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Informações gerais

Cadeira: 1
Posição: 2
Ocupantes anteriores: Ettore Liberalesso
Data de nascimento: 12/01/1993
Naturalidade: Itu - SP
Patrono: Ettore Liberalesso
Data de posse: 02/12/2017

Biografia

Ituano de nascimento e saltense de coração, Marco Rafael Leite Ribeiro mudou-se para Salto quando tinha treze anos de idade. Em sua formação básica, estudou em escola pública a vida inteira, concluindo o ensino fundamental e médio na Escola Estadual Irmã Maria Nazarena Correa, além disso, fez cursos técnicos no SENAI e no IFSP.

Graduado em História e Sociologia.

Pós-graduado (especialização) em Sociedade e Cultural.

Cursou um semestre como aluno especial no Instituto de Geociências da Unicamp.

Possui formação de extensão em Gestão de Patrimônio Material e Imaterial e História da África.

Pós-graduando em Ensino de Geografia.

Atualmente leciona em escolas públicas e privadas de Cabreúva, Itu e Porto Feliz.

É pesquisador no Museu da Música - Itu.

Colunista semanal no Jornal Primeira Feira, onde assina a coluna "um dedinho de prosa".

É casado, tem dois filhos e mora em Cabreúva.

Bibliografia

Semanalmente publica textos na coluna "um dedinho de prosa" do Jornal Primeira Feira.
Prefácio do livro O Segredo Cigano, de Odair Schiavone.
Orientador do conto premiado com a segunda colocação no Concurso de Contos promovido pela ASLe (o livro com os textos premiados foi publicado pela Academia de Letras).
Texto: Tradições e Práticas na Zona Rural Paulista, publicado no Mosaico Literário da ASLe.

Discurso de posse

Bom dia a todos. Meus caros, iniciou aqui meu discurso dizendo que a atividade de recolher roupas nunca mais terá o mesmo significado para mim. Era o que eu estava fazendo quando abri o e-mail do Professor Ferrari no meu celular e lá estava escrito com toda elegância característica da escrita de um homem que, com toda sua experiência nos motiva a buscar escrever cada vez melhor. Sempre que tenho que responder um e-mail do meu padrinho releio o texto dezenas de vezes antes de clicar em enviar. Um bom mestre está sempre ensinando, mesmo sem a intenção de fazê-lo.

Autoridades presentes, acadêmicos, familiares e amigos, fico feliz em poder compartilhar com todos vocês este momento. O dia 02 de dezembro de 2017 está sendo uma data de muita emoção. Alegria, ansiedade e entusiasmo se misturam. No final do ano passado, como de costume tracei algumas metas em minha vida, uma delas, algo que parecia tão distante. Academia Saltense de Letras? Imagine... Pois bem, um sonho o qual não se traça um plano para realizá-lo, jamais será uma meta a ser alcançada, ficará apenas no plano dos sonhos. E por isso sonhei, contei, planejei, trabalhei, por isso... cá estou.

Contei o sonho a alguns familiares e amigos inspirado em uma das narrativas bíblicas do Antigo Testamento, a história de José do Egito. Uma leitura que serve de motivação para nós sonhadores, uma história que inspira pois, quando o jovem José contou seus sonhos, muitos não acreditaram, muitos zombaram, mas ele não desistiu, se apoiou naqueles que o motivaram e acreditavam no seu potencial. José trabalhou e o final nós bem conhecemos. Poderia citar aqui vários exemplos da história que me inspiram, mas, ao escrever o discurso, essa não saia da minha cabeça.

Bom, no começo do ano, aqui mesmo na Biblioteca Municipal da cidade, puder ver uma das metas se concretizando, muitos de vocês viram e participaram da Semana Cultural Ettore Liberalesso. Uma ideia maluca e ousada, um sonho que minha família e eu acreditávamos ser possível de se realizar. Queria um evento que levasse a história da cidade de Salto à sua gente, queria um evento que homenageasse um grande historiador e exemplo para nós, pesquisadores. Posso lembrar claramente do dia em que fiz um primeiro contato com Anna Osta, presidente da ASLe. Foi por e-mail. Escrevi que tinha uma ideia para um possível evento cultural na cidade e, para minha grande surpresa, logo chega a resposta positiva e entusiasmada dessa pessoa que, com toda delicadeza, carinho e transmitindo motivação, aprovou, abraçou e lutou pela causa. A partir daí, fui conhecendo os demais acadêmicos que, com a mesma afabilidade, empenharam-se em realizar o evento. E, de repente, lá estava o jovem Marco no meio de pessoas as quais lia, ouvia falar e sentia e sente até hoje grande admiração e respeito.

O evento foi um sucesso. Foram cinco dias de história e memória. Foram dias em que a cidade fora exaltada através da memória de Ettore Liberelesso. Como esquecer as palavras do Professor Antônio Oirmes Ferrari no encerramento do primeiro dia do evento: Professor Marco, que prazer, você não gostaria de fazer parte da Academia Saltense de Letras? – Abracei-o com bastante emoção e só consegui responder: é meu sonho. E adivinhe qual foi a primeira coisa que contei para minha mãe e meu padrasto que me esperavam no quarto?...

Como professor me preocupo se meus alunos irão compreender o conteúdo, mas não só isso, me preocupo também conseguirão desenvolver um raciocínio crítico acerca dos fatos históricos e realizar uma comparação com o momento presente. Em tempos atuais, estudar História vem sendo fundamental para o desenvolvimento de um pensamento questionador. A História como “mestra da vida” – citando o orador e político da Roma Antiga Marco Túlio Cícero – nos ajuda a desenvolver a valorização dos povos e das diferentes culturas, quebrando paradigmas e preconceitos e, com isso, lutar por um desenvolvimento social em suas várias esferas.

Como pesquisador, movido pela curiosidade e vontade de aprender, sinto a necessidade de levar ao público as pesquisas feitas. Sinto a necessidade de levar os debates acadêmicos à sociedade. Diante de tal fato, um grupo de amigos de faculdade que permanece até hoje pesquisando junto, decidiu escrever a história de Salto para o jornal local. Na ocasião, a mídia que abriu a porta para os novos escritores foi o Jornal Estância. Durante o ano de 2016, os professores Rodrigo, Natan, Emerson, Isaque e eu, assinamos a coluna mensal chamada “Memória Saltense” com textos e curiosidades sobre a nossa querida Salto, terra que acolheu há dez anos este ituano que aqui vos fala.

Após um ano de pesquisas sobre a História Local, encerramos as atividades no Estância e iniciei um novo desafio: escrever semanalmente, agora no Jornal Primeira Feira. Toda sexta-feira é publicada uma história de Salto ou da grande Itu, alguma curiosidade ou reflexão acerca de um determinado acontecimento.

Tomei gosto pela História Regional no terceiro semestre do curso de Licenciatura em História do CEUNSP, na disciplina com esse mesmo nome ministrada pelo Professor Luís Roberto de Francisco. Deixo aqui registrado o carinho que sinto por esse mestre e amigo que teve enorme participação nesta conquista.

Mestre... uma palavra forte, um título honroso. Em uma pesquisa rápida no dicionário nos deparamos com alguns dos significados do termo, vou citar dois: artista de grande mérito e pessoa que domina muito bem uma arte, uma profissão, uma atividade. A escrita da História de Salto teve um grande mestre: Ettore Liberalesso, um autodidata, como define sua filha Anita.

Incansável pesquisador, leitor assíduo. “Tudo que cai na minha mão eu leio”, dizia esse homem que tanto fez pela cidade.

Não tive a oportunidade de conhecê-lo pessoalmente. Em 2012 partiu contar as histórias da terra de Tavares aos anjos. Aqui, ficou eternizado em nossas memórias. Tomo a liberdade de chamá-lo de mestre. Dominava a arte de pesquisar. Dominava a arte de esculpir um texto e encantar com a obra finalizada. Brincava com histórias da cidade nos jornais, contava e encantava o leitor saltense.

Historiador e jornalista, não por formação acadêmica, mas sim por formação de anos no ofício, era um apaixonado e conhecedor de sua terra. Participou da Comissão de Nomenclaturas de Ruas de 1979 até pouco antes de seu falecimento. Teve também uma carreira política, foi vereador entre os anos de 1952 e 1959 pela UDN, época em que não havia ônus para tal função.

Em 1987, lança a obra Salto: História, Vida e Tradição, reeditada no ano de 2000. Dois anos depois nasce o livro Salto: História de suas ruas e praças, influenciado por seu trabalho na Comissão de Nomenclatura. No ano de 2006 é a vez de Famílias de Salto chegar ao público saltense. Pouco depois, outra obra envolvendo a as ruas da cidade intitulada As mais de mil ruas de Salto. 2009 a cidade é contemplada com mais duas obras do autor: Salt, sua história, sua gente e Famílias de Salto. Por fim, em 2012, após anos escrevendo sobre a cidade e sua gente não poderia faltar sua própria história, é lançado Ettore: autobiografia mesclada à História.

Não bastasse toda essa rica contribuição, Liberalesso foi o mediador entre os doadores de objetos e o espaço que seria construído o Museu da Cidade que, em justa homenagem leva seu nome. Nas palavras escritas pela confreira Cristina Salvador em um texto sobre Ettore Liberalesso “o Museu é a própria materialização da paixão que Ettore nutre por Salto e sua história”.

Em junho de 2008, Salto ganhava mais um presente, um grupo de intelectuais, entusiastas e lutadores pela cultura fundavam a Academia Saltense de Letras, tendo o mestre como primeiro presidente e fundador, ocupante da Cadeira de número 1. Meus caros, a honra em tomar posse na ASLe é muito grande. Sinto-me neste momento privilegiado. A honra se torna imensamente maior quando sei que a partir de hoje serei eu o ocupante de tal Cadeira. Faltam-me palavras para descrever a emoção. Sei o tamanho da responsabilidade que assumo a partir de hoje e, fico feliz em poder compartilhar o momento com todos vocês.

A jornada é longa, a escrita da história é algo que deve ser levada a sério. O público deve tomar conhecimento do meio ao qual está inserido e do qual é agente protagonista. Identidade é a palavra-chave. Um povo que conhece a sua história é um povo forte e vitorioso. Tamanha é a responsabilidade de nós, historiadores. É sabendo disso que me coloco a disposição da ASLe como pesquisador, contribuirei com o que for possível para o desenvolvimento cultural de nossa cidade e honrarei o nome desta honrada Academia. Acima de tudo, quero aprender com cada um de vocês, confrades e confreiras, sei que poderão me ensinar muito e disso me aproveitarei.

Para encerrar, gostaria de agradecer em especial à minha família. Esta que esteve sempre presente em minhas decisões. Esta que sempre teve paciência para escutar minhas ideias e sempre acreditaram que seria possível. Minha mãe e meu padrasto tinham a certeza que este dia chegaria e sonharam junto comigo.

Por fim, cito aqui uma de minhas frases favoritas, escrita pelo historiador britânico Peter Burke: as piores barreiras são aquelas que não são visíveis – e completo eu – geralmente são criadas por nós mesmos.

A todos fica meus agradecimentos, obrigado pela atenção e novamente tenham um bom dia.