SOU JOVEM, SOU VELHO (dedicado ao Dia do Idoso – 1º Outubro)
Sou o que sou.
–
E no meu evangelho
Santo Antonio, diz
São Jorge, é Protetor,
São Jerônimo é Pai,
Aquele que só quer o mal e dor
Certamente um dia cai,
Não se fie na força e saber,
Não queime pólvora à toa na esquina,
Sou pequeno, sou menino,
Mas posso ser traquina.
–
Sou jovem, sou velho
Sou o que sou…
–
A minha catedral é o azul do céu
É Maria Santíssima que me olha, porque dela sou filho também,
Rezo no tronco, na pedra, na água, no vento,
A palavra ressoa ao luar, a estrela pisca, digo amém!
E peço luz aqueles que estão ao relento.
–
Sou jovem, sou velho
Sou o que sou…
–
Não se cutuca, quem não é pra ser cutucado,
A vara pode ser curta,
Não pise aonde não for chamado,
O brado é forte, e teu chão encurta.
–
sou velho, sou jovem
Respeite… é melhor
–
Andrade Jorge – Membro efetivo Academia Nacional de Letras do Portal do Poeta Brasileiro
Membro da Academia Saltense de Letras
–
21/09/21
O Sino de Quinta-Feira
— O sino vai soar…
Apalpei o bolso da calça e dele retirei o celular para olhar as horas, faltava pouco mais de dez minutos para as 18 h, meu companheiro de trabalho tinha razão, dali a pouco tempo ouviríamos o badalar dos sinos da torre esquerda da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Piedade. A oeste, em direção ao final a Rua Floriano Peixoto, o Sol se punha, alaranjado, coberto por estranhas e tristes névoas, fruto de ações criminosas contra a mãe natureza que queima e chora, olhando para as ações clandestinas de alguns de seus filhos.
Pelas portas abertas da Santa Igreja, ao fundo, no alto do altar-mor, foi possível observar outra mãe, esta olhando para seu filho que jazia em seu colo. Um olhar amoroso e doloroso ao mesmo tempo, uma mãe que chora por dentro, que gritava internamente sem se importar, ao menos naquele momento, se Ele é Deus ou homem, se estava ou não se cumprindo a profecia, ali estava seu filho, pagando inocentemente pelos erros de outros, padecendo em seus piedosos braços, ali estava uma mãe, com olhar piedoso, calada.
Era uma quinta-feira, a Praça Comendador Martins estava sendo ressignificada, toda montada e sendo decorada para receber mais uma edição das festividades em homenagem à Padroeira Nossa Senhora da Piedade, nós acompanhávamos todos os preparativos atentos. Dali a três dias seria celebrado sua data durante a FestItália La Pietà.
— Logo vai soar, adoro som de sino.
Como que em uma cena de algum conto, daqueles que situações do cotidiano imediatamente se tornam momentos poéticos, pássaros começam a cantar na direção do coreto da praça. O corredor entre os dois canteiros principais estava todo coberto por luzes de cores quentes, formando um belo caminho que terminava iluminando todo o interior do charmoso coreto. O Sol já estava quase sumindo de vista, a noite começava a surgir, fato que realçava ainda mais aquele corredor iluminado.
— Meu amigo, olha que momento poético, o pôr do Sol, pássaros cantando, a praça, Nossa Senhora da Piedade – comentei com meu companheiro no instante em que olhávamos em direção às árvores atrás do coreto, lá os pássaros dançavam e cantavam como que celebrando a mãe piedosa, como que ensaiando para as músicas que alegrariam milhares de pessoas no próximo fim de semana.
— Você gosta de escrever poesia? Esse momento é propício!
— Lamento que não, na verdade sou um péssimo leitor de poesia, quem me dera escritor. Arrisco-me em crônicas…
— Acha que esse momento daria uma crônica?
— Não sei, quem sabe um dia… a propósito, que horas são?
Não houve tempo de responder, eram 18h, caia a tarde, serena e tranquila, quando escutamos as badaladas de Nossa Senhora da Piedade.
O sino soou.
Prêmio Moutonnée recebeu poesias de seis países
À meia noite de quarta-feira (11) encerraram-se as inscrições do XXXII Prêmio Moutonnée de Poesia, que nesta edição tem o tema “Natureza, qual tua?”. O site oficial recebeu digitalmente 509 poesias, sendo 494 na categoria adulto e 15 na categoria juvenil. Além de poesia de todas as regiões do Brasil, foram inscritas 14 poesias de outros países: Alemanha, Angola, Itália, Moçambique e Portugal.
Antes de serem encaminhadas ao júri oficial, a Secretaria da Cultura enviou as poesias para a ASLe – Academia Saltense de Letras que fará a primeira avaliação, de pertinência ao tema proposto. Os vencedores serão conhecidos na noite de 23 de novembro, em cerimônia pública na Biblioteca Municipal.
Escritora apresenta adaptação da sua obra de maior sucesso para quadrinhos
‘Crescer na Terra do Nunca’ será lançado só dia 14 de setembro, mas foi mostrado no sábado (31) no ‘Momento Literário’, espaço para discussões sobre literatura das reuniões ordinárias da Academia Saltense de Letras
Depois de 11 meses de trabalho, a escritora Anna Osta apresentou no sábado, 31 de agosto, na Academia Saltense de Letras, o livro “Crescer na Terra do Nunca” na versão em quadrinhos. Lançada em 2012 como livro infanto-juvenil, a obra é a que mais fez sucesso entre os 11 livros que a escritora produziu ao longo da sua carreira.
Anna contou que decidiu apostar nos quadrinhos por ser essa a linguagem que mais se aproxima do público jovem, onde o texto é minimizado para fortalecer as imagens. “Percebi que o HQ encaminhava para leituras mais densas. Como apaixonada pela leitura, eu queria investir nessa formação de novos leitores”.
O livro tem adaptação e ilustração de Laudo Ferreira, colorização de Thaynan Lana e consultoria pedagógica de Vanderlei Jorand, com produção editorial de Rose Ferrari e impressão da Mirarte Editora. Ele será lançado oficialmente no dia 14 de setembro, das 10h às 19h, no Shopping Jaraguá, em Indaiatuba, na 6ª HQ Fest Indaiatuba.
Durante o evento, o livro estará à venda com 30% de desconto no quiosque da Mirarte, onde Anna e Laudo receberão seus fãs. Três modelos caracterizados como João, Bel e Pedro, os personagens principais do livro, circularão pelo shopping, interagindo com o público para proporcionar uma experiência mais divertida.
A HQ Fest Indaiatuba já tem confirmados 50 artistas, entre eles Pedro Mauro, Lígia Zanella, Marcel Bartholo, Daniel Saks, Marco Lesko, Lillo Parra e Sun Sugiyama. Haverá ainda uma exposição e venda de trabalhos; painéis com artistas, quadrinistas e ilustradores; e concurso de cosplay, que são caracterizações dos personagens.
Inspirado em Peter Pan
“Crescer na Terra do Nunca” em HQ usa a icônica Terra do Nunca do livro Peter Pan como metáfora para o escapismo típico da adolescência. A narrativa conta a história de João, adolescente introspectivo que se refugia na família de seu melhor amigo, Pedro. Em uma viagem de férias ao litoral, ele vai para a “Terra do Nunca”.
Tudo acontece de forma muito diferente do que ele imaginava. Não há fadas, piratas ou garotos perdidos. Em vez disso, ele descobre que crescer e enfrentar os desafios da vida constituem a aventura mais corajosa de todas. A publicação visa orientar adolescentes sobre medo, experiências amorosas e escolha da profissão.
A escritora foi a convidada da nova diretoria da Academia Saltense de Letras para participar do “Momento Literário”, espaço destinado a falar de literatura durante as reuniões ordinárias dos acadêmicos. Titular da Cadeira 2, patronesse Rachel de Queiroz, Anna contou como se tornou escritora e o que pretende com o livro em HQ.

Acadêmicos acompanham exposição da escritora Anna Osta na Biblioteca Municipal, sede da Academia Saltense de Letras
Ao falar para os acadêmicos, a escritora notou que um jovem a observava da parte superior do prédio da Biblioteca Municipal, sede da Academia Saltense de Letras. Ela pediu para chamá-lo e ele participou da apresentação. Trata-se de Arthur Vinícius Maciel da Silva, de 14 anos, do 9º ano da Escola Otilia de Paula Leite.
“A base para a minha formação como escritora foram três fatos marcantes pelos quais passei. O primeiro foi aos 12 anos, quando fiz uma redação intitulada “O Cristo está nu” em pleno Coleginho. Depois foi a descoberta anos mais tarde da criatividade. Por fim, veio a interação com a leitura, que acho essencial para essa atividade”.
Quando fez a redação, uma amiga, Denise Barnabé, a mostrou para a mãe, dona Nilza, que era professora. “Ela me perguntou o que você quer ser quando crescer? Eu disse: professora. Ela respondeu que não deixaria que eu desperdiçasse o talento que tinha para escrever sendo professora”. Pediu que Anna fizesse algo ligado à escrita.
Eu escrevia diferente
“Para mim, isso foi uma surpresa. Eu achava que ela ficaria contente por eu querer ser professora, já que ela era uma. Naquela época, as mulheres que eu conhecia queriam ser professoras. E eu achava que qualquer pessoa alfabetizada poderia escrever. A dona Nilza me mostrou que a forma como eu escrevia era diferente”.
Não foi só a professora que gostou. A madre Adele também. Apesar de o título da redação encaminhar para outro entendimento, o que Anna fez foi uma comparação entre a vida de Cristo e as pessoas excluídas da nossa sociedade. “A consideração que tiveram com meu texto foi uma epifania para mim: então eu tinha um talento”.
Mais tarde, contou a escritora, já no antigo colegial, outra professora, dona Francisca, colocou três temas de redação na lousa e depois um quarto e disse esse ninguém conseguiria fazer. “O tema era um alfinete. Era um desafio para mim. Aí eu descobri a criatividade. Eu podia escrever o que eu quisesse e como quisesse”.
O último dos fatos marcantes foi descoberto com a atual presidente da Academia Saltense de Letras, Marilena Matiuzzi. Elas eram amigas de adolescência e a presidente lia muito. “Ela estava sempre antenada com as melhores leituras. A gente lia e discutia o que leu. Devo à Marilena o meu gosto pela leitura”, disse a escritora.
A intenção de Anna Osta com o livro “Crescer na Terra do Nunca” em HQ é oferecer um livro com informações importantes para os adolescentes nessa fase da vida. “Eu queria ter lido um livro assim na minha adolescência. Fiquei tão feliz com o traço do Laudo e com o resultado alcançado pela Mirarte. Para mim, é uma obra de arte”.
EVENTOS DE LANÇAMENTO
14 de setembro – HQ Fest Indaiatuba
Local: Shopping Jaraguá
Horário: das 10h às 19h
Evento: Quiosque de vendas, autógrafos, bate-papo com a escritora e o adaptador e presença de modelos caracterizados
20 de setembro
Local: Colégio Objetivo Cabreúva
Horário: a partir das 9h
Evento: Bate-papo com estudantes e sessão de autógrafos
22 de setembro – Itu Nerd Fest
Local: Espaço Almeida Junior, Itu
Horário: das 9h às 17h
Evento: Bate-papo com o público, stand de vendas e autógrafos
23 de setembro
Local: Colégio Ceunsp, Salto
Horário: 9h e 13h30
Evento: Bate-papo com estudantes e sessão de autógrafos
Outras informações Mirarte Editora (11) 9 5245-7722
Segunda turma do projeto ‘Caminhos Literários – Desvendando Clássicos’ da ASLe já está com inscrições abertas
A Academia Saltense de Letras, a ASLe, retoma no sábado (14) o projeto “Caminhos Literários – Desvendando Clássicos”, voltado para alunos do ensino médio que vão prestar o vestibular.
A partir de 9h30, na Sala Paulo Freire do Centro de Educação e Cultura, o professor Leandro Thomaz de Almeida, que também é acadêmico, Cadeira 33, falará de dois livros que estão na lista das leituras exigidas pela Unicamp: “Casa Velha” e “Morangos Mofados”.
De acordo com a presidente da ASLe, Marilena Matiuzzi, a ideia é aproximar a literatura dos jovens e prepará-los para o vestibular, especialmente o da Unicamp, através de encontros com renomados professores de literatura, que vão detalhar as obras e dar dicas.
O projeto começou no último dia 24 com a professora Ana Carolina Liberalesso Agnolini Wiggert, que falou sobre os livros “Niketche: Uma História de Poligamia”, da escritora moçambicana Paulina Chiziane, e “A Vida não é Útil”, do indígena brasileiro Ailton Krenak.
“Este projeto oferece análise aprofundada das obras literárias, estimulando o pensamento crítico dos alunos. A ASLe está comprometida em garantir acesso gratuito a atividades extracurriculares, com inclusão e igualdade”, disse a presidente.
Os encontros ocorrerão todos no segundo semestre de 2024. As inscrições são limitadas e devem ser feitas no link oficial do evento. A cada novo encontro será divulgado um novo link para as inscrições.
Estudantes recebem dicas para o vestibular da Unicamp em projeto da Academia Saltense de Letras
Em uma iniciativa inédita, voltada à boa formação dos alunos que farão o vestibular da Unicamp, a Academia Saltense de Letras iniciou, no sábado (24), por meio da professora Ana Carolina Liberalesso Agnolini Wiggert, o projeto “Caminhos Literários – Desvendando Clássicos” com “Niketche: Uma História de Poligamia”, de Paulina Chiziane, e “A Vida Não é Útil”, de Ailton Krenak.
A presidente da Academia, Marilena Matiuzzi, Cadeira 39, disse que esse projeto visa aproximar a literatura dos jovens e prepará-los para o vestibular, especialmente o da Unicamp, através de uma série de encontros com renomados professores de literatura, que ocorrerão ao longo deste segundo semestre de 2024 e abordarão as obras exigidas pela universidade de Campinas.
Ana Carolina disse que as duas obras são muito significativas para o vestibular por apresentarem temáticas específicas. Ela fez um estudo de cada obra para desvendar o que poderá ser perguntado. Em sua exposição aos estudantes inscritos e aos acadêmicos que compareceram, a professora explicou os pontos fortes de cada uma. Também deu dicas gerais para os vestibulandos se prepararem.
De acordo com Ana Carolina, a escritora moçambicana Paulina Chiziane explora em “Niketche” a vida de uma mulher chamada Rami. Ela descobre que seu marido, Tony, tem outras quatro esposas. A partir dessa revelação, inicia uma jornada de autoconhecimento e empoderamento, desafiando as normas patriarcais e explorando a dinâmica de poder e resistência na poligamia.
Para o vestibular, a professora ressaltou o contexto sociocultural da obra, que é centrada na poligamia e no papel da mulher na sociedade moçambicana. Disse que o personagem principal evolui ao longo da história e sai da submissão para a independência. “O livro faz crítica às estruturas patriarcais e à opressão das mulheres. E a autora enriquece a obra com uma narrativa poética e simbólica”.
Já no livro de Ailton Krenak, que é um líder indígena e ativista ambiental, Ana Carolina destaca como o modo de vida moderno se contrapõe à sabedoria ancestral dos povos indígenas. Krenak questiona o conceito ocidental de utilidade e progresso, propondo uma visão de mundo mais conectada à natureza e à coletividade. O livro traz uma série de ensaios e palestras que convidam à reflexão.
A professora destaca para o vestibular a crítica do autor ao modelo ocidental de sociedade de consumo e o conceito de utilidade, propondo uma alternativa baseada na simplicidade e na harmonia com a natureza. Ela pede que o vestibulando fique atento às questões filosóficas transmitidas de forma direta que o livro levanta sobre o sentido da vida, a crise ambiental e as relações humanas.
Mestre da Unicamp, Ana Carolina disse que o vestibular da universidade procura fazer o aluno pensar. Ela recomenda que eles comparem os temas de resistência e crítica social presentes em ambos os livros. “Cada um, à sua maneira, questiona e subverte normas estabelecidas. Esteja preparado para interpretar os textos pelo conteúdo e pelo que sugerem de mudanças sociais e culturais”.
Depois desse primeiro encontro, outros dois serão realizados em setembro e os estudantes interessados deverão se inscrever novamente por meio de um link que será divulgado próximo dos eventos: o primeiro com o professor Leandro Thomaz de Almeida, dia 14, a partir das 9h30, na Sala Paulo Freire do Centro de Educação e Cultura, e o segundo com José Altemir Dias de Oliveira, dia 28.
GIRASSOL
GIRASSOL 2
Por Andrade Jorge
Tua voz tem o tom que acalma,
Suavidade da nota musical,
Som que toca a alma,
E encanta feito melodia nupcial.
Teu jeito carinhoso revela paz
Renova o espírito no embate,
percalços que a vida traz,
e me revitaliza nesse diário combate.
Teu olhar é de cumplicidade
Mãos que se estende e suporta
Braços que abraçam a felicidade
E sorriso que contagia e conforta.
Assim és feita como girassol em flor
Protege o sentimento das intempéries
Mas, mostra-se doce e terna para o amor.
14/08/2023
AS COISAS COMO NÃO SÃO
CONCÓRDIA, DISCÓRDIA
Concórdia, discórdia, desentendimentos que geram um clima de inimizade entre os envolvidos, pior que isso são os que tomam partido, esse apoio só coloca combustível na discórdia.
Cada um expõe seu ponto de vista, como se fosse candidato a algum cargo, tentando mostrar que o errado é o outro lado, e se acontece dentro da família é preciso muita atenção, para não levar à desestruturação da árvore familiar, onde laços de sangue não tem mais significado algum, e fica cada segmento de família em seu canto, curtindo sua raiva, ira, e se amanhã ocorrer um desenlace, não adianta chorar.
Na sociedade em geral, o nível de desentendimento está aumentando, prolifera o ódio, contra o amor, basta ver ou ler noticiários, mortes por motivos banais, filho ceifando a vida de pais, irmãos contra irmãos, alunos que matam professores, racismo imperando, guerra de gêneros, feminicídio num crescente acelerado, quanto a este fato criaram a tal lei Maria da Penha, que ao meu ver de nada adianta, mesmo com a restrição de não poder chegar perto da mulher, normalmente 500 metros, elas continuam sendo assassinadas. Penso que deveriam colocar uma tornozeleira no homem com essa restrição, chegou perto uma Central recebe o alerta.
A beligerância aumenta no mundo, todos os dias informativos da guerra Rússia versus Ucrânia, mortes violentas, destruição, de repente o noticiário diminuiu, mas não foi porque essa guerra acabou, pelo contrário aumenta cada vez mais, ocorre que outra tomou conta da imprensa mundial Jerusalém versus Palestina da Faixa de Gaza, e as cenas que vemos pela televisão é a miséria humana.
Eu me pergunto: para qual caminho a humanidade está indo?
Você percebe que a beligerância começa dentro da família, e o ódio vai criando ramificações, e se instalam na cabeça, nos corações dos mandatários de empresas, instituições, politica, países. Seria o fim se prenunciando? Haverá uma nova Arca de Noé? Em tempos modernos a Arca seria substituída por naves espaciais.
Pois é da rua da sua casa, para uma nave espacial, “está tudo se consumando”.
Tudo bem, mas pelo menos melhore a relação dentro de sua casa, e vamos para Marte em paz.
–
AUTOR ANDRADE JORGE, Escritor, Poeta. Membro Efetivo da Academia Saltense de Letras, Cadeira 34
–
XXXII Prêmio Moutonnée de Poesia
Neste ano, em sua 32ª edição, o prêmio de poesia mais tradicional do país traz o tema Natureza, qual é a tua?, explorando a ideia da natureza como essência, origem e fim. Mas, diante de tantas, imediatas e céleres transformações, o que resta de nossa essência? O que muda e o que se mantém? Como garantir que o natural esteja em nós, se o outro nos parece tão desnaturalizado? Que natureza queremos que seja a nossa? Com que cores queremos mimetizar nossas dores diante do mundo? Com que forças queremos agir para garantir nossa natureza?
História – Criado em 1990 pelo jornalista Oséas Singh Jr., então Diretor da Cultura do município de Salto – SP, o prêmio nasceu celebrando o tombamento do Parque da Rocha Moutonnée pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo.
Na primeira Antologia Poética dos trabalhos classificados, publicada em 1991, o Prêmio apresentou seu DNA longevo: “A beleza do contato leitor-poesia clama, com urgência, pelos incentivos culturais. O universo interpretado poeticamente tem sua melhor descrição: a da sensibilidade e da intuição. A poesia ajuda o homem a viver melhor o exercício dos sentidos, por isso desejamos e apoiamos sempre mais o aparecimento e o desenvolvimento desses artistas”.
No prefácio, da mesma antologia, há uma citação do filme Sociedade dos Poetas Mortos, em que o professor diz a seus alunos: Não se lê poesias por serem bonitinhas… Mas sim porque somos membros da raça humana. E raça humana está imbuída de paixão. Medicina, Direito, Administração, Engenharia… são ocupações nobres, necessárias à vida. Mas poesia, beleza, romance, amor… isso é o que nos mantém vivos!
É possível dizer que, tanto a poesia como o pensamento tocam tudo, nada lhes escapam. Inclusive o próprio nada, pois o nada enquanto lugar da angústia é realidade possibilitadora do homem criar. Do nada o homem cria.
Parceria –No ano de 2021, em sua 29ª edição, o Prêmio firmou fecunda parceria com a ASLe (Associação Saltense de Letras). Compromisso sedimentado pela Lei 3.860, de 16 de junho de 2021. O objetivo é que este patrimônio artístico tenha mais autonomia, que tenha resistência às lacunas causadas por políticas culturais escusas. A parceria selada entre a Secretaria da Cultura e a ASLe (Academia Saltense de Letras), tornando esta a guardiã artística do Prêmio, foi, sem dúvida, uma extraordinária contribuição, tendo em vista o elevado nível do evento. De fato, foram mais de 1.000 trabalhos inscritos, com participação, além de todo o Brasil, de mais outros sete países: Angola, Moçambique, Estados Unidos, Alemanha, Itália, Portugal e Austrália, reafirmando o estímulo à diversidade, por parte do Prêmio.