 anos de vida, mas começou como apresentador de dois programas esportivos da antiga rádio Cacique, de Salto. Depois trabalhou no jornal “O Liberal”, que foi descontinuado para o lançamento de Taperá, primeiro como revista e focado no colunismo social e depois como jornal.
‘Um Dedinho de Prosa’ vai trazer os melhores textos publicados por ele na imprensa nos últimos cinco anos
O escritor e professor de história e sociologia, com pós-graduação em sociedade e cultura e em ensino de geografia, Marco Rafael Leite Ribeiro, titular da cadeira nº 1 da Academia Saltense de Letras, patrono Ettore Liberalesso, prepara o livro de crônicas “Um Dedinho de Prosa” (título provisório) para lançar ainda neste ano.
Esta será a primeira publicação solo que ele fará nesse formato, embora já produza trabalhos para livros com outros autores e para revistas e jornais há mais de cinco anos. O escritor também usa as plataformas digitais da Academia Saltense de Letras e do Museu da Música de Itu para divulgar os seus textos, principalmente crônicas.
Aos 30 anos, completados na quinta-feira (12), Marco afirma que desde criança tem uma grande paixão pela escrita, antes utilizada para relatar curiosidades das mais diversas áreas que ele viveu ou soube e agora para a produção de artigos, e ele reforça que sempre gostou de transformar situações do cotidiano em crônicas.
Marco Rafael Leite Ribeiro também tem mais dois projetos na área da literatura: o primeiro é lançar outro livro, este abordando estudos científicos, e o segundo é ampliar o projeto de divulgação de seus textos para a via digital, com o fim de aproveitar um tipo de leitor que está cada vez mais presente, sobretudo entre os jovens.
O escritor se define como um cronista que se aventura a escrever ensaios na área da história para publicações e que não tem medo e, por vezes, se arrisca a expor suas ideias ao público, seja em jornal impresso ou pelas redes sociais, mas sempre no intuito de levar informação e consciência crítica para os leitores.
A preocupação com a comunidade já estava nos seus planos desde criança, em Itu, onde nasceu e viveu até os 13 anos. Tanto que o sonho dele era se tornar padre, mas a vida o levou para outros caminhos. Acabou se casando e hoje é pai de gêmeos. “Deus tinha outro propósito para a minha vida e sou feliz com isso”.
Depois de Itu, Marco Rafael Leite Ribeiro se mudou para o Jardim Saltense, em Salto, onde cresceu e se desenvolveu. Após a eleição, se transferiu para Cabreúva, onde atua como secretário de Cultura e Turismo da Prefeitura, e ainda é professor de história e geografia e faz a coluna semanal “Um dedinho de prosa” no jornal Primeira Feira.
Entre os registros que fez de suas vivências, o escritor relata as condições do dia em que nasceu. “Vim ao mundo às 2h10 da madrugada de 12 de janeiro de 1993. Era um dia em que chovia muito. Minha mãe, uma menina de apenas 15 anos, teve as dores do parto por dois dias. Mas nasci um bebê fofinho e cheio de dobrinhas”.
Curiosamente, a avó Irene, hoje falecida, ligava para ele em todos os aniversários sempre no horário em que ele nasceu. Ela sempre esteve presente na sua vida. A outra avó Dilva também. O nome que ganhou foi escolha do pai, Marco Ribeiro, só que ele Marco Antônio Ribeiro. “Eu era um bebê que só chorava se fosse incomodado”.
Titular, há pouco mais de três anos, da cadeira 5 da Academia Saltense de Letras, ela se diz ‘ligada nos 220’ pela intensidade das atividades
A escritora Mônica Leite de Araújo Dalla Vecchia, cadeira 5 da Academia Saltense de Letras, patronesse Clarice Lispector, e aniversariante da quinta-feira (5), se define como uma pessoa “ligada nos 220 volts”, dada a forma como se entrega às inúmeras atividades que desenvolve além da literatura.
“Nunca consegui ser metade. Procuro me afastar de tudo o que é morno. Gosto de me envolver em várias atividades diferentes ao mesmo tempo, às quais me entrego totalmente. Entrei na escola já aos 2 anos. Se eu pudesse fazer tudo de novo, escolheria o universo das letras e o magistério. Amo as palavras”, disse.
Essa paixão pela língua portuguesa a fez se graduar em letras (português/latim) pela USP, a se tornar mestre em Ciências da Linguagem pela Sorbonne e doutora em Linguística Geral e Aplicada pela Sorbonne-Nouvelle e a integrar o Laboratório de Estudos Sobre a Aquisição e Patologia da Linguagem, em Villejuif, na França.
Pesquisas e estudos
Mônica Leite de Araújo Dalla Vecchia morou dez anos em Paris, onde desenvolveu pesquisas sobre a língua portuguesa e estudos sobre as interações discursivas e do desenvolvimento da aprendizagem da escrita, realizados no laboratório da Universidade René Descartes e no Centro Nacional de Pesquisa Científica.
A sua sólida formação acadêmica vem de uma base consolidada em colégios de freiras, no Rio de Janeiro, onde nasceu e viveu até os sete anos, por meio da Escola Madre Nazarena Majone, das Filhas do Divino Zelo, e depois em São Paulo, para onde se mudou com a família, no Colégio Cristo Rei, das Irmãs Agostinianas Missionárias.
Caçula da família e com diferença de dez anos do irmão mais próximo, ela entrou para a escola aos dois anos para interagir com outras crianças e depois disso não parou mais de estudar. Além da formação, após voltar da França, se integrou ao Projeto de Internacionalização da Língua Portuguesa, realizado pela Unesp.
Leitura dinâmica
Desde cedo desenvolveu uma relação muito forte com os livros. Mesmo antes de saber ler e escrever, incentivada pelo pai, que sempre a presenteava com a Coleção Disquinho, pequenos discos de vinil onde se narravam os clássicos infantis, Mônica se apaixonou pelos livrinhos que os acompanhavam.
“Aquilo me encantava e me fazia sonhar. Eu mergulhava no mundo imaginário de uma forma tão intensa, que lembro que me escondia debaixo da mesa, morrendo de medo, para ouvir a história de ‘Pedro e o Lobo’. Na faculdade, li praticamente todos os clássicos das literaturas brasileira e portuguesa”, conta.
A escritora revela que não só lia de tudo, mas lia rapidamente. “Fiz um curso de leitura dinâmica na USP e lia 50 páginas em 25 minutos. Quando morei em Paris, aprofundei-me na literatura francesa, clássicos e contemporâneos. Enfim, a literatura sempre foi uma grande companheira ao longo de toda a minha vida”.
Identidade feminina
A produção literária da escritora se concentra mais na área técnica da linguagem. Ela escreveu, por exemplo, “Aquisição da Linguagem: Uma Abordagem Psicolinguística”, pela Editora Contexto, e também foi coautora de “Educação em Debate”, pela Biscalchin Editor, além de participar de revistas científicas no Brasil e na França.
A incursão pela escrita mais literária aconteceu a partir da posse na Academia Saltense de Letras em novembro de 2019, o que lhe permitiu participar de duas coletâneas com outros acadêmicos: “É de Sonho e de Pó”, enfocando a pandemia, em 2021, e “Natureza: eu, tu e ela, de 2022, sobre o meio ambiente.
Agora a escritora desenvolve a sua primeira fábula. Ela não tem ainda muitos detalhes para contar, mas se diz entusiasmada. Os projetos não param. Até o final deste ano, Mônica Leite de Araújo Dalla Vecchia pretende lançar também um romance e para o futuro um trabalho que aborde a identidade existencial feminina.
Eletricidade à prova
A escritora afirma que está sempre em processo de aprendizado e avalia que um dos lugares onde mais aprende é com os jovens em sala de aula, para quem leciona. Atualmente, ela dá aula de gramática para alunos no ensino médio e no Cursinho Anglo e comanda o canal “Gramática Sem Trauma”, no Youtube.
“Para ser um bom educador, é preciso manter a humildade e jamais imaginar que sabe tudo ou que seu conhecimento é suficiente”, atesta. A escritora afirma que aprendeu com o pai, vicentino há 65 anos, a importância da caridade e a pratica no Rotary Club de Salto, onde diz transformar sonhos em ações.
“Também amo o esporte. Fui da Federação Paulista de Handball e já joguei muito vôlei e tênis. Na Europa, jogava golfe e fazia aulas de esgrima. E, neste ano, venci um grande desafio aos 51 anos: subi, até com certa facilidade, o Mont Blanc, a mais alta montanha dos Alpes e da União Europeia, com 4,8 mil metros de altitude”.
Titular da cadeira 36 da Academia Saltense de Letras, ele pretende lançar o trabalho no segundo bimestre deste ano
O escritor, ator, professor e amante das artes dramáticas, musicais e literárias Dimas Siqueira Silva, titular da cadeira 36 da Academia Saltense de Letras, patrono Vinícius de Moraes, que aniversariou no primeiro dia do ano, prepara mais um livro: “Peeira”, a história de uma fada que tem o poder de dominar os lobisomens.
Este será o terceiro livro do acadêmico. A previsão dele é que o lançamento ocorra no segundo bimestre deste ano. A elaboração já está em fase final de produção. Mas o escritor não quis adiantar mais detalhes. Preferiu manter o mistério, já que explora um universo que permite muita imaginação e perspectivas.
O primeiro livro de Dimas Siqueira Silva foi “O Berçário das Almas, o Gótico”, que foi escrito em parceria com Luciana Martins Pereira, obra na qual eles buscaram demonstrar a arte gótica em geral, desde a arquitetura, pintura e escultura, iniciadas no século XIX, até a literatura, música e comportamento dos séculos XIX e XX.
Ele conta que o livro surgiu em 2011 da afinidade de gostos, tendências, pensamentos filosóficos e experiências sonhadas e vividas pelos autores em suas vidas pessoais, além de uma influência de cartas que trocaram entre si desde o início da amizade que mantêm do período da adolescência dark dos anos 90.
Depois dessa publicação, Dimas Siqueira Silva lançou “O Berçário das Almas, o Sigilo de Lúcifer”, também em parceria com Luciana Martins Pereira. Este segundo livro de 2021 continua o primeiro. Naquele inicial, o jovem Cícero era melancólico e sonhador. Ele vivia atormentado por fantasias e realidade. Mas agora evolui.
De acordo com o autor, o jovem experimenta um intercâmbio na Universidade de Coimbra, em Portugal, onde tem a chance de conhecer Ordens Secretas e um culto místico que mostra o oculto. As sendas dos mistérios vão se revelando, mas ele mantém a poética gótica que apresenta desde o início da sua trajetória.
Apesar de se considerar ainda um aprendiz das artes literárias, Dimas Siqueira Silva está envolvido com o meio desde pequeno. Nascido na madrugada de primeiro de janeiro 1973, em São Paulo capital, ele sempre foi um amante da literatura. Fez letras português/inglês e tem como sonho realizar uma feira de troca de livros com a participação dos escritores para difundir a leitura.
Escritor que aniversaria nesta quinta-feira (22), ele conta que também se satisfaz muito ajudando outros escritores a publicarem seus livros
O escritor, professor, jornalista e empresário franco-brasileiro Jean Frédéric Pluvinage, cadeira 26 da Academia Saltense de Letras, patrono Sócrates, que aniversaria nesta quinta-feira (22), afirma que escrever contos e ajudar outros escritores a publicarem seus livros são atividades que o realizam na literatura hoje.
Pós-doutorando em Artes Visuais pela Unicamp e às voltas com a elaboração da sua tese, que tomam boa parte do seu tempo, ele vê no trabalho na editora, que fundou em janeiro de 2013 em Salto, a FoxTablet, especializada em publicações digitais para tablets, a forma de estar mais próximo da produção literária.
“Tenho uma relação diária no preparo de contos, romances e histórias para os formatos das publicações impressas e digitais por meio da atividade na editora e junto isto à produção que tenho dos meus contos e essa é uma rotina da qual gosto bastante por me manter dentro da arte e ainda dentro do aprendizado”, disse.
Autor de dois livros técnicos em parceria com Ricardo Minoru: “Revistas Digitais para iPad e outros tablets” e “Coleção Adobe InDesign CC – PDFs interativos”, Jean Frédéric Pluvinage já integrou o júri do Prêmio Jabuti, o mais importante do meio literário brasileiro, em 2015, 2016 e 2017 na categoria “Livros Infantis Digitais.
Sua ligação com a arte também está na forma como encara a literatura, um meio de imersão no imaginário popular, que ele, com suas habilitações profissionais e artísticas, adapta para o produto de consumo do meio e dentro disso está nos planos produzir um livro de ficção científica, tema que o encanta desde sempre.
Levar a luz de novas obras a quem gosta de ler é uma missão que vem com Jean Frédéric Pluvinage desde o nascimento. Ele nasceu em um Solstício de verão, que nada mais é do que o período em que um dos hemisférios da Terra fica mais iluminado, porque fica mais voltado para o sol e por mais tempo que o normal.
Esse paulista de nascimento que adotou Salto e Itu como seus locais para viver e trabalhar, está sempre disposto a ensinar o que sabe, não só por ser professor de design gráfico, mas por achar que transmitir cultura e conhecimento são mecanismos que ajudam o ser humano a crescer internamente como pessoa.
Jean Pluvinage entrou para a Academia Saltense de Letras após a morte do professor Nicodemos Rocha, em 24 de dezembro de 2015, titular da cadeira 26. Ele também se tornou membro da Academia Ituana de Letras, em abril de 2017, e da Academia Nacional de Letras do Portal do Poeta Brasileiro um ano depois.
Valter Lenzi, fundador do jornal Taperá e um dos jornalistas mais importantes da região, morre aos 81 anos
Na madrugada desta quinta-feira (15), a Academia Saltense de Letras perdeu um dos seus fundadores: o escritor e jornalista Valter Lenzi, de 81 anos. Ele estava internado desde o dia 3 deste mês. No dia 1º teve um desconforto e febre, foi medicado e liberado, mas voltou no sábado (3) e foi logo para a UTI do hospital da Unimed.
Em razão da sua importância para o cenário jornalístico de Salto e da região, o prefeito Laerte Sonsin Júnior (PL) decretou luto oficial de 3 dias. Várias autoridades e pessoas ligadas aos meios literários prestaram homenagens ao escritor e jornalista no seu velório durante toda a quinta-feira. O sepultamento ocorreu às 16h da quinta.
Com 65 anos de jornalismo, Valter começou como apresentador de dois programas esportivos da antiga rádio Cacique. Depois trabalhou na equipe do jornal “O Liberal”, já extinto, que existiu nas décadas de 50 e 60 e foi muito combativo politicamente em Salto. Ajudou a fundar “O Taperá em 1964 ainda como revista com os amigos Edmur Ignácio Sala e Januário Manoel Carola.
Dez anos depois, a revista se transformou no jornal Taperá, que existe até hoje e é o veículo impresso mais antigo da cidade. À frente de Taperá, Valter Lenzi construiu uma história calcada na credibilidade, na independência e na prestação de serviços. Taperá se tornou referência como jornal em toda a região.
Apaixonado pela profissão e por sua cidade natal, o jornalista Valter Lenzi se tornou escritor desde o início da carreira na imprensa. Como tal registrou histórias do esporte, de pessoas e situações ao longo de 17 livros publicados e mais três em preparação. Ultimamente, ele se dedicava a uma série de biografias de figuras ilustres da cidade. Havia lançado dois livros dessa série e trabalhava no terceiro. Também participou da coletânea da Academia Saltense de Letras com outros acadêmicos, lançada no dia 5 de novembro: “Natureza, eu, tu e ela”.
Ainda no mundo literário, Valter Lenzi foi um dos 16 membros fundadores da Academia Saltense de Letras em 2008. Vinha atuando pela agremiação com afinco em cada tarefa a que se dedicava. Titular da Cadeira 6, patrono Mário Dotta, seu último trabalho foi trazer para os quadros da agremiação o escritor e empresário João Marcos Andrietta, que se tornou membro emérito por sua dedicação à literatura mesmo estando preso a uma cama há 12 anos por causa da doença Esclerose Lateral Amiotrófica.
Valter Lenzi também fez parte da Comissão de Nomenclatura de Ruas do Município e atuou como funcionário público no setor contábil da Câmara de Vereadores de Salto, onde se aposentou. Foi ainda correspondente de grandes periódicos, como os jornais Cruzeiro do Sul, de Sorocaba, e o Estado de São Paulo, o Estadão.
O escritor e jornalista deixa a esposa Zuleima Maria Lenzi, com quem era casado havia 55 anos, os filhos Valter Lenzi Júnior e Cynara Lenzi Veronezi, quatro netas e dois netos.
Anna Osta foi a responsável pela parceria entre a administração e a academia para a realização do prêmio
O secretário de Cultura da Prefeitura de Salto, Oséias Singh Júnior, usou a cerimônia de anúncio dos vencedores do Prêmio Moutonnée de Poesia deste ano, na noite de sábado (26), para homenagear a escritora Anna Osta, ex-presidente da Academia Saltense de Letras, por suas contribuições à cultura e ao prêmio.
Autora de 19 livros, contemplando infantojuvenis e coletâneas de contos e antologias de poesias, com destaque para o último Minha Garota, de 2019, escrito em parceria com Adriane Yamin, sobre o relacionamento da empresária com o piloto tricampeão de F1 Ayrton Senna, Anna Osta vai além de escrever: ela incentiva a leitura.
Nos últimos dez anos, a escritora tem ajudado a promover e a difundir novos autores, fazendo com que cheguem ao mercado editorial e que possam verter suas obras para o papel. Também atua intensamente no incentivo e na promoção da leitura por meio do Clube do Livro de Salto, entidade que ajudou a criar em 2020.
Anna Osta, cadeira 2, patronesse Rachel de Queiroz, também ajudou a fundar a própria Academia Saltense de Letras (ASLe), em 2008, e já presidiu a entidade por dois mandatos. Em um deles reivindicou para a Academia a participação no Moutonnée de Poesia e é graças a isso que os acadêmicos são parceiros do prêmio hoje.
Orgulho da ASLe
A presidente da ASLe, Anita Liberalesso Nery, cadeira 11, patrono Odmar do Amaral Gurgel, disse que trabalhos como o de Anna honram a Academia e dão orgulho aos acadêmicos. Em nome dos demais membros da entidade, ela agradeceu a homenagem à Anna e reafirmou o compromisso de continuar a participar do prêmio.
Anna Osta foi surpreendida com a homenagem, pois ela não constava da programação do evento. O secretário afirmou que queria fazer uma surpresa mesmo. Ela agradeceu e disse que o que faz pela literatura é fruto do que aprendeu em casa com seus pais, que sempre incentivaram a leitura e o conhecimento.
Representando o corpo de jurados, que recebeu os trabalhos inscritos para o Prêmio Moutonnée de Poesia deste ano depois da análise preliminar de integrantes da Academia Saltense de Letras, o jurado Fabiano Ormanezzi destacou a importância da parceria com os acadêmicos e disse que o prêmio ganha em importância com isto.
Premiação e destaques
Ao todo um total de 1.432 trabalhos foram inscritos para esta que foi a 30ª edição do Prêmio Moutonnée e que destacou o tema “Pós-Moderno; Pós-Tudo”. Eles vieram de todos os Estados brasileiros, além de Espanha, Estados Unidos, Itália, Moçambique, Turquia e, principalmente, Portugal que concorreu com 16 poetas.
Após a análise preliminar da ASLe, os cinco jurados, mestres e doutores em Teoria Literária, Linguística, Semiótica, Crítica e Estética, avaliaram a originalidade, criatividade e recursos estilísticos e apontaram cinco melhores no adulto e no juvenil, que receberam prêmios em dinheiro e em livros.
Os cinco primeiros colocados da categoria adulto receberam o prêmio em dinheiro, um total de R$ 10 mil. Os cinco primeiros da categoria juvenil receberam livros. O primeiro colocado de cada categoria recebeu também o troféu estilizado concebido pelo artista plástico Marcelo Pranstetter, simbolizando um carneiro curvado.
O termo moutonnée se origina da palavra acarneirado, com aspecto irregular, referindo-se à lã encaracolada. “A sinergia do troféu é perfeita entre o nome do animal e a base de minério que remete à rocha, cujos exemplares só existem em Salto e na Austrália”, disse o secretário de Cultura, Oséias Singh Jr.
O secretário relembrou também o fato de ter sido o criador do prêmio em 1990, quando era diretor de Cultura da Prefeitura. “O prêmio foi criado para celebrar o tombamento do Parque da Rocha Moutonnée pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo”, disse.
Além do secretário, da presidente da ASLe e da escritora Anna Osta, estiveram presentes o prefeito de Salto, Laerte Sonsin Jr. (PL), e os acadêmicos Marilena Matiuzzi, cadeira 39; Cristina Maria Salvador, cadeira 20; Augusto Gasparini Filho, cadeira 12; Mônica Dalla Vecchia, cadeira 5; e Jorge Duarte Rodrigues, cadeira 29.
Baiano é o vencedor
O baiano Fabrício Oliveira, de Santo Estêvão, foi o vencedor no adulto com “Esquizofrenia”; seguido de Luiz Rogério Camargo, de Curitiba (PR), com “Memória”; Airton Mendes, de São Bernardo (SP), com “Da vida que me dei”; Camilo de Lélis Furlin, de Porto Alegre (RS), com “O hormônio do prazer verdadeiro”; e Sílvio Pedro, de São Bernardo do Campo (SP), com “Vai Mário, põe a máscara”.
No Juvenil, venceu Vitória Regina da Silva, de Salto (SP), com “Tempo relativo”; Laura de Gasperi Schabarum, de Novo Hamburgo (RS), com “Alomorfia”; Joana Moreira de Sousa, de Passos (MG), com “Entropia”; Sophia Gianolla, de Votorantim (SP), com “As dúvidas de tudo”; e Eloise Conhe, de Votorantim, com “Ninguém além de você”.
As poesias vencedoras em ambas as categorias e as poesias que receberam menções honrosas, também em ambas as categorias, integram uma antologia intitulada “Pós-moderno, pós-tudo”, que pode ser baixada gratuitamente no link: https://premio-moutonnee-de-poesia.salto.sp.gov.br/confira-os-vencedores-de-2022/.