Titular, há pouco mais de três anos, da cadeira 5 da Academia Saltense de Letras, ela se diz ‘ligada nos 220’ pela intensidade das atividades
A escritora Mônica Leite de Araújo Dalla Vecchia, cadeira 5 da Academia Saltense de Letras, patronesse Clarice Lispector, e aniversariante da quinta-feira (5), se define como uma pessoa “ligada nos 220 volts”, dada a forma como se entrega às inúmeras atividades que desenvolve além da literatura.
“Nunca consegui ser metade. Procuro me afastar de tudo o que é morno. Gosto de me envolver em várias atividades diferentes ao mesmo tempo, às quais me entrego totalmente. Entrei na escola já aos 2 anos. Se eu pudesse fazer tudo de novo, escolheria o universo das letras e o magistério. Amo as palavras”, disse.
Essa paixão pela língua portuguesa a fez se graduar em letras (português/latim) pela USP, a se tornar mestre em Ciências da Linguagem pela Sorbonne e doutora em Linguística Geral e Aplicada pela Sorbonne-Nouvelle e a integrar o Laboratório de Estudos Sobre a Aquisição e Patologia da Linguagem, em Villejuif, na França.
Pesquisas e estudos
Mônica Leite de Araújo Dalla Vecchia morou dez anos em Paris, onde desenvolveu pesquisas sobre a língua portuguesa e estudos sobre as interações discursivas e do desenvolvimento da aprendizagem da escrita, realizados no laboratório da Universidade René Descartes e no Centro Nacional de Pesquisa Científica.
A sua sólida formação acadêmica vem de uma base consolidada em colégios de freiras, no Rio de Janeiro, onde nasceu e viveu até os sete anos, por meio da Escola Madre Nazarena Majone, das Filhas do Divino Zelo, e depois em São Paulo, para onde se mudou com a família, no Colégio Cristo Rei, das Irmãs Agostinianas Missionárias.
Caçula da família e com diferença de dez anos do irmão mais próximo, ela entrou para a escola aos dois anos para interagir com outras crianças e depois disso não parou mais de estudar. Além da formação, após voltar da França, se integrou ao Projeto de Internacionalização da Língua Portuguesa, realizado pela Unesp.
Leitura dinâmica
Desde cedo desenvolveu uma relação muito forte com os livros. Mesmo antes de saber ler e escrever, incentivada pelo pai, que sempre a presenteava com a Coleção Disquinho, pequenos discos de vinil onde se narravam os clássicos infantis, Mônica se apaixonou pelos livrinhos que os acompanhavam.
“Aquilo me encantava e me fazia sonhar. Eu mergulhava no mundo imaginário de uma forma tão intensa, que lembro que me escondia debaixo da mesa, morrendo de medo, para ouvir a história de ‘Pedro e o Lobo’. Na faculdade, li praticamente todos os clássicos das literaturas brasileira e portuguesa”, conta.
A escritora revela que não só lia de tudo, mas lia rapidamente. “Fiz um curso de leitura dinâmica na USP e lia 50 páginas em 25 minutos. Quando morei em Paris, aprofundei-me na literatura francesa, clássicos e contemporâneos. Enfim, a literatura sempre foi uma grande companheira ao longo de toda a minha vida”.
Identidade feminina
A produção literária da escritora se concentra mais na área técnica da linguagem. Ela escreveu, por exemplo, “Aquisição da Linguagem: Uma Abordagem Psicolinguística”, pela Editora Contexto, e também foi coautora de “Educação em Debate”, pela Biscalchin Editor, além de participar de revistas científicas no Brasil e na França.
A incursão pela escrita mais literária aconteceu a partir da posse na Academia Saltense de Letras em novembro de 2019, o que lhe permitiu participar de duas coletâneas com outros acadêmicos: “É de Sonho e de Pó”, enfocando a pandemia, em 2021, e “Natureza: eu, tu e ela, de 2022, sobre o meio ambiente.
Agora a escritora desenvolve a sua primeira fábula. Ela não tem ainda muitos detalhes para contar, mas se diz entusiasmada. Os projetos não param. Até o final deste ano, Mônica Leite de Araújo Dalla Vecchia pretende lançar também um romance e para o futuro um trabalho que aborde a identidade existencial feminina.
Eletricidade à prova
A escritora afirma que está sempre em processo de aprendizado e avalia que um dos lugares onde mais aprende é com os jovens em sala de aula, para quem leciona. Atualmente, ela dá aula de gramática para alunos no ensino médio e no Cursinho Anglo e comanda o canal “Gramática Sem Trauma”, no Youtube.
“Para ser um bom educador, é preciso manter a humildade e jamais imaginar que sabe tudo ou que seu conhecimento é suficiente”, atesta. A escritora afirma que aprendeu com o pai, vicentino há 65 anos, a importância da caridade e a pratica no Rotary Club de Salto, onde diz transformar sonhos em ações.
“Também amo o esporte. Fui da Federação Paulista de Handball e já joguei muito vôlei e tênis. Na Europa, jogava golfe e fazia aulas de esgrima. E, neste ano, venci um grande desafio aos 51 anos: subi, até com certa facilidade, o Mont Blanc, a mais alta montanha dos Alpes e da União Europeia, com 4,8 mil metros de altitude”.
Titular da cadeira 36 da Academia Saltense de Letras, ele pretende lançar o trabalho no segundo bimestre deste ano
O escritor, ator, professor e amante das artes dramáticas, musicais e literárias Dimas Siqueira Silva, titular da cadeira 36 da Academia Saltense de Letras, patrono Vinícius de Moraes, que aniversariou no primeiro dia do ano, prepara mais um livro: “Peeira”, a história de uma fada que tem o poder de dominar os lobisomens.
Este será o terceiro livro do acadêmico. A previsão dele é que o lançamento ocorra no segundo bimestre deste ano. A elaboração já está em fase final de produção. Mas o escritor não quis adiantar mais detalhes. Preferiu manter o mistério, já que explora um universo que permite muita imaginação e perspectivas.
O primeiro livro de Dimas Siqueira Silva foi “O Berçário das Almas, o Gótico”, que foi escrito em parceria com Luciana Martins Pereira, obra na qual eles buscaram demonstrar a arte gótica em geral, desde a arquitetura, pintura e escultura, iniciadas no século XIX, até a literatura, música e comportamento dos séculos XIX e XX.
Ele conta que o livro surgiu em 2011 da afinidade de gostos, tendências, pensamentos filosóficos e experiências sonhadas e vividas pelos autores em suas vidas pessoais, além de uma influência de cartas que trocaram entre si desde o início da amizade que mantêm do período da adolescência dark dos anos 90.
Depois dessa publicação, Dimas Siqueira Silva lançou “O Berçário das Almas, o Sigilo de Lúcifer”, também em parceria com Luciana Martins Pereira. Este segundo livro de 2021 continua o primeiro. Naquele inicial, o jovem Cícero era melancólico e sonhador. Ele vivia atormentado por fantasias e realidade. Mas agora evolui.
De acordo com o autor, o jovem experimenta um intercâmbio na Universidade de Coimbra, em Portugal, onde tem a chance de conhecer Ordens Secretas e um culto místico que mostra o oculto. As sendas dos mistérios vão se revelando, mas ele mantém a poética gótica que apresenta desde o início da sua trajetória.
Apesar de se considerar ainda um aprendiz das artes literárias, Dimas Siqueira Silva está envolvido com o meio desde pequeno. Nascido na madrugada de primeiro de janeiro 1973, em São Paulo capital, ele sempre foi um amante da literatura. Fez letras português/inglês e tem como sonho realizar uma feira de troca de livros com a participação dos escritores para difundir a leitura.
Escritor que aniversaria nesta quinta-feira (22), ele conta que também se satisfaz muito ajudando outros escritores a publicarem seus livros
O escritor, professor, jornalista e empresário franco-brasileiro Jean Frédéric Pluvinage, cadeira 26 da Academia Saltense de Letras, patrono Sócrates, que aniversaria nesta quinta-feira (22), afirma que escrever contos e ajudar outros escritores a publicarem seus livros são atividades que o realizam na literatura hoje.
Pós-doutorando em Artes Visuais pela Unicamp e às voltas com a elaboração da sua tese, que tomam boa parte do seu tempo, ele vê no trabalho na editora, que fundou em janeiro de 2013 em Salto, a FoxTablet, especializada em publicações digitais para tablets, a forma de estar mais próximo da produção literária.
“Tenho uma relação diária no preparo de contos, romances e histórias para os formatos das publicações impressas e digitais por meio da atividade na editora e junto isto à produção que tenho dos meus contos e essa é uma rotina da qual gosto bastante por me manter dentro da arte e ainda dentro do aprendizado”, disse.
Autor de dois livros técnicos em parceria com Ricardo Minoru: “Revistas Digitais para iPad e outros tablets” e “Coleção Adobe InDesign CC – PDFs interativos”, Jean Frédéric Pluvinage já integrou o júri do Prêmio Jabuti, o mais importante do meio literário brasileiro, em 2015, 2016 e 2017 na categoria “Livros Infantis Digitais.
Sua ligação com a arte também está na forma como encara a literatura, um meio de imersão no imaginário popular, que ele, com suas habilitações profissionais e artísticas, adapta para o produto de consumo do meio e dentro disso está nos planos produzir um livro de ficção científica, tema que o encanta desde sempre.
Levar a luz de novas obras a quem gosta de ler é uma missão que vem com Jean Frédéric Pluvinage desde o nascimento. Ele nasceu em um Solstício de verão, que nada mais é do que o período em que um dos hemisférios da Terra fica mais iluminado, porque fica mais voltado para o sol e por mais tempo que o normal.
Esse paulista de nascimento que adotou Salto e Itu como seus locais para viver e trabalhar, está sempre disposto a ensinar o que sabe, não só por ser professor de design gráfico, mas por achar que transmitir cultura e conhecimento são mecanismos que ajudam o ser humano a crescer internamente como pessoa.
Jean Pluvinage entrou para a Academia Saltense de Letras após a morte do professor Nicodemos Rocha, em 24 de dezembro de 2015, titular da cadeira 26. Ele também se tornou membro da Academia Ituana de Letras, em abril de 2017, e da Academia Nacional de Letras do Portal do Poeta Brasileiro um ano depois.
Valter Lenzi, fundador do jornal Taperá e um dos jornalistas mais importantes da região, morre aos 81 anos
Na madrugada desta quinta-feira (15), a Academia Saltense de Letras perdeu um dos seus fundadores: o escritor e jornalista Valter Lenzi, de 81 anos. Ele estava internado desde o dia 3 deste mês. No dia 1º teve um desconforto e febre, foi medicado e liberado, mas voltou no sábado (3) e foi logo para a UTI do hospital da Unimed.
Em razão da sua importância para o cenário jornalístico de Salto e da região, o prefeito Laerte Sonsin Júnior (PL) decretou luto oficial de 3 dias. Várias autoridades e pessoas ligadas aos meios literários prestaram homenagens ao escritor e jornalista no seu velório durante toda a quinta-feira. O sepultamento ocorreu às 16h da quinta.
Com 65 anos de jornalismo, Valter começou como apresentador de dois programas esportivos da antiga rádio Cacique. Depois trabalhou na equipe do jornal “O Liberal”, já extinto, que existiu nas décadas de 50 e 60 e foi muito combativo politicamente em Salto. Ajudou a fundar “O Taperá em 1964 ainda como revista com os amigos Edmur Ignácio Sala e Januário Manoel Carola.
Dez anos depois, a revista se transformou no jornal Taperá, que existe até hoje e é o veículo impresso mais antigo da cidade. À frente de Taperá, Valter Lenzi construiu uma história calcada na credibilidade, na independência e na prestação de serviços. Taperá se tornou referência como jornal em toda a região.
Apaixonado pela profissão e por sua cidade natal, o jornalista Valter Lenzi se tornou escritor desde o início da carreira na imprensa. Como tal registrou histórias do esporte, de pessoas e situações ao longo de 17 livros publicados e mais três em preparação. Ultimamente, ele se dedicava a uma série de biografias de figuras ilustres da cidade. Havia lançado dois livros dessa série e trabalhava no terceiro. Também participou da coletânea da Academia Saltense de Letras com outros acadêmicos, lançada no dia 5 de novembro: “Natureza, eu, tu e ela”.
Ainda no mundo literário, Valter Lenzi foi um dos 16 membros fundadores da Academia Saltense de Letras em 2008. Vinha atuando pela agremiação com afinco em cada tarefa a que se dedicava. Titular da Cadeira 6, patrono Mário Dotta, seu último trabalho foi trazer para os quadros da agremiação o escritor e empresário João Marcos Andrietta, que se tornou membro emérito por sua dedicação à literatura mesmo estando preso a uma cama há 12 anos por causa da doença Esclerose Lateral Amiotrófica.
Valter Lenzi também fez parte da Comissão de Nomenclatura de Ruas do Município e atuou como funcionário público no setor contábil da Câmara de Vereadores de Salto, onde se aposentou. Foi ainda correspondente de grandes periódicos, como os jornais Cruzeiro do Sul, de Sorocaba, e o Estado de São Paulo, o Estadão.
O escritor e jornalista deixa a esposa Zuleima Maria Lenzi, com quem era casado havia 55 anos, os filhos Valter Lenzi Júnior e Cynara Lenzi Veronezi, quatro netas e dois netos.
Anna Osta foi a responsável pela parceria entre a administração e a academia para a realização do prêmio
O secretário de Cultura da Prefeitura de Salto, Oséias Singh Júnior, usou a cerimônia de anúncio dos vencedores do Prêmio Moutonnée de Poesia deste ano, na noite de sábado (26), para homenagear a escritora Anna Osta, ex-presidente da Academia Saltense de Letras, por suas contribuições à cultura e ao prêmio.
Autora de 19 livros, contemplando infantojuvenis e coletâneas de contos e antologias de poesias, com destaque para o último Minha Garota, de 2019, escrito em parceria com Adriane Yamin, sobre o relacionamento da empresária com o piloto tricampeão de F1 Ayrton Senna, Anna Osta vai além de escrever: ela incentiva a leitura.
Nos últimos dez anos, a escritora tem ajudado a promover e a difundir novos autores, fazendo com que cheguem ao mercado editorial e que possam verter suas obras para o papel. Também atua intensamente no incentivo e na promoção da leitura por meio do Clube do Livro de Salto, entidade que ajudou a criar em 2020.
Anna Osta, cadeira 2, patronesse Rachel de Queiroz, também ajudou a fundar a própria Academia Saltense de Letras (ASLe), em 2008, e já presidiu a entidade por dois mandatos. Em um deles reivindicou para a Academia a participação no Moutonnée de Poesia e é graças a isso que os acadêmicos são parceiros do prêmio hoje.
Orgulho da ASLe
A presidente da ASLe, Anita Liberalesso Nery, cadeira 11, patrono Odmar do Amaral Gurgel, disse que trabalhos como o de Anna honram a Academia e dão orgulho aos acadêmicos. Em nome dos demais membros da entidade, ela agradeceu a homenagem à Anna e reafirmou o compromisso de continuar a participar do prêmio.
Anna Osta foi surpreendida com a homenagem, pois ela não constava da programação do evento. O secretário afirmou que queria fazer uma surpresa mesmo. Ela agradeceu e disse que o que faz pela literatura é fruto do que aprendeu em casa com seus pais, que sempre incentivaram a leitura e o conhecimento.
Representando o corpo de jurados, que recebeu os trabalhos inscritos para o Prêmio Moutonnée de Poesia deste ano depois da análise preliminar de integrantes da Academia Saltense de Letras, o jurado Fabiano Ormanezzi destacou a importância da parceria com os acadêmicos e disse que o prêmio ganha em importância com isto.
Premiação e destaques
Ao todo um total de 1.432 trabalhos foram inscritos para esta que foi a 30ª edição do Prêmio Moutonnée e que destacou o tema “Pós-Moderno; Pós-Tudo”. Eles vieram de todos os Estados brasileiros, além de Espanha, Estados Unidos, Itália, Moçambique, Turquia e, principalmente, Portugal que concorreu com 16 poetas.
Após a análise preliminar da ASLe, os cinco jurados, mestres e doutores em Teoria Literária, Linguística, Semiótica, Crítica e Estética, avaliaram a originalidade, criatividade e recursos estilísticos e apontaram cinco melhores no adulto e no juvenil, que receberam prêmios em dinheiro e em livros.
Os cinco primeiros colocados da categoria adulto receberam o prêmio em dinheiro, um total de R$ 10 mil. Os cinco primeiros da categoria juvenil receberam livros. O primeiro colocado de cada categoria recebeu também o troféu estilizado concebido pelo artista plástico Marcelo Pranstetter, simbolizando um carneiro curvado.
O termo moutonnée se origina da palavra acarneirado, com aspecto irregular, referindo-se à lã encaracolada. “A sinergia do troféu é perfeita entre o nome do animal e a base de minério que remete à rocha, cujos exemplares só existem em Salto e na Austrália”, disse o secretário de Cultura, Oséias Singh Jr.
O secretário relembrou também o fato de ter sido o criador do prêmio em 1990, quando era diretor de Cultura da Prefeitura. “O prêmio foi criado para celebrar o tombamento do Parque da Rocha Moutonnée pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo”, disse.
Além do secretário, da presidente da ASLe e da escritora Anna Osta, estiveram presentes o prefeito de Salto, Laerte Sonsin Jr. (PL), e os acadêmicos Marilena Matiuzzi, cadeira 39; Cristina Maria Salvador, cadeira 20; Augusto Gasparini Filho, cadeira 12; Mônica Dalla Vecchia, cadeira 5; e Jorge Duarte Rodrigues, cadeira 29.
Baiano é o vencedor
O baiano Fabrício Oliveira, de Santo Estêvão, foi o vencedor no adulto com “Esquizofrenia”; seguido de Luiz Rogério Camargo, de Curitiba (PR), com “Memória”; Airton Mendes, de São Bernardo (SP), com “Da vida que me dei”; Camilo de Lélis Furlin, de Porto Alegre (RS), com “O hormônio do prazer verdadeiro”; e Sílvio Pedro, de São Bernardo do Campo (SP), com “Vai Mário, põe a máscara”.
No Juvenil, venceu Vitória Regina da Silva, de Salto (SP), com “Tempo relativo”; Laura de Gasperi Schabarum, de Novo Hamburgo (RS), com “Alomorfia”; Joana Moreira de Sousa, de Passos (MG), com “Entropia”; Sophia Gianolla, de Votorantim (SP), com “As dúvidas de tudo”; e Eloise Conhe, de Votorantim, com “Ninguém além de você”.
As poesias vencedoras em ambas as categorias e as poesias que receberam menções honrosas, também em ambas as categorias, integram uma antologia intitulada “Pós-moderno, pós-tudo”, que pode ser baixada gratuitamente no link: https://premio-moutonnee-de-poesia.salto.sp.gov.br/confira-os-vencedores-de-2022/.
Autor de quatro livros mesmo com paralisia motora, empresário se tornou membro honorário da Academia Saltense de Letras
Liderados pela vice-presidente da ASLe, Marilena Matiuzzi (2ª à esq), acadêmicos entregam o título de membro honorário ao empresário João Marcos Andrietta
O desespero que se poderia sentir ao olhar o mundo como se os olhos fossem uma janela com grades, de onde não se pode sair, se transforma rapidamente em um olhar intenso de fé, de esperança e de vida para quem se defronta com João Marcos Andrietta.
Essa foi a impressão que um grupo de seis integrantes da Academia Saltense de Letras viveu, na segunda-feira (21), durante a cerimônia oficial que introduziu o empresário do ramo de artefatos de borracha como membro honorário da instituição.
Preso a uma cama há 12 anos, vítima da Esclerose Lateral Amiotrófica que o acomete há 14 anos, doença causadora de paralisia motora 18 meses após o seu surgimento e que mata em três anos, João Marcos Andrietta é um exemplo de resistência.
Mais que isto, ele transformou a sua condição em uma motivação para criar e produzir literariamente. Mesmo mexendo apenas os lábios, os olhos e as sobrancelhas, ele escreve dez horas por dia. E consegue ver, ouvir e entender tudo que se passa ao seu redor.
Nesse tempo de enfermidade já são quatro livros escritos com o auxílio de programas de computador, adaptados pelo irmão Paulo e o sobrinho Lucas, que permitiram escrever apenas com a pressão dos lábios em um mouse adaptado ao programa Grid2.
Produção literária
No início, João Marcos utilizou o programa de computador Mytobii, que captava o movimento da íris e o combinava com um piscar de olhos para estabelecer a comunicação. Mas, como usa óculos, a calibração do equipamento ficou cansativa e improdutiva.
Hoje usa o novo programa e uma tabela alfanumérica, com a qual auxiliares, de áreas multidisciplinares, interpretam o movimento de sobrancelhas dele, formando letra por letra até a construção da frase inteira e ao longo do tempo o texto de todo o trabalho.
O livro em que conta passo a passo como adoeceu, como vive com a doença e como espera a cura, intitulado “Momento de viver” vendeu 2 mil cópias na primeira edição e outras 3 mil na segunda e toda a renda foi revertida para entidades beneficentes.
João Marcos escreveu também “Reflexões das Cartas de Frederico Ozanam”, “Servir com simplicidade” e “Sinal de vida” (este último será lançado em 2023), além dos volumes 1 e 2 da revista “Esperança na dor”, e em todos fala sempre de fé, vida e esperança.
Novo imortal
“São a sua resiliência, amor à vida e vocação para a defesa do semelhante, que sempre pautaram a sua vida e produziram essas obras, que fizeram a Academia Saltense de Letras escolhê-lo”, discursou Marilena Matiuzzi, cadeira 39, patronesse Cora Coralina.
Representando a presidente Anita Liberalesso Nery, cadeira 11, patrono Odmar do Amaral Gurgel, que não pôde estar presente, Marilena reforçou que agora João Marcos se tornava imortal e que passará a participar de todas as reuniões da Academia.
Em retribuição, o empresário pediu que a esposa Cirlene Andrietta, companheira há 37 anos e com quem tem duas filhas, entregasse à comitiva uma carta que redigira, na qual diz da sua alegria em integrar o grupo de acadêmicos e da sua fé e esperança.
Ele fez questão de mostrar ao grupo como opera o computador, deixando a todos impressionados, e a cada fala de cada membro da comitiva, se manifestava interagindo com a ajuda de uma enfermeira e construía a resposta no movimento de sobrancelhas.
Rapidamente, com a destreza que adquiriu na prática diária, João Marcos revelou que fez vários cursos online e que consegue escrever e ler e-mails e até reproduzir voz usando toques suaves no mouse adaptado: “Sou muito grato a Deus”, concluiu.
Emoção e fé
A comitiva de acadêmicos que levou o título de membro honorário foi formada também por Valter Lenzi, cadeira 6, patrono Mário Dotta, e Jorge Duarte Rodrigues, cadeira 29, patrono Pablo Neruda, proponentes do título, aprovado unanimemente em 3 de setembro.
Ainda integraram o grupo o ex-presidente da Academia Saltense de Letras Antônio Oirmes Ferrari, cadeira 7, patrono Machado de Assis; Alberto Manavello, cadeira 9, patrono José de Alencar; e Eloy de Oliveira, cadeira 31, patrono João Cabral de Mello Neto.
Em suas falas, os acadêmicos enalteceram a luta pela vida e a intensa fé e devoção de João Marcos Andrietta, tendo como destaque a confissão de Manavello, que se emocionou ao dizer que o homenageado reforçou a sua fé em Deus.
Alberto Manavello (à dir.), cadeira 9, patrono José de Alencar, presenteia João Marcos com seus livros entregues à esposa dele Cirlene
“Sempre fui um homem de oração. Todos os dias peço as graças de Deus para mim, para minha família e para a minha comunidade. Na minha comunidade, você brilha sempre. Por isto, quero te confessar que cresci muito na oração por você”, disse ele.
Ao final, a vice-presidente disse que a cerimônia foi a posse mais bonita que a Academia já fez. Os acadêmicos deixaram a casa do empresário encantados com a sua resiliência. “Quando achar que as coisas estão ruins, pensarei nele”, disse Antônio Oirmes Ferrari.
Médico diz que sua vida foi mudada por João Marcos Andrietta
O professor doutor Acary Souza Bulle Oliveira, neurologista da Escola Paulista de Medicina, diz que a sua vida foi modificada pela experiência que viveu com João Marcos Andrietta e sobre como ele enfrenta a doença degenerativa, que o imobilizou há 12 anos.
“Quando fiz o curso de medicina e residência médica, em 1981, e depois no pós-doutorado, sempre tive para mim que uma doença com a qual eu não queria lidar era a Esclerose Lateral Amiotrófica e, em uma pesquisa, seis em cada dez não querem também”.
O médico classifica a doença como dramática, porque vitima o paciente, seus familiares e a equipe de cuidadores. “Todos são afetados. Além disso, ela é rápida. O diagnóstico sai em 12 meses. A paralisia ocorre em 18 meses e a morte em 36 meses”.
Mas ele diz que se surpreendeu com João Marcos Andrietta, pois ele convive com a doença há 14 anos. Para se ter uma ideia da dificuldade, ele respira por traqueostomia (corte na garganta) e com a ajuda de respirador e se alimenta por sonda ligada ao estômago.
Até metade do tempo de enfermidade, João Marcos mexia o pé direito. Hoje são só os olhos, as sobrancelhas e a boca. Mesmo assim, ele tem toda a capacidade cognitiva saudável. Consegue ver, ouvir e perceber tudo o que ocorre ao seu redor, mas não fala.
O técnico da Seleção Brasileira, Tite, então no Corinthians, se impressionou com a perseverança de João Marcos
O que o mantém vivo, já que a doença mata em 18 meses? A pergunta é do médico e ele mesmo responde: “É a força de vontade de viver. João Marcos Andrietta foi o paciente que mais me impressionou. Ele não quer viver para ele e sim para o próximo”.
Essa missão a que se incumbiu é o que ele mais tem feito. Em seus livros mostra a sua fé e a sua esperança. Revela a sua conformação com a doença. E coloca a importância de se pensar no próximo sempre para que o outro cresça na fé.
“Aprendi com ele, com a doação que faz do seu talento para escrever e do esforço para viver, que a vida é muito importante. João Marcos Andrietta me fez gostar mais da minha vida. Não só ele, a família, os cuidadores. Muito obrigado a todos”, diz o médico.
Outro que se impressionou muito com João Marcos Andrietta foi o hoje técnico da Seleção Brasileira de Futebol, Tite, quando dirigia o Corinthians, em 2015, e o recebeu em uma cama de UTI em pleno estádio em Itaquera para conhecê-lo e para torcer, fanático que é.
João Marcos Andrietta não mediu esforços para estar lá no jogo contra o Joinville pelo Campeonato Brasileiro. Ele sempre acompanhava o time do coração. Só parou por causa da doença e não conhecia a nova Arena Itaquera. Nem Tite pessoalmente.
O encontro emocionou o treinador, os jogadores e todos que estavam no estádio naquele dia. Mais ainda porque o Corinthians venceu por 3 a 0. Tite o homenageou com algumas páginas da sua biografia escrita por Camila Mattoso e com autógrafos.
No livro, o técnico da seleção conta a troca que fez com João Marcos Andrietta: além de toda a emoção do encontro, ele recebeu do torcedor um terço de São Vicente de Paulo, de quem os dois são devotos, e Tite lhe deu uma pulseira com seus santos de proteção.
Novo membro da Academia é engenheiro de produção e empresário
O novo membro honorário da Academia Saltense de Letras, João Marcos Andrietta, tem 62 anos, mestrado em engenharia de produção e é empresário do ramo de artefatos de borracha.
Entre 1985 e 2012, comandou a Elastotec Artefatos de Borracha Ltda, da qual foi sócio-fundador e que funcionava em Sorocaba. Por causa da doença, ele se aposentou e vendeu a empresa.
Casado com a pedagoga Cirlene Andrietta há 37 anos, teve as filhas Maria Amábile, hoje advogada e contadora, e Maria Paula, que se tornou enfermeira em razão da sua doença.
É fundador da Conferência Nossa Senhora da Imaculada Conceição, em Salto, área do Conselho Metropolitano de Jundiaí da Sociedade de São Vicente de Paulo.
Foi coordenador da Comissão de Jovens e presidente da Obra Unida Lar Frederico Ozanam, em Salto. E um dos principais responsáveis pela construção do prédio da entidade.
Também foi vice-presidente do Conselho Metropolitano de São Paulo em três mandatos consecutivos e diretor de comunicação do Conselho Nacional Brasileiro em dois mandatos consecutivos.
Ainda foi segundo-presidente do Conselho Brasileiro e, com a esposa, fez parte das Equipes de Nossa Senhora (Movimento da Igreja Católica que busca viver em santidade no matrimônio).
O novo membro honorário da Academia Saltense de Letras, João Marcos Andrietta, produz os seus livros usando um mouse adaptado, operado a partir da pressão dos seus lábios. Vítima da Esclerose Lateral Amiotrófica, o acadêmico sofreu paralisia motora. Hoje só mexe os olhos, as sobrancelhas e a boca.
Uma comissão de escritores da Academia Saltense de Letras fez a primeira avaliação dos 1.432 trabalhos concorrentes da 30ª edição do Prêmio Moutonnée de Poesia. Os vencedores serão conhecidos em um evento da Prefeitura de Salto, promotora do concurso, às 18h do dia 26 deste mês, na Biblioteca Municipal.
Cinco jurados, que são mestres e doutores em Teoria Literária, Linguística, Semiótica, Crítica e Estética, avaliaram a originalidade, criatividade e recursos estilísticos das obras selecionadas pela comissão da academia e apontaram cinco melhores no adulto e no juvenil, que receberão prêmios em dinheiro e em livros, além de um troféu concebido pelo artista plástico Marcelo Pranstetter.
O prêmio em dinheiro, um total de R$ 10 mil, será pago para os cinco primeiros colocados da categoria adulta. Os cinco primeiros da categoria juvenil receberão livros. O primeiro colocado de cada categoria receberá também o troféu estilizado pelo artista plástico.
O secretário da Cultura da Prefeitura, Oséas Singh Jr, disse que o troféu representa um mouton (carneiro) curvado, de onde se origina o termo moutonnée (acarneirado, com aspecto irregular, referindo-se à lã encaracolada). “Há diversos prêmios no mundo representados por animais. No nosso a sinergia do troféu é perfeita entre o nome do animal e a base de minério que remete à rocha”.
Também foram escolhidos no concurso poetas para receberem a menção honrosa. Os trabalhos dos vencedores e dos premiados com a menção honrosa vão integrar a Antologia Poética “Pós-Moderno; Pós-Tudo”, que será lançada no mesmo dia da premiação. O tema do concurso deste ano foi “Pós-Moderno; Pós-Tudo”.
Nesta 30ª edição do Prêmio Moutonnée de Poesia foram recebidos trabalhos de todos os Estados brasileiros, além de poesias de seis países: Espanha, Estados Unidos, Itália, Moçambique, Turquia e, principalmente, Portugal que concorreu com 16 poetas.
Trabalhos foram produzidos na forma de poesias, crônicas e contos a partir da proposta geral ‘Natureza, eu, tu e ela’, que dá título à obra
Com um evento marcado por simbolizações voltadas para a importância do meio ambiente, a Academia Saltense de Letras lançou neste sábado, 5 de novembro, na Biblioteca Municipal de Salto, a antologia Natureza, eu, tu e ela, da editora Mirarte, cujo mote foi destacar a necessidade de se preservar os recursos naturais.
A solenidade começou com a apresentação do Grupo de Danças Faces Ocultas, trajado de índio, para mostrar que eles, os índios, foram os primeiros a se preocupar com o meio ambiente, pois era dele que tiravam o sustento. A apresentação surpreendeu ao público ao começar no fundo do auditório, mas no piso superior, e apenas com sons da natureza. O piso superior da biblioteca foi construído como uma espécie de varanda para a observação do primeiro piso, o que permitiu à plateia ver o grupo olhando para cima e para trás.
Depois, os bailarinos caminharam pelas laterais do auditório, ainda no piso superior, e acabaram descendo ao palco no primeiro piso, reproduzindo as danças típicas indígenas e sua exploração do habitat. Ao final, o grupo percorreu o interior da plateia com passos tão rápidos e articulados, que não permitia se fixar o olhar em nenhum deles, o que envolveu os presentes. A apresentação terminou com os bailarinos percorrendo a exposição de quadros da artista plástica Gica Barbosa, montada no fundo do auditório.
Antes da cerimônia, foram os quadros dela que fizeram os participantes travarem contato com trabalhos especialmente preparados para a solenidade, que também são voltados para a natureza e produzidos a partir de elementos simples do cotidiano, como cascas de árvores, folhas e pó de café. Os quadros de Gica Barbosa chamaram a atenção pela riqueza de detalhes e pela representação fiel de feições e posturas dos animais que habitam a fauna brasileira, como a onça pintada e a arara azul.
“Nossa academia tem se colocado em defesa de temas pertinentes para toda a sociedade, como no caso do meio ambiente, que vem muito a calhar agora, porque neste mês teremos a Conferência do Clima no Egito (a Cop 27, na qual quase 200 países discutem, entre 6 e 18 deste mês, ações globais para mitigação e adaptação às mudanças climáticas) e vai continuar assim, porque temos um compromisso com a vida”, disse a presidente da Academia, Anita Liberalesso Nery, cadeira 11, patrono Odmar do Amaral Gurgel.
Anualmente os acadêmicos que integram a instituição saltense definem um tema para espelhar assuntos que transpiram no seio da sociedade e no ano passado a escolha recaiu sobre a natureza, devido ao agravamento dos problemas causados pela poluição em todo o mundo. “É fundamental que a nossa entidade esteja atenta para discutir esses assuntos, porque somos formadores de opinião e influenciadores com nossos livros”, afirmou Alberto Manavello, cadeira 9, patrono José de Alencar, que propôs o tema.
A partir da definição, várias reuniões foram realizadas entre os 28 participantes e a coordenação do projeto, que ficou a cargo de Anna Osta, cadeira 2, patronesse Rachel de Queiroz. Nesses encontros foi definida a forma e a estratégia de abordagem. O livro é um mosaico na forma de poesias, crônicas e contos que trazem as diferentes visões dos acadêmicos sobre a preservação do meio ambiente, como se encaram os elementos que compõem a natureza e as inúmeras maneiras de se estabelecer o cuidado com os biomas.
Com prefácio do presidente da Comissão do Meio Ambiente do Rotary Club de Salto, Ruben Osta, que faz um relato histórico sobre a conceituação do meio, sua preservação e importância nas ações governamentais, a antologia é um registro histórico. O prefaciador também fala da forma como ele, um executivo de multinacional do setor financeiro, se envolveu com o meio ambiente e a sua defesa desse tema nos últimos 20 anos, com atuações inclusive na doação de mudas e discussão de ações práticas.
Em breve, o livro poderá ser baixado gratuitamente no site da Academia Saltense de Letras ( https://www.asle.net.br/) no formato e-book. Mas quem desejar adquirir o exemplar físico em papel vai encontrá-lo nos principais marketplaces e livrarias do mercado, como a Um Livro (www.umlivro.com.br/loja).