

Poeta de Florianópolis ganha 32ª edição do Prêmio Moutonnée de Poesia e saltense vence no juvenil
Em uma cerimônia conjunta na Biblioteca Municipal, a Prefeitura de Salto e a Academia Saltense de Letras anunciaram, no sábado (23-11), os vencedores da 32ª edição do Prêmio Moutonnée de Poesia. O ganhador no adulto foi Felipe Pyhus Julius, de Florianópolis (SC), com a poesia “Elegia a Manoel de Barros”, e no juvenil foi Isabelly Teodoro Moreira da Silva, de Salto, com a poesia “Gaia”.
Este ano, o tema proposto foi “Natureza, qual é a tua?”. A ideia foi explorar questões filosóficas e sociais sobre a essência humana e as transformações do mundo contemporâneo. Ao todo, 509 poesias foram inscritas, sendo 14 delas dos seguintes países: Alemanha, Angola, Itália, Moçambique e Portugal, o que reforça o caráter internacional da premiação e da divulgação da cidade de Salto.
O secretário de Cultura da Prefeitura, Oséas Singh Jr., destacou a imparcialidade do julgamento: “Como as poesias são identificadas por número de inscrição, nem mesmo os jurados têm conhecimento dos nomes dos vencedores que são revelados apenas na cerimônia de premiação”. Já a presidente da Academia, Marilena Matiuzzi, Cadeira 39, falou do papel do prêmio na divulgação da cidade.
Premiação e homenagens
O concurso contemplou as categorias: adulto, a partir de 18 anos, e juvenil, entre 14 e 17 anos. Além de troféus e prêmios em dinheiro, de R$ 5 mil ao 1º colocado, R$ 2 mil ao 2º e R$ 1 mil do 3º ao 5º do adulto e de livros e certificados para os cinco primeiros do juvenil, os 40 melhores de 2024 e 2025 estarão em uma antologia impressa, que será divulgada depois da edição do ano que vem.
Neste ano, a escritora Mônica Leite de Araújo Dalla Vecchia, ocupante da Cadeira 5 da Academia Saltense de Letras, foi homenageada pelo concurso por sua contribuição à cultura local. Ela agradeceu a homenagem e destacou a importância do prêmio para o desenvolvimento cultural do município e das novas gerações, que veem no Prêmio Moutonnée de Poesia uma inspiração.
As poesias vencedoras
A poesia “Elegia a Manoel de Barros”, de Felipe Pyhus Julius, de Florianópolis (SC), foi a grande vencedora no adulto; 2º lugar: “Frutos”, de Nima Imaculada Spigolon, de Campinas; 3º lugar: “Floralis genérica”, de Gabriel Bustilho Lamas, do Rio de Janeiro; 4º lugar: “Concomitância”, de Walmir de Assunção Marques, de Curitiba (PR) e 5º lugar: “Coisa Simples”, de Daniel Ratto, de São Paulo.
Na categoria juvenil, a poesia “Gaia”, de Isabelly Teodoro Moreira da Silva, de Salto, foi a grande vencedora; 2º lugar: “Unindo dores”, de Karen Souza, Curitiba (PR); 3º lugar: “A natureza do ser”, de Mariana Benvindo Candido, de Salto; 4º lugar: “A destruição da essencialmente importante natureza”, de Lucas Piaia Guido, de Salto e 5º lugar: “Cadáver arenoso”, de Salete Alves, de Coaraci (BA).
DOUTORA NILZA E CRISTIANO
Abertas inscrições para a última fase do projeto ‘Caminhos Literários’

O professor Fabiano Ormaneze, que falará de Cartola e sua obra, uma das exigências do vestibular da Unicamp
Já estão abertas as inscrições para a última etapa do projeto “Caminhos Literários – Desvendando Clássicos”, prevista para o dia 23 de novembro. O projeto foi criado pela Academia Saltense de Letras para ajudar a melhorar a performance de alunos do ensino médio que vão prestar o vestibular e é aberto a todos interessados.
A última etapa será comandada pelo professor Fabiano Ormaneze, doutor em linguística, mestre em divulgação científica e cultural, especialista em jornalismo literário e jornalista e professor permanente do programa de Mestrado em Divulgação Científica e Cultural do Laboratório de Jornalismo da Unicamp.
Ele vai analisar as músicas do compositor Cartola, reunidas na obra “Canções Escolhidas”, que incluirão as canções “Alvorada”, “As Rosas Não Falam”, “Cordas de Aço”, “Disfarça e Chora”, “O Inverno do Meu Tempo”, “O Mundo é um Moinho”, “Que é Feito de Você?”, “Sala de Recepção”, “Silêncio de um Cipreste” e “Sim”.
O livro faz parte da lista obrigatória do vestibular da Universidade Estadual de Campinas, a Unicamp, e a ideia é o que o professor dê dicas e mostre o que está por trás da exigência dessa leitura para que os estudantes não sejam surpreendidos, já que não era comum até agora a inclusão de obras de compositores.
Os interessados em participar do projeto “Caminhos Literários – Desvendando Clássicos”, promovido pela Academia Saltense de Letras devem fazer a inscrição pelo link: https://forms.gle/Ka7bxDtvkwfNsKQk9 e comparecer às 9h30 no dia do evento na Sala Paulo Freire, do Centro de Educação e Cultura.
O projeto começou dia 24 de agosto com a professora Ana Carolina Liberalesso Agnolini Wiggert. Teve a segunda dia 14 de setembro com Leandro Thomaz de Almeida. A terceira dia 28 de setembro com José Altemir Dias de Oliveira. E a quarta dia 19 de outubro Luiz Henrique Scalise Monteiro Campos Junior.
Ficção de Cura
Está chegando o mês de dezembro.
Os preparativos para a programação natalina começam a rondar nossas mentes, impulsionam o comércio local e exigem bastante planejamento. Há quem se preocupe com uma bela decoração para sua casa, há aqueles que se preocupam com a programação familiar, receber ou fazer visitas, preparar pratos, viajar ou simplesmente relaxar.
Aqui em casa, durante o mês de dezembro, a TV é praticamente da Paula (minha esposa) por tempo integral. Isso acontece devido aos streamings ou canais de filmes que preenchem sua programação com romances estadunidenses típicos dessa data, com filmes (em sua maioria) de roteiro leve, previsível, arrisco em dizer até que padronizado e diálogos sem muita complexidade, porém, o mais importante de tudo, são filmes para relaxar. Paula adora, e não é que de tanto assistir por tabela também passei a gostar, deixa a mente livre em tempos de estímulos exagerados.
Em uma época que vivemos uma sociedade do cansaço, tal como descreveu o filósofo Byung-Chul Han, um tempo contemplando uma programação mais leve ajuda a aliviar um pouco nossa mente muitas vezes sobrecarregada. Os estímulos são diversos e chegam por diversas direções, principalmente das telas dos celulares. A sociedade do cansaço é uma sociedade que superou a disciplinar de Michel Foucault. De acordo com Han, somos ao mesmo tempo carrascos e vítimas de nós mesmos, buscando sempre ser útil, seguir certos padrões e tendências sociais, tentamos dar conta de tudo pois nos é vendida uma ideia de que sim, podemos tudo. E qual a colheita dessa sobrecarga emocional? Ansiedade, depressão, insegurança, insatisfação, insônia, síndrome de Burnout, entre tantos outros distúrbios, sendo os males do nosso século não mais causados por vírus mas por Distúrbios Neuronais.
Dentro de tal sociedade, algumas válvulas de escape são importantes, fazer atividades que dão prazer e aliviam a mente são imprescindíveis.
A literatura é uma das grandes invenções humanas, o poder que ela tem para transformar vidas é incrível. Recentemente descobri um estilo literário que me encantou, tal como nossa relação com filmes de Natal, comecei a me relacionar com a chamada ficção de cura. São romances que se popularizaram no Japão e Coreia do Sul e agora estão bem presentes nas livrarias brasileiras. Suas histórias se passam em cenários aconchegantes como livrarias, bibliotecas, cafés, estúdios de fotografias… Não são narrativas mirabolantes em terras distantes com civilizações complexas ou extremamente tecnológicas. Não existem jogadas amorosas sentimentais vampirescas ou magias e piratas, são coisas do cotidiano que poderiam acontecer com qualquer um de nós: um encontro casual em um café, uma reflexão no ponto de ônibus sobre uma nova proposta de emprego, sair ou não da casa dos pais, mudar-se para uma cidade grande, vender livros em uma pequena livraria local, conhecer pessoas interessantes em uma loja de conveniência, enfim, histórias que nos prendem e ao mesmo tempo nos trazem leveza. Tem dias que é somente isso que a gente precisa.
A ficção de cura tem me ajudado bastante a entender ainda mais sobre algo que escrevi certa vez no jornal Primeira Feira, é preciso o deleite, fazer atividades sem necessariamente um propósito útil mas por pura contemplação, para alimentar a alma e aquecer o coração, é preciso nadar em rios de águas tranquilas e fugir do mar da sociedade do cansaço. É preciso ler.
A literatura cura.
Um bom Dia Nacional do Livros.
***
Recomendações de livros da ficção de cura que li recentemente:
Meus Dias na Livraria Morisaki
A Inconveniente Loja de Conveniências
A Biblioteca dos Sonhos Secretos
A Lanterna das Memórias Perdidas
Sobre a sociedade do cansaço:
A Sociedade do Cansaço
Recomendação de curta sobre o poder da leitura:
Meu Amigo Nietzche – https://www.youtube.com/watch?v=FroyMvgYfm0
Textos no Jornal Primeira Feira sobre o deleite cultural
Pelo deleite cultural – Parte I – https://portalprimeirafeira.ciol.com.br/pelo-deleite-cultural-parte-i/
Pelo deleite cultural – Parte 2 – https://portalprimeirafeira.ciol.com.br/pelo-deleite-cultural-parte-2/
Anna Osta celebra aniversário com novos projetos e reflexões
Escritora pretende lançar livro de contos e aproveitar o público que gosta de histórias curtas e diz preferir que prêmios ressaltem a qualidade literária e não gênero, raça e desigualdade social como tem sido ultimamente
A escritora Anna Osta, Cadeira 2 da Academia Saltense de Letras, patronesse Rachel de Queiroz, comemora mais um aniversário no sábado (26) com novos projetos, como a reunião da sua produção de contos para um novo livro: “Percebi que há um interesse crescente de leitores por histórias curtas. Quero conquistar esse espaço”, diz.
O trabalho será feito inteiramente dos Estados Unidos. A escritora voltou para sua casa lá depois de uma intensa agenda de eventos no Brasil ao lado do quadrinista Laudo Ferreira. O motivo da visita foi o lançamento da adaptação em HQ de seu livro “Crescer na Terra do Nunca”. A dupla participou de festivais como a HQ Fest, em Indaiatuba, e o Itu Nerd Fest, além de visitar três escolas, onde conversaram com mais de 600 estudantes.
Ao mesmo tempo, Anna coordenou pela terceira vez a coletânea anual da Academia Saltense de Letras, demonstrando sua habilidade na mediação entre autores, diretoria e editora. “É um trabalho que gosto muito de fazer, mas que exige habilidade e diplomacia”, disse a escritora. Curiosamente, a coletânea será lançada no dia do seu aniversário na sede da Biblioteca Municipal, a partir das 10h.
Criadora de histórias
Com 20 livros publicados em 20 anos, Anna se define como uma criadora de histórias do cotidiano, cujo foco principal é inspirar pessoas. Por falar em inspiração, a sua patronesse Rachel de Queiroz foi a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras e a primeira a receber o Prêmio Camões. Foi com Rachel também que Anna estreou no cenário literário com o romance Betsy, prefaciado pela renomada escritora.
Entre suas obras, “Minha Garota”, de 2019, também se destaca por abordar o relacionamento da empresária Adriane Yamin com o piloto Ayrton Senna. Além dos romances e antologias, Anna continua promovendo e apoiando novos autores, sendo peça fundamental na fundação do Clube do Livro de Salto e na criação da Academia Saltense de Letras em 2008.
Visão crítica
Quando perguntada sobre os vencedores dos principais prêmios literários do Brasil, como o Jabuti e o Prêmio São Paulo de Literatura, a escritora expressa certa distância. “Dificilmente escolho o que ler só porque a obra foi premiada”, comenta, mencionando também sua percepção de que há uma forte influência ideológica nas premiações recentes. Ela observa que o foco tem recaído sobre questões de raça, gênero e desigualdade social, reflexo do contexto cultural atual. Mesmo assim, reconhece a importância de mudanças na curadoria de prêmios, como as do Prêmio Sesc de Literatura em busca de uma maior diversidade.
“Penso que a função dos prêmios é destacar a qualidade literária e a relevância dos temas tratados, independentemente de uma inclinação ideológica explícita e isto ocorreu recentemente com as mudanças na curadoria do Prêmio Sesc de Literatura, com algumas alterações na comissão de jurados”. De acordo com ela, essas mudanças demonstram que ela não é a única incomodada com a recorrência em privilegiar obras sobre as questões de raça e gênero.
Só neste ano, a escritora já está na leitura do 54º livro. “Leio bastante e gosto muito”. Para quem tem curiosidade pelo gosto literário de Anna, ela compartilhou uma sugestão de leitura: “A Biblioteca da Meia-Noite”, de Matt Haig. “A história de Nora Seed me fez refletir sobre as escolhas que fazemos na vida e suas consequências”, disse, relembrando que, a exemplo da personagem, ela mesma já refletiu sobre o impacto de suas decisões.
Dedicação integral
Nascida em Salto, Anna Osta formou-se em jornalismo pela PUC Campinas e, após uma carreira na área, mudou-se para os Estados Unidos e passou a se dedicar integralmente à escrita. Hoje, sonha em ver suas obras traduzidas para outros idiomas, consolidando ainda mais sua carreira internacional.
A relação de Anna com a literatura é profunda, e ela continua trabalhando para promover novos talentos e incentivar a leitura, seja por meio de clubes ou eventos literários.
Prêmio Moutonnée já tem os vencedores de 2024
Fonte: Prefeitura de Salto
Nesta semana, o presidente do júri do Prêmio Moutonnée de Poesia entregou as notas à Secretaria da Cultura, definindo os vencedores da trigésima segunda edição. “Como as poesias são identificadas por número de inscrição, nem mesmo os jurados têm conhecimento dos nomes dos vencedores que serão revelados apenas na cerimônia de premiação” – explicou o secretário da Cultura – Oséas Singh Jr.
Neste ano o tema “Natureza, qual a tua?” recebeu digitalmente 509 poesias. Além de trabalhos de todas as regiões do Brasil, foram inscritas 14 poesias de outros países: Alemanha, Angola, Itália, Moçambique e Portugal. Tanto o tema como os jurados foram definidos pela Academia Saltense de Letras (ASLe), que por força da Lei 3.860, de 16 de junho de 2021, tornou-se a guardiã do Prêmio.
A cerimônia de premiação será realizada no dia 23 de novembro, na Biblioteca Municipal de Salto Prof. Valderez A. B. Silva, às 20h, Praça Paula Souza, nº 30. O convite é aberto a todos os inscritos e interessados pela arte poética.
O DIA QUE O CABARÉ ENTROU EM GREVE
O DIA QUE O CABARÉ ENTROU EM GREVE
O vento sibilava la fora, os pardais estavam arrepiadinhos, um ou outro trinava, a maioria preferia o ninho, porque o dia estava esquisito. Zenildo, nada pra fazer, foi fazer nada num cabaré, para distrair e aliviar a tensão. Foi pra Casa de Marilú, um antigo Cabaré, muito respeitado no meio. Entrou direto para o bar, mas, o ambiente estava diferente, tudo muito quieto, nem musica tocava no “junk box”. Sentou na banqueta, cotovelos no balcão, esperava a dose preferida, já conhecida, olhou ao lado, alguns ébrios já suspiravam o álcool ingerido. As Damas num canto do cabaré abanavam seus leques, aquele ventinho ajudava contra o calor, mas o suor escorria, logo viu um grande cartaz que dizia:
“Tonigth no michê”, sem fornicação!
“no dad and mOm”.
E a Matrona “beiço carregado de ‘batão” vermelho, vociferava impropérios aos quatro cantos:
─ Puta que pariu! sem atividade não tem grana, bufunfa, “no money!”
Vocês querem me ‘fuder’!
O cabaré parado, e tudo por que? Porque elas resolveram um “strike”, dia de greve! Greve vaginal, anal, oral! Greve geral! algumas garotas distribuíam panfletos aos machos presentes, com as reivindicações. O SIDACA (Sindicato das Damas de Cabaré), tendo Soraia, a morena, como líder discursava, e reivindicava:
Melhoria:
- no relacionamento da Gerencia com as Damas
- Na distribuição de renda $,
- No atendimento médico,
- Refeição de melhor qualidade,
- Redução no valor do aluguel dos quartos,
- Creche para guarda dos filhos menores,
- Na Segurança, “leão de ‘chácara” mais preparados.
Numa salinha do Cabaré o advogado do SIDACA negociava com a casa, e após muitas conversas, telefonemas para escalões superiores (os reais donos do Cabaré), algumas reivindicações foram atendidas. Soraia se postou no meio do salão, e deu as boas novas:
─ Irmãs! Hoje é dia de muita alegria para a nossa classe do entretenimento sexual, não é porque trabalhamos com nossos corpos, que não precisam nos respeitar, tem que respeitar sim! Em seguida elencou as benfeitorias conquistadas.
As Damas desvairadas, saíram dançando pelo salão e freneticamente gritavam palavras de ordem:
“Puta unida jamais será vencida!”
“A nossa periquita tem o seu valor!”
Zenildo ali assistindo todo fuzuê, até que tirou os cotovelos do balcão, porque finalmente o “bar man” serviu a dose da bebida desejada! E ainda disse baixinho pra ele
─ Essa é por conta da casa, você é cliente vip.
Zenildo prestou atenção para as reivindicações das Damas do Cabaré, como trabalhadoras do quinto setor “atividades artísticas do sexo”, aliás a atividade mais antiga do mundo, e concluiu que as reivindicações são iguais aos trabalhadores comuns, ou seja: Melhoria no ambiente de trabalho, relação com chefia, Distribuição de Lucros, Assistência Médica, Alimentação, Moradia, Creche, Segurança,
Chegou à conclusão que trabalho é trabalho, não importa a atividade.
O grande cartaz foi retirado do salão, e a Marilu toda sorridente dizia em alto e bom som
─ Vamos minhas filhas, a noite é uma criança levada! Música meu povo, e o som encheu o salão, as Damas entraram em ação, e finalmente haveria “Dad and Mum”.
–
Autor Andrade Jorge, Membro Efetivo da Academia Nacional de Letras do Portal do Poeta Brasileiro, Academia Saltense de Letras, Casa do Poeta de Praia Grande.
30/09/2024
NOTA AUTOR: Palavras em outros idiomas
Tonigth No – Palavras do Idioma inglês significam “Esta Noite Não”
Michê – A palavra michê deriva do francês “miché”, que significa cliente de prostituição, ou ato da prostituição.
No Dad and Mum – palavras do idioma inglês – aqui tornou-se uma expressão popular, que representa uma das formas de fazer sexo: Papai, Mamãe, no caso “Não Papai e Mamãe”
No Money – Não dinheiro, Sem dinheiro
Strike – do idioma inglês significa greve
–
Autor Andrade Jorge, Membro Efetivo da Academia Nacional de Letras do Portal do Poeta Brasileiro, Academia Saltense de Letras, Casa do Poeta de Praia Grande.
30/09/2024
Cynara Lenzi Veronezi finaliza o sexto livro de histórias infantis
A escritora e professora de educação infantil Cynara Lenzi Veronezi, titular da Cadeira 18 da Academia Saltense de Letras, patrono Dante Alighieri, está finalizando seu mais novo livro, intitulado “Vamos de História”. A obra, que reúne 100 histórias, está na fase de diagramação e deve seguir para a gráfica ainda este mês. Este será o sexto título publicado pela escritora, que faz aniversário nesta quinta-feira (17), consolidando sua trajetória de sucesso na literatura infantil.
Com cinco livros já lançados, incluindo “Historinhas”, “Historinhas pra contar”, “Minha fiel escudeira e eu”, “A pandemia no reino encantado” e “E foi assim que aconteceu… Salto”, Cynara é reconhecida por sua abordagem diferenciada na escrita e na contação de histórias. A escritora tem narrativas cativantes e desenvolveu uma técnica de interação com o público infantil por meio da manipulação de bonecos de pano. O trio de personagens, composto pela boneca Juju, o palhaço Torresmo e o Zezinho, é peça fundamental em suas apresentações.
Por conta disso, Cynara já recebeu três novos pedidos de leitores, ansiosos por mais publicações. “Eles me pediram um livro sobre as histórias que faço para o jornal e conto para eles, outro sobre a minha vida de escritora, e um sobre o Zezinho, personagem que é muito inspirador para eles”, compartilha a autora, revelando que já planeja seguir por essas direções em suas próximas obras.
O uso dos bonecos, segundo a escritora, foi uma descoberta transformadora. “As crianças sabem que sou eu quem fala, mas elas se conectam com os bonecos como se tivessem vida própria. No fim das apresentações, elas se despedem deles, não de mim”, diz ela, divertida.
“A Juju é a que tenta manter a ordem, não quer que os outros dois aprontem. O palhaço Torresmo, por outro lado, é o mais travesso, enquanto o Zezinho, criado originalmente por minha filha, serve como um incentivador do gosto pela leitura. Nas suas estripulias, as crianças aprendem”, explica Cynara.
Sobre sua jornada na escrita para o público infantil, Cynara destaca os desafios e alegrias de envolver os pequenos leitores, frisando a importância de despertar o interesse pela leitura desde cedo. Receber pedidos de novos livros diretamente dos estudantes é, para ela, um indicador claro de que está no caminho certo.
Quanto às leituras recomendadas, Cynara elogia a obra “Relato de um náufrago”, de Gabriel Garcia Marquez. “É maravilhoso. Eu adoro o mar, e este assunto é muito legal. Inclusive, tem jornalista na história”, comenta fazendo referência ao fato de ela ser filha de jornalista (Valter Lenzi).
Em palestra, escritora mostra como se tornou especialista em literatura infantil
Cynara Lenzi Veronezi já está no sexto livro voltado para as crianças e descobriu a manipulação de bonecos como forma de prender a atenção
A escritora e professora de educação infantil Cynara Lenzi Veronezi, titular da Cadeira 18 da Academia Saltense de Letras, patrono Dante Alighieri, mostrou aos acadêmicos no sábado, 5 de outubro, como se tornou especialista em literatura infantil.
Ela falou no Momento Literário, espaço criado pela diretoria anterior da Academia para tratar de literatura nas reuniões ordinárias, realizadas uma vez por mês, a convite da presidente Marilena Matiuzzi, Cadeira 39, patronesse Cora Coralina.
Durante a sua palestra, a escritora contou que a sua experiência foi desenvolvida sozinha, desde os tempos em que foi professora de educação infantil na escola Professora Maria Constança de Miranda Campos, na Vila Flora, até agora nas visitas que faz às escolas.
Cynara revelou que desenvolveu uma abordagem única para engajar os pequenos leitores, que é feita a partir da manipulação de bonecos de pano, e apresentou um trio que usa nas suas apresentações: a Juju, o palhaço Torresmo e o Zezinho.
“A boneca Juju não quer que os outros dois aprontem. Já o palhaço Torresmo é um dos que mais aprontam. Zezinho, que foi criado pela minha filha para trabalhar com alunos dela, é usado para lembrar o gosto pela leitura. Nas estrepolias dele, as crianças aprendem”.
Para a escritora, o uso dos bonecos foi uma grande descoberta, porque as crianças veem que é ela quem fala, mas ficam ligadas nos bonecos como se eles tivessem vida própria e se encantam com eles a tal ponto que se despedem deles e não dela ao final.
E ela concluiu que não só as crianças se envolvem com o aspecto lúdico dos bonecos. Prova disso foi que todos os acadêmicos presentes ficaram encantados com a apresentação por meio deles. A escritora foi aplaudida efusivamente depois que acabou.
Na sua palestra, Cynara falou dos desafios e das alegrias de escrever para o público infantil, destacando a importância de despertar o interesse pela leitura desde cedo e de receber pedidos de livros novos com base naquilo que os estudantes querem ler.
“Eles já me pediram um livro novo sobre as histórias que faço para o jornal e conto para eles e querem um livro sobre a minha vida de escritora e outro do Zezinho, que é muito inspirador para eles, o que já me faz seguir por esse caminho e isto é muito bom”.
Ela já tem um livro pronto com 100 histórias e que deve entrar em gráfica este mês. Quanto aos outros está estruturando um projeto para atender os pedidos. Na opinião da escritora, o contato presencial que tem enriquece muito o seu trabalho.
“Vou falar no Caic esta semana e lá são 600 estudantes. Eu vou às escolas sempre. Cada contato que tenho me faz melhor para continuar esse trabalho. Não há inteligência artificial que supere isso”, resumiu a escritora ao final da sua fala.
Na carreira de escritora infantil, já são cinco livros lançados: “Historinhas”, “Historinhas pra contar”, “Minha fiel escudeira e eu”, “A pandemia no reino encantado” e “E foi assim que aconteceu… Salto”. Agora está a caminho o sexto, que se chamará “Vamos de História”.
Escritora dribla dificuldades físicas para se manter ativa e produtiva aos 83 anos
Titular da Cadeira da 20 da Academia Saltense de Letras, Cristina Maria Salvador descobriu um método para combater a falta de concentração, sequela da Covid-19 e da dengue, e conseguir voltar a ler normalmente outra vez
Quem conheceu a escritora, professora e liderança comunitária Cristina Maria Salvador quando ela chegou em Salto, depois de 43 anos em São Paulo, não a reconhece hoje. A mulher ativa, envolvida com a Academia Saltense de Letras, com a Igreja Católica, onde é Ministra Extraordinária da Eucaristia; com o Instituto de Estudos do Tietê, com Associação Emília Romagna e com a Associação Giuseppe Verdi, deu lugar a alguém que precisa de mais cuidados. Essa situação é fruto de sequelas da Covid-19 e da dengue e de duas quedas em casa, quando fraturou a coluna lombar e a parte baixa da bacia.
Mas quem pensa que Cristina, como é mais conhecida, titular da Cadeira 20 da Academia Saltense de Letras, cujo patrono é Archimedes Lammoglia, entrega os pontos, engana-se completamente. Ao contrário, ela chega aos 83 anos na sexta-feira (4 de outubro) driblando as dificuldades. Por exemplo, passou a ter uma perda considerável da concentração e deixou de ler, uma das suas paixões. Isto a entristeceu muito, mas uma amiga sugeriu que lesse livros que já tivesse lido e que conhecesse bem. “Achei sem sentido no começo, mas depois vi que me ajudava, porque eu lembrava da história e a minha concentração foi voltando devagar”.
E foi assim que a escritora retomou a leitura de “Comer, Rezar, Amar”, de Elizabeth Gilbert, cujo filme inspirado no livro ela já havia visto e gostado muito, assim como o livro. Esse primeiro passo abriu caminho para novas descobertas. Depois do trabalho de Gilbert, Cristina Salvador leu “A Biblioteca de Paris”, que despertou nela novamente a curiosidade literária. “Ler me faz falta e eu fui voltando a ter esse prazer, ainda que não seja fácil”, conta. Depois desse livro, nos últimos meses, a escritora começou a sentir vontade de ler algo novo, que não tivesse lido ainda como acontecia antes.
Por isso, atualmente, Cristina Salvador está imersa na leitura de um livro que está adorando da jornalista Sônia Bridi, da TV Globo, que ainda não tinha lido. O texto relata a experiência de dois anos da jornalista ao morar na China, um país que despertou nela reflexões profundas sobre cultura, política e a vida sob um regime comunista. “Esse livro mexeu muito comigo. Uma coisa é você ouvir falar sobre a China, outra é ler sobre alguém que viveu lá e enfrentou as dificuldades burocráticas e culturais. Eu fico pensando aqui comigo como deve ser difícil demais morar em um país comunista”.
Apesar das limitações físicas que a mantêm dependente de uma cadeira de rodas ou andador e sob os cuidados da auxiliar Margarida, que a ajuda a fazer quase tudo na chácara onde está morando desde a morte da irmã por Covid, Cristina Salvador continua a buscar novos horizontes intelectuais. Ela ainda não sabe quais serão suas próximas leituras, mas expressa seu desejo de se aprofundar em romances policiais e obras de ficção agora que a concentração está voltando. “Tenho uma amiga que me trouxe alguns livros, e logo que terminar o da China, já sei por onde começar”, diz, com entusiasmo.
Sua dedicação à literatura já gerou frutos concretos, como a publicação de seu livro “Passado & Presente se Entrelaçam para o Futuro” em 2021 e sua participação em uma coletânea da Academia Saltense de Letras do ano passado. Neste ano, ela não conseguiu participar da coletânea “Elas – Trajetórias Femininas de Coragem, Resiliência e Inspiração” por causa das dificuldades de concentração. Para Cristina, a literatura é um meio de autoconhecimento e de conexão com grandes temas da humanidade. “Através da literatura, conseguimos acompanhar a narrativa do caminho do ser humano no mundo e seu sentido de vida”.
Ainda que reclusa e afastada das atividades comunitárias que tanto ama, Cristina Salvador mantém-se firme em seu compromisso com a cultura e a espiritualidade. Seu mergulho literário e espiritual neste momento mais complicado revela a força de uma mulher que, aos 83 anos, continua a buscar sentido e beleza em meio às adversidades. “A vida nos coloca desafios, mas é na leitura e na reflexão que encontro meu alento”, conclui. Ela também não deixa de admirar as flores que brotam na propriedade e os pequenos detalhes da vida simples e cotidiana do local. “Deus é magnífico”.