Maria Christina Noronha Liberalesso

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Posse

Posse na Academia Saltense de Letras

Data: 15 de junho de 2014

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Informações gerais

Cadeira: 17
Posição: 1
Data de nascimento: 28/05/1950
Naturalidade: São Paulo/SP
Patrono: Antoine de Saint-Exupéry
Data de posse: 15 de junho de 2014
 

Biografia

 Maria Christina Noronha Liberalesso é filha de Yolando de Noronha e Diva Prado Noronha. Com nove anos de idade mudou-se para Salto tendo estudado nesta cidade, em Itu, onde fez o curso de Direito e em Campinas onde concluiu Pós Graduação. Lecionou em Educação Infantil, Educação Supletiva, Ensino Básico, Ensino Médio e no Curso de Graduação em Direito. Atuou como advogada autônoma e prestou serviço junto à Procuradoria do Estado de São Paulo. É surda, fez cursos de Língua de Sinais e Pós Graduou-se em Libras. É viúva, tendo sido casada por trinta e cinco anos com Paulo de Tarso Liberalesso com quem teve dois filhos, tem cinco netos.

Bibliografia

 "Estudo Etiológico e Legislativo sobre a Surdez"
   (Universidade Tuiti do Paraná, 2011)

Discurso de posse

Maria Christina Noronha Liberalesso
DISCURSO DE POSSE
15 de junho de 2014.
CADEIRA 17
ANTOINE SAINT EXUPÉRY
Ilmo. Sr. Dr. Antônio Oirmes Ferrari, Digníssimo Presidente da Academia Saltense de Letras, Excelentíssimos Senhores membros desta Academia, autoridades presentes e representantes, prezados convidados, caros amigos, queridos familiares. Preliminarmente quero evidenciar a imensa honra de estar diante de pessoas tão ilustres e ao mesmo tempo tão caras para mim. Este é um momento especial na minha trajetória de vida e gostaria de fazer alguns agradecimentos, pois como dizia Willian Shakespeare: “A gratidão é o único tesouro dos humildes”. Inicialmente quero agradecer a Deus, o Grande Arquiteto do Universo. A seguir, desejo expressar minha gratidão ao Presidente da Academia Saltense de Letras que me acolheu com calorosa afeição e honrou-me com sua confiança. Também quero exprimir meu reconhecimento a todos meus caros amigos, membros desta Academia, que me deram a honra de com eles comungar deste espaço e aprender nesta ágora contemporânea. Ao meu padrinho, Dr. Lázaro José Piunti, agradeço a grande homenagem que me prestou indicando meu nome para fazer parte de tão seleto grupo. Ao já conhecido “Criador de Academias” meu reconhecimento por seu apreço e seu carinho. Como este é um momento de celebração, não posso deixar de gratular quatro pessoas que não mais estão neste plano terrestre. Meus pais, Yolando e Diva que me deixaram as maiores riquezas: a educação e a honradez. Meu marido, Paulo de Tarso, que me acompanhou e incentivou durante quarenta anos, deixando-me os maiores tesouros deste mundo, meus filhos, Paulo de Tarso e Paulo Breno. E o Sr. Ettore Liberalesso, um dos fundadores desta Academia, meu sogro, que por inúmeras vezes afirmou ter-me adotado como filha e que agora, em outras paragens, tenho certeza, está repetindo uma frase que me disse muitas vezes: “Vai firme menina!”. Certa vez, li em um livro infantil: “As pessoas não morrem, ficam encantadas”, vocês, meus queridos, permanecerão sempre vivos, encantados, em minha memória e em meu coração. Estou vivendo um momento de inusitada emoção, um momento peculiar em que descortino uma imensa paisagem literária da qual com toda humildade passo a ser integrante. Dou-me conta de que fui precedida por grandes personagens e que, como disse Isaac Newton: “Mesmo diminutos, estamos sobre os ombros de gigantes”. Sinto-me emocionada, feliz e honrada por assumir este lugar que julgo estar muito além da minha capacidade, mas que lutarei para respeitar e dignificar. Foi com grande júbilo e incontido orgulho que escolhi para meu patrono Antoine Saint Exupéry, grande nome da literatura francesa do século XX. Falar sobre ele é ao mesmo tempo simples e complexo. Fácil porque todos os presentes, com certeza, lembram-se de “O Pequeno Príncipe”, o terceiro livro mais lido em todo o mundo, o primeiro é a Bíblia e o segundo é “O Peregrino”. Laborioso porque, embora tenha um estilo simples e direto, Saint Exupéry aborda várias questões de seu tempo quando o mundo se voltava para a ação e a tecnologia. Antoine-Jean-Baptiste-Marie-Foscolombe de Saint Exupéry nasceu em Lyon, dia 29 de junho de 1900. Teve um casamento difícil com Consuelo de quem separou-se várias vezes. Podemos afirmar que ela foi sua musa, mas também a responsável por grande parte de sua angústia. Foi escritor, ilustrador e piloto. Apaixonado desde a infância pela mecânica, com 21 anos obteve o brevê de piloto civil e com 26 começou sua carreira como piloto de linha. Foi um dos pioneiros que em aparelhos a hélice, sem pressurização sobrevoou o Saara e a cadeia andina para levar à África e à América do Sul o correio aéreo da Europa. Em seu trabalho, negociou com as tribos mouras a libertação de pilotos franceses e esteve durante meses em Nova Iorque tentando convencer os norte-americanos a participarem da Segunda Guerra Mundial contra os Alemães Nazistas. Saint Exupéry fez alguns pousos no Brasil porque a empresa para qual trabalhava tinha uma base de abastecimento em Florianópolis, por lá ficou conhecido como “Zé Perri”. Em sua obra “Voo Noturno”, o autor cita esta cidade. Atualmente, uma pousada leva o nome abrasileirado do autor; a “Pousada Zé Perri”, localizada na praia do Campeche em Florianópolis. Sua última tarefa como piloto foi recolher informações sobre os movimentos de tropas alemãs em torno do Vale do Ródano antes da invasão aliada do sul da França. Na noite de 31 de julho de 1944 ele decolou de uma base aérea na Córsega e não retornou, seu corpo nunca foi encontrado. Como escritor, tem uma obra fascinante que abrange gêneros distintos embora se refira sempre a sua experiência como piloto, como homem que percorreu o mundo como viajante e como participante de inúmeras aventuras. A maior parte de suas obras foi escrita fora da França durante a solidão imposta pela vida de piloto. O autor mostra sua sensibilidade ao tentar entender os sentimentos humanos. No livro “Um sentido para a vida” encontramos o conto “A Espanha ensanguentada” onde ele relata como os sentimentos dos homens podem ser contraditórios. Ele relata que durante a Guerra Civil Espanhola houve o desmoronamento de uma mina ficando um trabalhador preso entre as vigas. A cidade parou, os homens passaram a escavar as entranhas da terra, as mulheres oravam, as crianças choravam. Nesta mesma hora, em outro ponto da Espanha, a Guerra Civil reinava, irmãos matavam-se sem saberem ao certo o motivo. O autor conclui que os valores estão equivocados e o universo está gritando por socorro. Seus quatro primeiros livros referem-se à vida de aviadores. “Correio Noturno” narra a solidão e o heroísmo dos aviadores nos anos iniciais da aviação, enfrentando a morte, com mapas e máquinas rudimentares. “Voo Noturno” foi baseado em um fato real e relata o desaparecimento de um avião nos Andes. “Terra dos Homens” é a descrição do trágico acidente que o autor teve no deserto do Saara. “Piloto de Guerra” é uma explicação da vida dura e fria de um piloto que participa de uma guerra. “O Pequeno Príncipe” foi sua obra mais grandiosa. A edição original foi publicada nos Estados unidos em 1943 e na França em 1946, os franceses só conheceram “O Pequeno Príncipe” como obra póstuma. Foi a obra literária mais traduzida em todo o mundo, para mais de duzentos e cinquenta idiomas e dialetos, tendo vendido mais de 140 milhões de cópias ao redor do mundo. Em uma primeira leitura, aparenta ser um livro para crianças, há muitas aquarelas, os parágrafos são curtos e o vocabulário bastante acessível, no entanto esta obra pode também ser considerada filosófica. O livro nos leva à reflexão sobre a maneira de nos tornarmos adultos, entregues às preocupações diárias, esquecidos das crianças que fomos e que somos. Em uma das frases afirma: “Todo homem traz dentro de si o menino que foi. Todas as pessoas grandes foram um dia crianças, mas poucos se lembram disto”. O relato é repleto de simbolismo. O protagonista vivia sozinho em um minúsculo planeta onde havia uma flor de grande beleza e igual orgulho. Foi o orgulho da rosa que arruinou a tranquilidade do mundo do Pequeno Príncipe e o levou a começar uma viagem que o fez repensar sobre o que é realmente importante na vida. A rosa foi inspirada em Consuelo que nasceu em El Salvador, um país conhecido como “Terra dos Vulcões”, podendo-se inferir de onde veio a ideia para o lar do principezinho ser o asteroide B-612. O perigo que os baobás representavam também está relacionado com a realidade, nada mais é do que o Nazismo representava para Saint Exupéry. O Pequeno Príncipe é um apanhado de parábolas existencialistas. Também merecem destaque outros três livros do autor: “Carta a um refém” em que ele se dirige a todos os franceses que estão reféns dos alemães, “O amor do Pequeno Príncipe” com cartas escritas por ele a uma mulher por quem se apaixonou e nunca revelou a identidade e “Cidadela” cujas últimas anotações são da véspera de seu desaparecimento. Fiquemos apenas com dois pensamentos desta obra: sobre colaboração “A pedra não tem esperança de ser outra coisa que não pedra. Mas ao colaborar, ela congrega-se e forma-se templo.” e sobre o amor “Não confundas o amor com o desejo de possuir, que acarreta os piores sofrimentos. Porque, contrariamente à opinião comum, o amor não faz sofrer. O instinto de propriedade, que é o contrário do amor, esse é que faz sofrer... O amor verdadeiro começa lá onde não espera mais nada em troca." Agora, finalizando, quero agradecer a presença de todos e me desejar boa sorte neste empreendimento já que, estou certa, será difícil, mas muito prazeroso. Muitos ficam surpresos quando alguém da minha idade diz querer isto ou aquilo da vida. Na verdade, penso que as pessoas que deixam de lutar por seus sonhos é porque tem medo da decepção e da derrota. Não estou temerosa, apoio-me em uma expressão cunhada pelo apóstolo São Paulo “combater o bom combate e manter a fé”. O bom combate é aquele travado porque o nosso coração pede. O bom combate é travado em nome de nossos sonhos. Há imensa alegria no coração de quem está lutando, não importa nem a vitória nem a derrota, mas somente olhar o mundo como se fosse uma pergunta e ao respondê-la dignificar nossa vida. Nada melhor para terminar minha fala do que citar mais uma maravilhosa frase de Saint Exupéry; “Aqueles que passam por nós não vão sós, não nos deixam sós, deixam um pouco de si, levam um pouco de nós”. Pretendo então, a partir de agora, levar um pouquinho de cada um de vocês e deixar-lhes o máximo que puder de mim. Obrigada.

Prefácio de livro

 

PREFÁCIO DO LIVRO “O PRIMO DO MEU IRMÃO ARLINDO... e o primo do Primo!”, de Lázaro José Piunti

 

Sinto-me feliz e preocupada ao prefaciar este livro.

Feliz, porque considero uma grande honra apresentar uma obra, processo de labor e dedicação, deste autor que consagra grande parte de sua existência a nossa literatura.

Preocupada, porque imagino que tal trabalho está muito além da minha aptidão para revelar toda sensibilidade e versatilidade do já conhecido “semeador de academias” Lázaro José Piunti.

Conheci Piunti quando ainda éramos adolescentes e ele já se encontrava comprometido com lutas sociais. Convivemos na Faculdade de Direito quando fomos contemporâneos e ele envolvera-se ainda mais na batalha por um mundo melhor, dedicando-se à política. Seguimos caminhos diversos e somente agora o reencontrei, como o grande literato que é, sem ter abandonado a poesia da voz, o carinho do olhar, o coração repleto de ternura e amor ao próximo.

Mais uma vez, o escritor Lázaro José Piunti nos brinda com um livro.

Já conhecido por seus encantadores poemas e contos fascinantes, para adultos e crianças, agora lança mão de um estilo totalmente diferente.

De forma mordaz, satírica, ele apresenta a face e a interface do ser humano.

São estas representadas nas figuras do Primo e do primo do Primo.

O Primeiro é um homem bom, cidadão honrado e útil à sociedade.

O outro é a antítese do bem, sujeito vil e fútil, indivíduo oportunista que sempre procura tirar proveito das circunstâncias.

Ao denominar o homem do bem como “Primo do meu irmão Arlindo”, planta uma dúvida: afinal, se é primo do seu irmão, não é logicamente seu primo também?

E o primo do Primo...

Pronto, a confusão está estabelecida.

Encontra-se aí a essência desta obra jocosa, diferente e jovial, produzida pelo acadêmico Piunti que, como homem de caráter que é, acredita sempre na vitória do bem sobre o mal.

Enfim, conquistada por esta envolvente construção literária e tomada de imensa alegria, apresento e recomendo este livro que, além de oferecer aos leitores momentos de deleite, irá ocasionar boas risadas e, como os anteriores, ajudará entidades filantrópicas e afins.

 

Maria Christina Noronha Liberalesso

Membro da Academia Saltense de Letras

Cadeira 17 – Patrono Saint Exupéry

 

*Maria Christina Noronha Liberalesso é professora,

pós graduada em Libras, advogada e escritora.