A saudosa dona Prazeres Vieira de Oliveira
sempre foi uma mulher muito, mas muito forte.
Dessas que não temem nem mesmo a morte
e que botam homem abusado para correr.
Limpava o único cinema de Pederneiras para viver.

 

Viúva dez anos após o primeiro filho, guardou luto.
Em razão disso, seu humor não era dos melhores.
Tratava os vizinhos, seus mais próximos, como piores.
Na beira do fogão de lenha, ralhava com o gato serelepe
e falasse com um irrequieto moleque.

 

A única fraqueza a que se rendia eram as goiabeiras,
mas nunca se arriscou a subir em uma delas.
Eu sempre apanhava para ela as goiabas mais belas.
Com os frutos fazia uma goiabada cascão
que conquistou para sempre o meu coração.

 

Tenho orgulho da guerreira que foi minha avó,
uma matriarca para tudo sempre valente,
que se dedicava a tudo que fazia de forma competente.
A morte foi a única que a venceu e foi na primavera.
Após isso, nunca mais a goiabada cascão foi como era.

 

* Prazeres Vieira de Oliveira é a avó paterna do autor e esta é uma homenagem aos avós pela passagem do Dia dos Avós, celebrado neste dia 26 de julho

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