Ator e diretor cinematográfico de grande fama, Anselmo Duarte nasceu em Salto, em 21 de abril de 1920, numa esquina da atual Rua Monsenhor Couto, em frente à Igreja Matriz de Nossa Senhora do Monte Serrat, onde seu pai tinha um comércio conhecido por Venda da Capivara. De origem humilde, era o oitavo filho de Olympia Duarte, senhora que, abandonada pelo marido poucos meses após dar  à luz ao caçula Anselmo, muito se esforçava no ofício de costureira para sustentar toda a família. Em Salto, Anselmo estudou no Primeiro Grupo Escolar, hoje escola Estadual Tancredo do Amaral, na mesma classe de Archimedes Lammoglia e Jota Silvestre. Ainda criança, trabalhou como engraxate, aprendiz de barbeiro e molhador de tela no antigo Cine Pavilhão, onde seu irmão Alfredo era projecionista.

 

Em sua cidade natal, Anselmo viveu até os 14 anos, quando foi para São Paulo, onde trabalhou como datilógrafo, contabilista e dançarino. Mudou-se para o Rio de Janeiro e lá atuou como figurante em filmes, redator e repórter em uma revista.

Seu primeiro trabalho foi como ator no filme inacabado do diretor norte-americano Orson Welles, It’s all true, em 1942. Maior galã do  cinema brasileiro nos anos 1940 e 1950, participou de produções de estúdios Cinédia, Atlântida e Vera Cruz. Estreou como ator principal no filme Querida Suzana, de 1946, e seu primeiro trabalho como diretor, coroado de muito sucesso, foi em Absolutamente Certo, de 1957.

 

De suas atuações como ator na Cinédia, destaca-se Pinguinho de Gente, de 1949. Na Atlântida, Anselmo Duarte atuou, dentre outros, em Carnaval no Fogo e Aviso aos Navegantes, ambos do diretor Watson Macedo.

Uma das mais destacadas atuações de Anselmo foi em Sinhá Moça, do diretor Tom Payne, que ganhou o Prêmio Especial do Júri, em Veneza. No papel do compositor Zequinha de Abreu, em Tico-Tico no Fubá, também foi muito elogiado pela crítica. São essas produções da Vera Cruz que fizeram crescer a imagem de Anselmo como galã do cinema nacional.

O ápice de sua carreira deu-se em 1962, quando O Pagador de Promessas – único filme brasileiro a receber o maior prêmio mundial do cinema, a Palma de Ouro no Festival de Cannes. O então jovem diretor venceu concorrentes que pertencem à história cinematográfica mundial, como Luis Buñuel, Michelangelo Antonioni e Robert Bresson.

Com a premiação, Anselmo Duarte ganhou uma série de desafetos, principalmente entre os jovens diretores do Cinema Novo. A carreira de Anselmo Duarte como diretor seguiu até o final da década de 1970. Outros de seus filmes esperam uma reavaliação, tais como Vereda da Salvação, Quelé do Pajeú, Um Certo Capitão Rodrigo e O Crime do Zé Bigorna.

É, portanto, impossível pensar o cinema brasileiro omitindo a contribuição do ator e diretor saltense Anselmo Duarte. Sua carreira confunde-se com a própria história da arte cinematográfica nacional. Somando-se suas atuações como ator e diretor, são mais de quarenta filmes. Seu trabalho ao longo de várias décadas, reconhecido internacionalmente, permite afirmarmos se tratar de um dos mais ilustres filhos da cidade de Salto.

Em 31 de julho de 2009, na inauguração do Centro de Educação e Cultura (CEC), que agora leva seu nome, Anselmo foi homenageado pela administração pública de sua cidade natal. Nessa ocasião Anselmo leu seu último discurso público. A sala de espetáculos desse Centro, a Sala Palma de Ouro, é uma alusão ao prêmio mais importante recebido pelo cineasta. Falecido em 7 de novembro de 2009, foi sepultado em Salto, no Cemitério da Saudade. Como era seu desejo, expresso muito antes de falecer, em seu túmulo foi gravada a seguinte frase: “Eis aqui a última história de um contador de histórias”.

 

 

 

Texto retirado do site http://historiasalto.blogspot.com.br/, por Elton Zanoni.