Os municípios são a célula viva de uma país. O cidadão vive e convive no município. O município é enfim o local onde cada um exerce parte importante de sua atividade e, nele, o cidadão se sente de fato como parte integrante daquela sociedade que ele ajudou a formar. Nem o Estado, nem a União tem representação mais concreta na vida de cada um, como o tem o município. A soma da História de cada um dos inúmeros municípios que compõe a vida administrativa deste país é que permitirá a síntese histórica a ser feita no futuro. J.S. Witter (1987).

Os municípios são a célula viva de uma país. É no município que se passa vida do cidadão e através dele a história do país, que é a soma das histórias de todas as pequenas comunidades dispersas pelo Brasil afora.

Uma das maneiras de não se deixar perder a vida de uma cidade é mediante o trabalho de homens que a amam e a registram e ao fazê-lo, recuperam a memória e fazem história, as quais em suas revisitas oferecem oportunidades a novas reflexões

Ex: 1905 – João Batista Ferrari; 1909 Luís Milanez; 1914 – Remígio Dalla Vecchia; 1920 – Archimedes Lammoglia (fevereiro); Ettore Liberalesso (março); Anselmo Duarte (abril); 1923 – Paulo Miranda Campos e outros tantos anônimos neste momento, que fizeram história com seu fazer.

Foi o que Ettore fez, como tantos outros. No seu caso, a história de sua vida e a da cidade se mesclam. Foi uma pessoa privilegiada, testemunha de muitos fatos e acontecimentos importantes e significativos na história da humanidade. Viveu intensamente os 92 anos de sua vida. Presenciou grandes mudanças, transformações e criações que ampliaram limites, diminuíram distâncias, modificaram a vida no planeta, convertido numa verdadeira aldeia global.

Ettore não se deixou ficar à margem da história, pelo contrário. Foi protagonista e animador cultural autêntico participando da vida se sua cidade natal ao colaborar efetivamente como integrante de inúmeros setores da sociedades, onde exerceu funções das mais diversas. Funções exercidas em virtude de sua competência, dedicação e empenho.

Qual seu segredo para compor sua obra?

Como ele próprio coloca em sua autobiografia… “Foram vários anos de pesquisa, de anotações, de ensaios, rascunhos, consultas em livros da Prefeitura, da Câmara, em livro Tombo de paróquias de Salto, de itu, de Cúrias e outros órgãos. Livros de Castellari, de Randi, de Faus, de jornais antigos de Salto e até de “O Trabalhador”, onde achei alguma coisa de Nardy, de Aguirre, de Padre Taddei, Padre Pepe, Dr. Barros. De intermináveis – mas gostosa – conversas com Júlio Begossi, Maria Vitale, Tico de Quadros, Luiz Milanez, Francisca Milioni, Linda Monari, e outros tantos antigos moradores de Salto” (2012, pg. 194).

Tais aspectos deram origem as suas obras, fruto dessa laboriosa pesquisa o qual intensificou o gosto pela registro. Durante os anos de 33 e 34 foi leitor de jornal ao cego Jorge de Sousa, conhecido na cidade, (tio de Dona Chiquinha, esposa de Seu Cláudio, diretor do Grupo Escolar Tancredo do Amaral) cuja ação despertou o gosto da leitura e assim, passou a ler todo impresso que lhe caia às mãos, recortando e guardando o que lhe chamasse atenção. Foi assinante do jornal 0 Estado de São Paulo, enquanto viveu, desde 1934, ano do falecimento do Seu Jorge.

Está explicado porque se diz que sua história se confunde com a da cidade. O seu gosto pela pesquisa, leitura e registro o transformou num grande contador de história, cuja origem pode estar no fato como relata em seu último livro Autobiografia mesclada à História, pag. 27 sobre o contato que tivera com um professor no seu primeiro ano escolar, ao descrever Seu Severino como um inveterado contador de história; uma vez que ” … em meio a pequenas histórias, mais ou menos infantis, enveredava pala História do Brasil, com os pequenos alunos tomando conhecimento, de maneira simples, mas consciente de como o País fora descoberto. Como o professor Severino, também ele, ao resgatar sua história leva o leitor a viajar na história da cidade de Salto, a conhecê-la mais e melhor, nos deixando o sentimento de querer mais.

Ettore durante sua adolescência foi leitor de jornal nos anos 33 e 34 ao cego Jorge de Sousa.

A temática origem se fez presente em toda sua obra. Livros estes que criam possibilidades a novas reflexões e porque não, rico material a outras pesquisas e registros.

Origens trabalhadas, incansavelmente:

 A cidade de Salto em 1690, era uma gleba denominada Sítio da Cachoeira, pertencente ao Capitão Antonio Vieira Tavares e sua mulher Maria Leite. A família se distribuía pela região de Parnaíba, Cotia e Pinheiros, locais onde já se prestava o culto a Nossa Senhora do Monte Serrat. Invocação trazida por portugueses decorrente de contato com espanhóis, uma vez que esta devoção vinha de Catalunha/Espanha.

O Sitio da Cachoeira era constituído por enorme propriedade, mas faltava uma igreja onde as pessoas pudessem cumprir seus preceitos católicos. Assim, foi construída uma capela em honra a Nossa Senhora do Monte Serrat. Capela esta que serviu à população crescente durante 230 anos.

Em 1850, estando o prédio em ruínas havia necessidade de reconstruí-la, e a imagem a ser utilizada não seria a mesma recebida por Tavares anteriormente. A segunda era de cedro tirada do Sitio Piraí, cujo santeiro Guilherme foi trazido de Santana de Parnaíba para esculpir a imagem. Infelizmente, um incêndio destruiu não só ela, como também parte do prédio.

 Largo da Igreja em 1903

O que restou da segunda imagem, carbonizada no incêndio de 1935.

A terceira imagem custeada pela a família Paula Leite, reina até hoje no altar da igreja matriz. Desta maneira, a cidade teve sua origem marcada pela construção da Igreja, cujo marco zero foi se expandindo lentamente.

Os trilhos da ferrovia, a eletricidade e as fábricas instaladas às margens dos rios Tietê e Jundiaí foram fatores significativos que contribuíram para tal expansão.

A Companhia Ytuana de Estrada de Ferro, inaugurada em 17/04/1876, com 67,5 Km de extensão, unindo inicialmente Itu a Jundiaí se expandiu em outros trechos, atendendo as lavouras de café, e assim foi construída a malha ferroviária da região.

A chegada dos trilhos trouxe a fábrica. José Galvão França Pacheco Jr. pioneiro da indústria saltense instalou a fábrica de fiação, tecelagem e tinturaria denominada Júpiter, atendendo cem postos de trabalho.

Em 1882, foi inaugurada a segunda fábrica de tecidos por Francisco Fernando de Barros Junior, a Fortuna, localizada à direita da ponte pênsil e do Rio Tietê.

Uma terceira fábrica foi construída (1887) e logo após destruída pelo incêndio.

A quarta fábrica – em 1905, denominada Fiação e Tecelagem Salto Fabril, conhecida como “Fábrica Nova”, que se transformou na York, às margens do Rio Jundiaí.

Quanto a Fábrica de Papel, foi inaugurada em 16/09/1889, dois meses antes da Proclamação da República. Em sua caminhada passou por mudanças tecnológicas significativas. Em 1919, já no século XX, a Brasital SA, formada por acionistas italianos e brasileiros adquiriu aquele patrimônio, cujo progresso afetou a vida da cidade por meio da construção de casas para seus funcionários e da instalação da Usina de Porto Góes. ” Essa usina serviu para alimentar não só as fabricas de tecido e de papel da Brasital, como também a cidade que viu seus lampiões de rua serem substituídos por luz elétrica.” (Liberalesso, 2012, pg. 33).

Nascia a Brasital quando a Societá Ítalo Americana comprou as duas fábricas de tecido (Júpiter e Fortuna e a de Papel) fato que deu um impulso no desenvolvimento da cidade com o aumento de funcionários, com a construção de vilas operárias (240 casas no centro da cidade) e outras tantas para os funcionários mais graduados (mestres, técnicos e diretores). A Brasital foi vendida para o Moinho santista SA em 1981, depois de grande serviço prestado à cidade.

Na década de 50, um novo impulso populacional com a chegada de outras indústrias de porte significativo: Sivat, Picchi, EMAS, Eucatex. A primeira localizada no local onde se instalava a chácara Barrote, chácara esta que abrigara os avós paternos de Ettore, Joaquim Liberalesso e Antônia Micheletto.

No início do século XX, maio de 1902, foram aberta concorrência pública para construção de uma usina hidroelétrica. A usina forneceu energia inicialmente a Itu (1906) e posteriormente para Salto a partir de 07/setembro/1907. Em 1922, esta companhia passou a pertencer à Brasital SA. Depois foi instalada a usina do Porto Góis, que abasteceu a cidade até ser incorporada pelo Sistema Furnas.

Em 1920, ano nascimento do Ettore, a cidade de Salto era pequena, pouco mais de uma vila. Provavelmente não comportava mais de 10 mil habitantes mais ou menos, uma vez que em 1960, possuía 15.412 habitantes, sendo 12.347 na zona urbana, contemplando 3.398 domicílios ocupados, segundo dados do Jornal “O Trabalhador” de 30/10/60. Em 1980 apresentava pelo levantamento populacional de quase 43.000 e no ano 2012, ano do seu falecimento, mais ou menos 110 mil habitantes. Como Ettore nasceu e viveu sempre na cidade natal que tanto amava, pode acompanhar seu crescimento, vendo surgir novas ruas e bairros, indústrias e comércios. Enfim, presenciou seu crescimento, mudanças e desdobramento com a chegada de significativas inovações, influenciando e sendo influenciado pelas mesmas.

Se a questão da origem é frequente em sua obra, cabe a pergunta: qual a sua origem? Sua ascendência? Quem ou o que o influenciou no início de sua vida?

Os avós paternos Joaquim Liberalesso-Antônia Micheletto, italianos da região de Scorze/Itália, vieram para o Brasil em 1894, com seus três filhos: Ettore, José e Emília. Já aqui no Brasil nasceram Miguel, Judith, Maria, e João. Também italianos, os avós maternos José Baldim-Antônia Poletto vieram da cidade de Conselve, província de Pádua em 1896 com seus filhos: Maria, Eliza e Gilda. Aqui no Brasil nasceu Emílio.

No Brasil foram para uma fazenda de café em Monte Serrat. Passaram por Atibaia e Bragança, até virem para Salto em 1912.

Em Salto, José Baldim e as filhas Eliza e Gilda e depois Emilio, entraram para trabalhar na fábrica de tecidos da antecessora da Brasital S/A, a Ítalo-Americana.

Por sua vez, os avós paternos após rompimento do contrato obrigatório para os imigrantes, foram trabalhar na Chácara das Freiras, na época periferia de Itu e em 1910 vieram para Salto, para atuar numa Chácara conhecida pelo nome de Barrote, sobrenome de um antigo proprietário.

José Liberalesso se casou com Eliza Baldim em 1916, constituindo uma família numerosa. O casal tiveram sete filhos, dentre os quais Ettore (1920 – 2012).

Ettore se casou com Virgínia Soares, em 25/07/1942. Desta união nasceram Anita e Paulo de Tarso. Anita, casada com Aguinaldo Neri e Paulo de Tarso com Christina Noronha. Destas uniões nasceram os netos: Bruno, Adriana e Marina (filhos do primeiro casal) e Paulo de Tarso Filho e Paulo Breno (do segundo). Ettore, (em vida) recebeu com alegria a chegada de bisnetos.

Escolaridade: cursou o primário no Grupo Escolar Tancredo do Amaral, em 1931, o ginasial supletivo, mas não chegou a completar o colegial. Adulto cursa contabilidade, na escola particular do professor José Munhoz.

Criança, parte de sua infância, morou com os avós paternos Joaquim e Antônia que lhe dedicavam grande apreço, cuidando do neto com empenho e dedicação.

Iniciou sua vida profissional muito cedo. Criança foi garçom de hotel e aprendiz de alfaiate. Trabalhou na Têxtil Brasileira, atual York, em seguida na Brasital S/A, em 1935, autorizado pelo pai por ser menor de idade. Ingressa como pesador da Fiação Cascame, passa para escritório da Indústria, inicialmente no Setor de Expediente e em seguida no Departamento de Contabilidade Administrativa, onde atuou como correntista, datilografo, arquivista e correspondente, durante 27 anos.

Aposentado em outubro de 1966, não deixou de trabalhar. De 1967 a 1971, dirigiu a Auto Salto Administradora de Veículos e depois como Corretor de Imóveis, deixou esta atividade em 1988.

Outras participações:

Durante a maior parte de sua vida profissional, exerceu outras atividades paralelas, ao se envolver em obras do município e assim se tornou figura atuante em, comissões, sociedades locais, comunidades religiosas e, clubes, entre outras.

A Sociedade São Vicente de Paula, em Salto, constava com inúmeras conferências. Nos anos 50 eram em número de 11 (onze). Cada confrade não podia acumular funções/cargos.

Ettore participou efetivamente de várias, assumindo diversas funções: dentre elas a de Presidente, Vice, Secretário. Participou da Conferência de São Francisco de Assis (1937), Santa Terezinha (1939), São Judas Tadeu (1947, presidente durante 10 anos), S. Pio X, ocupando diferentes funções em cada Instituição. Só no Conselho Particular, durante 12 anos.

Atuou inclusive na Vila de São Vicente quando no período de 1937 a 1948, foram construídas 36 casas, demolidas nos anos 90, quando o terreno foi vendido e parte à paróquia de São Benedito.

Em 1949, tinha sido doado pela prefeitura uma área de 9.000m2 para a Construção da Assistência Vicentina Frederico Ozanan – adaptada para o Asilo dos Velhos. Obra inaugurada em 1951 com o primeiro asilado. Nos anos 70 a área foi ampliada para 12000 m2, por compra junto à prefeitura, no mandato do prefeito Vicente Schivittaro (Chinchino).

No período de 1965 a 1968, tendo como presidente da Obra Unidas – Assistência Vicentina Frederico Ozanan, o confrade Orfeu Fachine foi construída a sede da Sociedade com amplo salão, além de três salas para reuniões, espaço dedicado inclusive para o encontro das diversas Conferências, coordenadas pelo confrade do Conselho Particular. Construções estas realizadas graças a doações e inúmeras campanhas.

Comunidades religiosas:

Foi Vice Presidente do Conselho Central da Diocese de Jundiaí e Presidente da Seção Regional de Obras Unidas da Diocese; Tomou parte efetiva do núcleo local da Liga Eleitoral Católica.

Na Paróquia Nossa Senhora do Monte Serrat, Ettore participou durante inúmeros anos, junto a vários sacerdotes. Alguns gozando de sua amizade, além de parcerias nas obras da paróquia e associações.

  1. a) Círculo Católico (1953 a 1955);
  2. b) Presidente da Comissão dos preparativos da festa da padroeira em 1958;
  3. c) Membro do Primeiro Conselho Administrativo da Paróquia Nossa Senhora do Monte Serrat;
  4. d) Membro da comissão de construção da Igreja de São Benedito;
  5. e) Coordenou a comissão da construção do Centro Comunitário Paróquia Nossa Senhora do Monte Serrat;
  6. f) Coordenou a comissão comemorativa do centenário da Paróquia Nossa Senhora do Monte Serrat; dos 50anos do aniversário da construção da matriz, além do centenário do Monsenhor João da Silva Couto, pároco durante muitos anos;
  7. g) foi redator de várias atas e diversos documentos de igrejas da cidade; Só com relação ao livro “Tombo” além da Paróquia Nossa Senhora do Monte Serrat, (sendo responsável por seu registro durante o período do Pároco Paulo André), auxiliou na elaboração deste livro na Paróquia de São Benedito (1998-1999), da Cristo Rei (1993 – 1997). Forneceu subsídios para a igreja Nossa Senhora da Aparecida para elaboração do seu próprio livro. Se envolveu em diversos fatos da Paróquia de São Roque.

Sociedade esportiva: Foi sócio, secretário e conselheiro vitalício da Associação Atlética Saltense; e Co-fundador do Clube Mandi Esportivo;

Sócio e conselheiro da Sociedade Instrutiva e Recreativa Ideal

Sócio, conselheiro e diretor da Sociedade Socorro Mútuo.

Na Política, colaborador do Poder Público, na época que a vereança não recebia nenhum ônus, foi vereador na Câmara Municipal de Salto (1952 a 1959). Eleito pela UDN.

Foi presidente e membro do Diretório Municipal da ARENA; posteriormente PDS, PPR, exercendo diversas funções.

Junto à prefeitura durante longa data, participou da comissão encarregada de denominar vias e logradouros públicos e da comissão da Avaliação Imobiliária destinada a atualização da planta e valores de imóveis.

No Museu

Seu envolvimento com a implantação do Museu da Cidade de Salto foi decisivo. Como consultor da equipe de implantação, no início da década de 1990, não mediu esforços em sua atuação. Além da orientação histórica, sua participação foi importante na interface com os doadores das peças mais significativas hoje expostas. Assim sendo, o Museu é a própria materialização da paixão que Ettore nutre por Salto e sua história. Merecidamente o museu em sua homenagem recebeu o nome de Museu da Cidade de Salto Ettore Liberalesso, durante o mandato do prefeito Geraldo Garcia, em 2012.

Na Imprensa militou mais de 60 anos, paralelamente as outras atividades. Foi um dos fundadores do jornal semanário saltense “O Trabalhador”, participou em parceria com sua esposa Virgínia Soares Liberalesso, diretora deste órgão de imprensa. Foi um dos redatores do jornal durante muitos anos.

Assumiu uma coluna no jornal Taperá, denominada Arquivo, onde relata fatos e fotos relacionados a vida da comunidade, incluindo história de famílias, algumas posteriormente fizeram parte de livro. Afastou-se desta atividade quando em 2010 completou 1000 publicações. Permaneceu porém como espécie de consultor ao fornecer fotos e informações.

Academia Saltense de Letras – ASLE, fundada em 16 de junho de 2008, durante Sessão Solene, no prédio do Espaço Cultural Dr. Barros Junior. Na época tomaram posse 16 integrantes e ocorreu a oficialização do Estatuto e Regimento Interno. Foi eleito presidente-fundador Ettore Liberalesso e Anselmo Duarte, presidente-fundador do Comitê de Ética, lugar ocupado atualmente pelo escritor-poeta José Lázaro Piunti.

Foram escolhidos 40 cadeiras, dez das quais saltenses e a patronesse Zélia Gattai. Ettore Liberalesso e Anselmo Duarte, fazem parte do grupo de patrono. Uma das cadeiras dedicadas aos saltenses faz jus ao nome de Ettore Liberalesso.

Ettore ocupou a função de presidente até 20/06/2012, quando assumiu o vice presidente Prof. Dr. Antônio Oirmes Ferrari.

Publicações: a temática de origem presente, ao pesquisar, arquivar, resgatar e documentar fotos e fatos da cidade, registros peculiares da Salto de antigamente, o contador de história pode obter subsídios para registrar em livros que criam possibilidades a novas reflexões e porque não, material a outras pesquisas e publicações, uma vez que a história continua.

Publicações:

19/06/1987 – Salto: História, Vida e Tradição. INESP/SP, Lançamento no Centro Comunitário Nossa Senhora do Monte Serrat. Obra dividida em três partes: Na primeira vai “Em Busca das Origens”, analise do progresso da cidade de Salto, com a chegada dos trilhos da ferrovia e das famílias atraídas pelas indústrias que nasciam às margem dos rios, fatos e acontecimentos da/na Igreja Nossa Senhora do Monte Serrat nos diversos mandatos de padres. Na segunda parte, “A Evolução Político-Administrativa e Econômico-Social”, foco na progresso e crescimento da cidade nos mandatos dos diversos prefeitos, divergências políticas, instalação de novas fábricas e outros; A terceira parte “A Vida Social e Cultural “o escritor revela uma vida Social e Cultural intensa durante o período que estuda a cidade, com suas Bandas de Música, Corais, Orquestras, Cinemas, dos Teatros com seus grupos teatrais, das Sociedades Recreativa e Esportivas, da Maçonaria, dos Jornais etc.

Obra reeditada em 2000, oportunidade em que foi revista e atualizada.

1989 – Salto: História de suas ruas e praças. Salto: Secretaria de Educação de Salto. O escritor focaliza em ordem alfabética de seu nome 848 ruas, praças, avenidas, alamedas e travessas que a cidade continha naquela época.

2006 – Famílias de Salto. Salto: Editora Taperá, trata-se da transcrição de alguns “Arquivos” publicado na coluna Taperá, com acréscimos de outras histórias de família não publicada, mas que contemplasse os critérios estabelecidos à participação da obra, ou seja relato da saga de famílias mais antigas, numerosas e tradicionais da cidade, que tivessem seis ou mais filhos e foto reunindo o clã. Assim na obra 50 famílias foram contempladas.

 2008 ou 2007 – As mais de mil ruas de Salto – sob o ponto de vista temático. Salto: Secretaria de Educação de Salto. Temas, por exemplo: nomes de Navegadores, Fundadores; Bandeirantes; Prefeitos de Salto; Vereadores de Salto, Saltenses Ilustres, e outros. Todos já falecidos.

2009 – Salto, sua história, sua gente. Salto: Editora Taperá, foram editados três mil exemplares, na sala Palma de Ouro, do Centro de Educação e Cultura.

2009 – Famílias de Salto – Edição. Revista e Ampliada Salto: Editora Taperá, 2009, Mesmo após a publicação em livro deste tema (2006), Ettore continuou a focalizar as famílias saltenses em sua coluna “Arquivo”, do Taperá. Nesta obra contempla as 50 famílias do livro anterior e mais outras 50 outras, cujo critério mais ameno contemplava a tradição e antiguidades das famílias e o fornecimento do registro de fotos de seus principais integrantes.

 2012; Ettore, Autobiografia mesclada à História. Salto: Mirarte, 2012. Obra publicada dias antes do seu desenlace. Obra esta cuja biografia do personagem Ettore, se mescla a história da cidade que tanto amou e quem se dedicou com compromisso, responsabilidade, de corpo e alma.

 Além dessas obras anteriormente já atuara em outras obras e como editor em duas focalizando o esporte:

1988- editou a Revista Comemorativa do Jubileu de Ouro do Guarani Saltense Atlético Clube, pelo 50 anos do Bugre;

1996- foi um dos editores da Revista “60 anos de História”, da Associação Atlética Saltense.

Homenagens:

Durante sua longa caminhada, Ettore recebeu várias homenagens pela atuação nos diversos setores da sociedade saltense:

  1. a) 16/06/1993 – pela Câmara Municipal de Salto pelo serviço prestado em inúmeras causas comunitárias, pela preservação e divulgação da memória saltense;
  2. b) novembro de 1997- Certificado de Honra ao Mérito, pelo Rotary Club de Salto Moutonnée;
  3. c) abril de 1998 – título de Sócio Benemérito – Associação Regional dos Jornalistas Profissionais;
  1. d) ano 2000, Troféu Destaque, pelo Taperá – ao completar 10 anos de colaboração;
  1. e) 21/12/2001 – pelo Projeto “Ser Cidadão”, Prefeitura de Salto;
  2. f) 21/ 04/ 2004- a Medalha Moutonnée de Honra ao Mérito da Câmara Municipal de Salto;
  3. g) 2004, foi personagem de carro alegórico, nos festejos de aniversário da cidade;
  4. h) 2008 – Medalha Municipal do Mérito – Prefeitura de Salto;
  5. i) 2010 – Troféu Taperá – pelo Taperá, na festa de 46 anos do jornal, 90 anos de vida e 20 anos de militância neste semanário;
  6. j) 2010- Ettore foi tema de um DVD/documentário: O Homem e a cidade: uma biografia de Ettore Liberalesso, durante as comemorações do aniversário da cidade;
  7. K) Em sua homenagem póstuma, o prefeito Geraldo Garcia decretou luto de três dias.

– O Museu recebeu seu nome Museu da Cidade De Salto Ettore Liberalesso.

– Academia Saltense de Letras-ASLE: Coletânea – II contempla seção de depoimentos dos confrades e confreiras sobre Ettore Liberalesso – Primeiro Presidente da ASLe (2008 – 2012).

Depoimento: Valderez Antônio da Silva

“No último encontro que tivemos, antes de escrever esta linhas, fui vê-lo adoentado, falando com dificuldade, respirando com vagar… Os olhos continuavam com curiosidade inalterada, a vivacidade comovente, perquirindo das novidades e atento ao que lhe contam, luzindo um absoluto amor à vida.”

Vida esta que se apagou no dia 31 de julho de 2012, para tristeza de todos aqueles que com ele tiveram oportunidade de conviver. Seu incansável trabalho como pesquisador, historiador contador de história merece a consideração de toda a comunidade saltense. Documentando fragmentos do passado local em seus escritos, Ettore Liberalesso lega às gerações futuras a possibilidade de compreensão de uma Salto que não mais existe – compreensão esta indispensável para se entender e, especialmente, valorizar nossa cidade no tempo em que vivemos.

Bibliografia consultada:

Liberalesso, Ettore em suas publicações (1987; 1989; 2000; 2006; 2008; 2009; 2012)

Jornal Taperá: recortes

 Poema o Historiador Ettore Liberalesso por Valderez Antônio da Silva

DOIS AMANTES

Para o historiador Ettore Liberalesso

A cada dia o amante desperta para sua amada.

A cada manhã, a amada se ilumina pelos olhos do amante.

Eles vivem assim, por todos os dias e todas as noites.

Ele, vestido de livros, de cartas e mapas, de velhos rascunhos

De palavras e nomes que ninguém mais fala

De memórias perdidas e velhas histórias

Vestido do ontem de outras manhãs

Da vida esquecida

Das coisas idas

De imagens retidas na ronda dos dias

Ela, trajada de pedra, banhada de rios, lavada de chuva

Erguida em paredes, cortada de ruas

Moldada em tijolo, cimento, areia

Tingida de praças, de gente, de nuvens

A cidade, prenhe de esquinas, de ontem e hoje

Com vidas e nomes e imagens e sonhos

Que busca sentidos no tudo que abriga

Que guarda lembranças e vida dormida

Todos os dias eles se encontram

A amada e o amante, cidade e homem

Ele, que lhe conta as histórias

Recorda-lhe o berço em dia distante

Fala de todos os tempos corridos, do dantes, do ido

De índios, bandeiras, mulheres, apitos e sinos

De festas brilhantes, de algum triste ocorrido

Ela, que abre seu manto de vida vivida

E oferece matéria ao amante em sua lida

Despeja-lhe o hálito das coisas que existem

Para que ele as receba e torne em histórias

E ponha nos livros e diga às gentes

E conte aos meninos de horas não vistas

E reinvente sua amada e a torne sabida

Dos homens que ainda virão

Noutro tempo, outro dia

Todos os dias eles se amam, homem e cidade

Ela que vive, ele que olha

Ela que aceita, ele que escreve

Ela que muda, ele que guarda

Ela que esquece e ele relembra

Ela confusa, ele que explica

Ela que sofre, ele que chora

Longo amor de manhãs sucessivas

A mais não saberem

Qual verdade é mais justa:

A dele, que agora é parte das pedras que pisa

Ou a dela, que vive nos olhos cansados

Nos passos morosos

Nos brancos cabelos do homem que a ama.

Todos os dias eles se encontram

Se olham, se amam.

E se fundem até mais não saberem

Com tanto se darem

Quem é o homem

E quem a cidade.

VALDEREZ ANTONIO BERGAMO SILVA – 13.06.2008

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