judasJUDAS, O APÓSTOLO QUE TRAIU JESUS, É SATANIZADO pelos cristãos, em especial pelos católicos.

A prática de criar um boneco que o represente e de malhar ou estourar o Judas é tradicional e catártica: transfere para ele os sentimentos de raiva, traição, insatisfação, indignação e frustração existentes dentro de cada um.

No último domingo, 17 de abril, o plenário da Câmara dos deputados acatou o processo de pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff – suspeita de crime de responsabilidade fiscal – por 367 votos a favor, 137 contra, 7 abstenções e 2 ausências.

Cada um votou ou se absteve de acordo com a sua consciência, pressão ou oportunismo. O Governo fala em golpe. Os opositores em legalidade. Nas ruas, uma multidão de manifestantes contra e a favor protestaram.

Os governistas alegam a “defesa da Democracia”, divulgando informações parciais sobre o seu verdadeiro significado.

A Democracia participativa – a brasileira – é um modelo de exercício de poder no qual a população participa ativamente na tomada das principais decisões políticas – muito além do voto depositado nas urnas para eleger seus representantes. Abrange o direito a livre manifestação e, mais do que tudo, à supremacia da vontade da maioria sobre a da minoria.

Ideologias à parte, qualquer brasileiro sabe com clareza que o número de desempregados entre os seus vizinhos, amigos e familiares aumentou; que está muito difícil encontrar trabalho; que os preços dos alimentos sobem diariamente, e que as sacolas retornam cada vez mais vazias; que o seu estabelecimento comercial demitiu funcionários ou fechou; que os imóveis para locação estão vazios; que as indústrias reduziram a produção.

Qualquer brasileiro sabe que “nunca antes neste país” se viu tamanha roubalheira – envolvendo supostos dignos representantes de grandes empresas, figurões do governo, políticos e outros miúdos, em investigações que se sucedem em intermináveis etapas, além das novas que chegam a cada dia.

É o “Brasil dos sem” – governo, vergonha, honestidade, ética, emprego e subsistência.

As gigantescas manifestações populares contra a presidente Dilma, não têm como principal motor apenas as chamadas “pedaladas fiscais”.

Expressam o desencanto de milhões de brasileiros com a presidente que esteve presente, já quando ocupava outro cargo, na origem do presente desastre e que nada viu, ouviu ou soube, assim como o seu antecessor.

Também representam os sentimentos de traição, insatisfação, indignação e frustração dos muitos que neles votaram. Para a geração pós-ditadura que lutou por um Brasil melhor, para os que vieram depois e acreditaram num país mais justo, vale “malhar o Judas” e lavar a alma.

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