O sonho de um grupo de defensores da cultura e da literatura de Salto chega aos 15 anos neste 16 de junho de 2023. A Academia Saltense de Letras, a ASLe, como é conhecida, debuta pela idade, mas já se consolidou pelos seus feitos.
Um dos principais deles é a realização da Semana Cultural Ettore Liberalesso, que entrou neste ano na sua sexta edição. O evento tem se firmado como centro de debates sobre a cultura e a literatura e tem trazido nomes de destaque para essa mesa. Ao mesmo tempo enaltece a figura do principal fundador da Academia, que passou a vida contando histórias da cidade.
Outra ação significativa da vida da Academia foi a participação na realização do Prêmio Moutonnée de Poesia, que está em sua 31ª edição e que agora conta, oficialmente por lei, com os acadêmicos na organização. O ganho para a Academia com essa participação é grande, pois o prêmio é conhecido nacionalmente e leva o nome da cidade junto com o da ASLe.
Ao longo desses 15 anos a Academia Saltense de Letras também realizou a publicação de livros conjuntos, como as antologias, onde os seus integrantes contam histórias sobre a cidade e o momento do país e do mundo. Casos como o livro “Salto, por que me encantas?”, “É de sonho e de pó” (sobre a pandemia) e a “Natureza, eu, tu e ela” (sobre o meio ambiente).
Ainda fez o lançamento coletivo de livros dos seus integrantes, como em junho de 2022, quando sete livros de oito autores foram lançados simultaneamente. Encabeçou campanhas em prol da leitura e da revelação de jovens talentos, como a oficina que culminou com o livro “Jovens Talentos da Literatura”. E realizou palestras sobre grandes nomes do meio literário.
Em um evento intitulado “Leituras Inspiradoras”, trouxe a percepção de cada um dos seus acadêmicos a respeito daquilo que os motivavam a ler e a escrever. Pelo exemplo de quem faz, se leva a seguir e a fazer ainda melhor. Com essa temática, a ASLe trouxe inúmeros nomes representativos para o cenário literário nacional e internacional, ilustrando o conhecimento.
A atual presidente Anita Liberalesso Neri, filha do principal fundador Ettore Liberalesso, diz que estar à frente da Academia Saltense de Letras hoje é um privilégio e ao mesmo tempo um desafio, pois tem de levar à frente uma história grande iniciada por 16 acadêmicos e manter viva uma entidade sem fins lucrativos que busca fazer as pessoas pararem para ler em um mundo acelerado.
“O espírito de popularizar a troca de ideias sobre literatura e de produzir literatura de qualidade, que norteou lá em 2008 o meu pai, a então diretora de Cultura Vânia Barcela, o secretário de Cultura e escritor Valderez Antônio Bérgamo Silva e o então prefeito Geraldo Garcia, além dos outros 15 fundadores, se mantém de pé e cada vez mais vivo neste aniversário da ASLe”, disse Anita.
Além de Ettore Liberalesso, foram fundadores da ASLe: a atual presidente, Antônio Oirmes Ferrari, Anna Osta, Mércia Falcini, Gasparini Filho, Chico Garcia, Lázaro Piunti e Damiem Pacheco e os já falecidos: Daniel Gasparini, Anselmo Duarte, Genezio Migliori. Olavo Marques de Souza e Valter Lenzi. Também os hoje ex-acadêmicos: Maria Carol F. Padreca e Odair Schiavone.
Escritor, biólogo, professor, são várias as atividades do titular da Cadeira 23 da ASLe, mas a que ele mais tem desenvoltura mesmo é a de ambientalista
O escritor, biólogo, professor e ambientalista Francisco Antônio Moschini, titular da Cadeira 23 da Academia Saltense de Letras, patrono Euclides da Cunha, afirma que o seu sonho é um dia poder escrever uma história real, dando conta de que o Rio Tietê foi totalmente despoluído e voltou a ser utilizado pela população.
Nascido em Salto no longínquo ano de 1938, Chico Moschini, como é mais conhecido, fez dos seus 85 anos, completados na sexta-feira, 9 de junho, uma vida inteira dedicada a lutar por esse objetivo e é por isso que ele faz questão de estar presente em 100% das reuniões que discutem o rio e nunca deixa de levantar essa bandeira.
“Infelizmente, a ideia de escrever um livro com essa temática está distante de mim. Eu já estou no último quarto de século e os governos não fazem o que deveriam. A população também não luta como era preciso. Mas nem por isso ou até por conta disso, eu não desisto de trabalhar para que o Tietê volte a ser um rio limpo”, diz.
Sócio fundador e ex-presidente por diversos mandatos do Instituto de Estudos Vale do Tietê, o Inevat, que defende o Tietê e o meio ambiente como um todo, Moschini também é membro titular dos Comitês de Bacias Hidrográficas dos Rios Sorocaba e Médio Tietê desde 1988 e Piracicaba, Capivari e Jundiaí desde 2001.
Em Salto, o escritor é ainda membro titular do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente e quase toda a sua obra literária é voltada ao setor: em 1996, lançou “Educação ambiental: estudo da microbacia do Ribeirão dos Marins (Piracicaba)” e em 2014, foi “O Médio Tietê: história, eletricidade, hidrovia, etanolduto”.
Ainda em 2017, Chico Moschini lançou “A água nas escrituras bíblicas (coleção de versículos)” e em 2019 foi a vez da única obra que não tratou do meio ambiente: “Ginásio Estadual Professor Paula Santos, memória”, que contou a história da escola, afora diversos artigos publicados nos jornais Taperá e PrimeiraFeira.
Chico Moschini conta que a paixão pelo meio ambiente vem desde criança. “Uma das coisas mais lindas que existem é ver uma nascente, que vai crescendo, crescendo e desemboca no Tietê”, diz com os olhos cheios d’água. Ele lembra que ainda criança era comum ver pessoas pescando no Tietê para levar o que comer para casa. “Infelizmente, isto não existe mais por aqui”.
A paixão se consolidou quando foi professor de Fundamental e Médio, profissão que exerceu por 30 anos nas cidades paulistas de Elias Fausto, Mairinque, Alumínio, São Roque e Piracicaba. Nesta última também exerceu as funções de Assistente Pedagógico de Ciências Físicas e Biológicas, vice-diretor e Diretor substituto.
Francisco Antônio Moschini é filho de Zelino e Maria Speroni Moschini, estudou o então primário na Escola Paroquial Sagrada Família, hoje Externato. Depois fez história na Escola Complementar Anita Garibaldi, vinculada à época à colônia italiana. O ginasial e magistério fez no Instituto de Educação Regente Feijó, em Itu.
Licenciou-se em Ciências pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras Nossa Senhora do Patrocínio, em Itu; em Ciências Biológicas pela Universidade de Mogi das Cruzes; e, por fim, em Pedagogia pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Sorocaba. Sem contar diversos cursos de extensão e especialização universitária.
Anicleide Zequini pesquisa o assunto para produzir um banco de dados a respeito, que servirá para contar à comunidade o que esses personagens fizeram
A escritora Anicleide Zequini, Cadeira 36 da Academia Saltense de Letras, patrono Dr. Barros Júnior, se dedica atualmente a uma pesquisa extensa sobre o que fizeram artistas e artífices que passaram pela região de Salto. A pesquisa vem sendo desenvolvida junto ao Programa de pós-doutoramento em história da Unicamp, envolve toda a região da antiga Vila de Itu Colonial e vai se tornar a tese de pós-doutorado que ela defenderá na área de história.
Versada em história antropológica regional, área que vem sendo sua matéria-prima de trabalho na literatura, a escritora pretende se aprofundar nesse segmento por entender que ele aborda um campo bastante extenso e por ver que há muito ainda para ser desvendado nas leituras dos antigos documentos de arquivo, como forma de elucidar a história e de ajudar na formação das futuras gerações, pois as vivências educam e corrigem possíveis distorções.
Anicleide Zequini pretende criar um dicionário biográfico dos artistas e artífices da antiga Vila de Itu Colonial a partir dos resultados que espera conseguir com a pesquisa em desenvolvimento. Ela conta que esse trabalho será fundamental para as futuras gerações na exploração dos fatos registrados até agora por meio de documentos e que passarão para um registro mais lúdico e mais palatável a partir do texto da tese.
Em seu primeiro livro “O quintal da fábrica: a industrialização pioneira do interior paulista, publicado em 2004, ela já fazia um mergulho na história registrada em documentos da época para contar o processo de industrialização e de desenvolvimento constituídos a partir das primeiras fábricas da região. O livro foi o resultado de uma pesquisa que a escritora fez para a sua dissertação de mestrado na área de história.
Depois ela escreveu outros livros com o selo de comemorativos, como “Papel de Salto: 110 anos de evolução e tecnologia”, trabalho que contou com fotografias da época feitas por Victor Andrade. Também “A banda União dos Artistas de Itu: 100 anos de lutas e glória”, que tem como coautora Maria Célia Brunello Bombana. A escritora ainda participou como historiadora da equipe que criou com o professor Júlio Abe o Museu da Cidade de Salto.
Na quarta-feira (7), a escritora comemora o seu aniversário com os amigos do Museu Republicano “Convenção de Itu”, onde é especialista em pesquisa e atua junto ao Arquivo Histórico da instituição e na curadoria de exposições, além de ministrar aulas em cursos de extensão, e ainda com todos os acadêmicos que dividem com ela a participação na Academia Saltense de Letras, onde também defende a cultura da pesquisa e da preservação histórica.
Doutora em arqueologia pelo Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo com a tese “Arqueologia de uma fábrica de ferro: morro de Araçoiaba – Séculos XVI-XVIII”, Anicleide Zequini tem mestrado em história e graduação em Ciências Sociais, com especialização em Sociologia e Antropologia, ambos pela Unicamp. Nasceu em Salto e é filha de Francisco e Dirce da Costa Zequini.
Intitulada “Ritual de Exame Clínico”, a nova obra tem caráter técnico como a anterior e é fruto de uma profunda pesquisa do médico e da escritora
Marcada profundamente pela perda precoce do filho, com quem escreveu o livro “Ritual de Exame Clínico”, a escritora Maria Christina Noronha Liberalesso resolveu lançar a obra como uma forma de prestar homenagem a ele. “De início, não ia fazer a publicação, mas depois achei que seria uma maneira de reconhecer todo o esforço do Paulo para pesquisar e produzir as mais de 400 páginas da obra e de manter a memória dele viva entre nós”, disse.
O médico Paulo de Tarso Liberalesso Filho tomou posse em uma das 40 cadeiras da Academia Saltense de Letras no final de 2021, onde a mãe já era acadêmica titular da Cadeira 17, patrono Antoine de Saint-Exupéry, e faleceu de mal súbito aos 49 anos no início de junho de 2022, logo após participar da festa de lançamento da primeira obra que escreveu em parceria com a mãe, o também livro técnico intitulado “Maçonaria – Manual do Iniciado”.
“O texto do novo livro ficou pronto dias antes da partida dele e já estávamos no processo de orçar os custos de impressão e de lançamento quando tudo aconteceu. Ele estava animado com a publicação. Foi uma pesquisa exaustiva para descrever em detalhes como se processa o exame geral de um paciente. Eu escrevi sobre a etimologia de todas as palavras médicas usadas, o que, segundo o Paulo, deixou o livro, embora técnico, leve e atraente”.
Maria Christina Noronha Liberalesso afirma que a obra já está na editora e que será lançada no próximo mês de agosto. “A partida do meu filho dessa forma me deixou muito angustiada. Sem vontade para continuar. Mas eu não posso desistir, ainda que esteja até agora vivendo desse luto. Aos poucos, vou retomar as coisas”, contou ela. Depois de um longo intervalo de reclusão, a escritora voltou à Academia na reunião mensal de maio.
Decisões tomadas
Outra decisão que ela já tomou é a de que não vai mais dar continuidade à proposta que chamou de projeto da sua vida, a produção de um livro que unisse em um único dicionário todas as áreas dispersas em dicionários jurídicos, médicos e gerais para atender aos surdos. “Eu pesquisei por mais de dez anos como transformar em libras todas aquelas informações e assim tornar a vida dos surdos mais fácil no mundo da informação e da cultura”.
O trabalho é de grande monta e requereu muitas pesquisas, cursos e um mergulho no mundo das pessoas que não escutam para encontrar o ponto ideal de texto e de informação. Paralelamente, a escritora também pretendia traduzir para libras outros livros, principalmente infantis, os quais ela mesma já percebeu que fazem falta na formação dos surdos. “Estava em contato com Associações de Surdos para apreciação, correção e aprovação”.
A preocupação com essa área se deve ao fato de que a escritora também sofre do problema. “Tenho surdez profunda bilateral. Nasci com surdez moderada bilateral. Aos vinte anos, após uma cirurgia perdi totalmente a audição do lado esquerdo e com o tempo fui perdendo a audição do lado direito. Apesar disso, vivo bem com surdos e ouvintes, porque uso a língua falada e as libras, mas agora não tenho mais energia para continuar esse projeto”, disse.
Aniversário em maio
No domingo, 28 de maio, a escritora comemora mais um aniversário, embora a sua data de nascimento real não seja essa. Ela nasceu em 28 de novembro de 1950. É que nove anos depois, quando terminou a quarta série e faria a admissão para o ginásio, seu pai, Yolando de Noronha, foi informado que ela não tinha idade para o exame. Sem pensar duas vezes, ele fez um segundo registro de nascimento dando o dia 28 de maio como data oficial.
“Eu tinha me mudado para Salto com a família, vinda de São Paulo, onde nasci, e meu pai não queria que eu perdesse o ano. O segundo registro foi a saída que encontrou. Uma data é meramente um detalhe. Agora que sou septuagenária ainda mais. Seis meses são insignificantes”, disse ela. A escritora nasceu na antiga Maternidade São Paulo, onde nasceram também Maluf, Fernanda Torres, Susana Vieira, William Bonner, Senna e outros famosos.
“Tive uma vida familiar maravilhosa, com pais extremamente amorosos. Por 35 anos fui casada com Paulo de Tarso Liberalesso, com quem tive dois filhos e quatro netos e um relacionamento pleno de afeto e de amor. Infelizmente, ele faleceu e eu fiquei só depois disso. Agora meu filho também se foi. Mesmo com todas essas perdas, posso dizer que tive muitos sonhos, que realizei quase todos e que fui muito feliz ao longo de toda a minha vida”, resumiu.
Formação e livros
Na sua formação, Maria Christina Noronha Liberalesso integrou a primeira turma da Faculdade de Direito de Itu. Depois fez pós-graduação em Processo Civil pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Ainda outra pós em Libras pela Universidade Paulista. Lecionou na educação infantil, alfabetização de adultos, primeiro e segundo graus e na Faculdade de Direito. Como advogada, trabalhou de forma independente e na Procuradoria do Estado.
Já realizou trabalho voluntário em brinquedoteca para crianças surdas, onde afirma que mais aprendeu que ensinou. Fez muitas palestras para surdos e ouvintes sobre Direitos das Pessoas Deficientes. Lançou ainda os livros “Estudo Etiológico e Legislativo sobre a Surdez” e “Sintonia de Almas”, este em parceria com Lázaro José Piunti, Anna Osta e Damien Pacheco; integrou antologias e traduziu para libras “Baile na Casa da Gramática”, de Piunti.
Ingressou em 15 de junho de 2014 como membro da Academia Saltense de Letras indicada por Piunti, oportunidade em que destacou em seu discurso, como disse Willian Shakespeare, que a gratidão é o único tesouro dos humildes para expressar o quanto se sentia homenageada e prestigiada por poder integrar a academia, que tinha e tem o seu sogro, Ettore Liberalesso, como um dos seus fundadores, ao lado de Piunti e de outros 14 acadêmicos.
O PORTAL DO POETA BRASILEIRO, E ACADEMIA NACIONAL DE LETRAS DO PORTAL DO POETA BRASILEIRO, REALIZA NOS DIAS 19, 20, 21 DE MAIO/23 NA CIDADE DE GUARUJÁ O XVIII ENCONTRO DOS POETAS, COM A SEGUINTE PROGRAMAÇÃO:
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DAS 13 AS 15 HORAS – INTERVALO PARA ALMOÇO
DAS 15 AS 17 HORAS – DEBATE SOBRE CHATGPT – A INFLUÊNCIA DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NAS CRIANÇAS, ADOLESCENTES E ESCRITORES.
AS 20 HORAS – SESSÃO SOLENE NO TEATRO PROCÓPIO FERREIRA – PREMIAÇÃO DOS ACADÊMICOS QUE SE DESTACARAM NO SEMESTRE E DIPLOMA DA ROSA DOURADA PARA AQUELES QUE SE DESTACARAM NOS SEGMENTOS DE CULTURA DA CIDADE DE GUARUJÁ.
DIA 21 – APÓS CAFÉ DA MANHÃ, REUNIÃO DE AVALIAÇÃO DOS ACADÊMICOS, E INDICAÇÃO DA CIDADE QUE SERÁ A SEDE DO XIX ENCONTRO EM 2024.
O PORTAL DO POETA BRASILEIRO E SUA ACADEMIA CONVIDA TODOS OS CONFRADES E CONFREIRAS DA ASLE A PARTICIPAREM DESTE GRANDE EVENTO CULTURAL.
Romeu Bicalho prepara obra que pretende unir o direito com a literatura ao explorar a liberdade de expressão
Com oito livros técnico-jurídicos publicados, todos voltados a ensinar iniciantes do Direito sobre concursos e exames da Ordem dos Advogados do Brasil, a OAB, o escritor e advogado Romeu Gonçalves Bicalho, Cadeira 19 da Academia Saltense de Letras, patrono Olavo Bilac, se prepara agora para iniciar uma nova jornada na literatura: uma obra que vai unir o mundo jurídico com a expressão literária e falar da liberdade para divulgação de ficção.
A ideia da produção surgiu de uma conversa com o também acadêmico Leandro Thomaz de Almeida, Cadeira 33, patrono Luiz Castellari, que se sentia incomodado com processos que são impetrados contra escritores por conta da escolha de temas e pela forma como contam suas histórias, e da vontade de ambos de esclarecer o que pode e o que não pode, ajudando autores a evitarem problemas com a justiça e a terem liberdade para criar.
“O assunto é palpitante e cheio de conflitos. Merece uma discussão à luz da legislação”, afirmou Romeu, que se uniu a Leandro para produzir a obra. “Nossa intenção é criar informação para auxiliar juízes na hora de julgar ficção, porque temos visto que a forma de encarar a ficção não está correta”, disse Leandro. A publicação ainda não tem data. “Estamos na fase da pesquisa e da reflexão, mas logo teremos novidades”, adiantaram.
Nascido em casa na cidade de Ubiratã, no Paraná, Romeu Bicalho, como se tornou conhecido, viveu na cidade até os sete anos e depois já se mudou para Salto. Estudou os primeiros anos na Escola Estadual Benedita de Rezende, na Escola Estadual José Benedito Gonçalves e Escola Estadual Paula Santos. Depois fez graduação em Direito na Faculdade de Direito de Itu, mestrado na Unimep, doutorado na PUC-SP e pós-doutorado em Coimbra, Portugal.
O escritor já foi presidente da 157ª Subseção da OAB em Salto entre os anos de 2004 e 2006, membro de bancas de concurso para magistratura trabalhista da 15ª Região, tornou-se palestrante da Escola Superior de Advocacia em São Paulo e relator da IX Turma do Tribunal de Ética da OAB-SP e recentemente montou uma escola para cursos de Direito e de outras áreas do conhecimento, já que uma das suas paixões, além do Direito, é dar aulas.
Mércia Falcini diz que mudou totalmente o jeito de pensar 11 anos depois de lançar o seu primeiro livro de crônicas ‘Conversas Entrelinhas’
A escritora e pedagoga Mércia Falcini, Cadeira nº 3 da Academia Saltense de Letras, patrono Paulo Freire, afirmou na manhã de sábado (13), durante o “Momento Literário”, espaço criado pela atual diretoria para falar de literatura nas reuniões ordinárias da entidade, que teve de desaprender a forma como pensava e como via a vida quando lançou o seu primeiro livro de crônicas “Conversa Entrelinhas”, em 2012, para entender e encarar a vida como ela é hoje depois de 11 anos, pois mudaram completamente os seus conceitos e as suas certezas nesse intervalo.
“Eu era uma pessoa moralista, imatura, que achava que tinha o controle de tudo na vida. Achava que a vida tinha de ser certa, justa. Aquela mãe que quer fazer com que tudo seja direitinho. Casamento para sempre, filhos perfeitos. O pedagogo é assim. Acha que sabe mais e julga a mãe que faz diferente, mas não é assim. Eu sou mãe de um homossexual, por exemplo. Quando ele me contou, tive muita dificuldade apesar de ter um discurso de aceitação, de inclusão. Percebi que era só o discurso. Entendi que estava só na palavra. Não era um processo interno que eu vivesse”, disse ela.
Mércia Falcini contou que saber que o filho era homossexual foi uma quebra de verdades muito forte na sua vida. Para ela, essa experiência e outras que teve como mulher nesse tempo mexeram com suas estruturas. “E aí eu entrei nesse processo de desaprender tudo o que eu tinha aprendido. Essa vivência com meu filho me levou à USP. Eu fiz um curso lá de pós-graduação na diversidade. Tive contato com uma mestra, Edith Modesto, que me mostrou pesquisas sobre o tema. Então eu comecei a mexer com esse meu aprendizado cultural internalizado, como todos, a vida é assim”.
Para escritora, o poder da palavra é maior do que se imagina e se deve ter cuidado ao usá-la, evitando o preconceito e buscando a humanização
Contra preconceito
Onze anos depois do primeiro livro e com todas essas transformações pelas quais passou, a escritora não enxerga mais naquela obra a Mércia de hoje. Ela disse que constatou isto de forma mais flagrante quando um profissional de Santana de Parnaíba passou em um concurso e foi trabalhar com ela na Secretaria de Ação Social e Cidadania da Prefeitura de Salto, pasta que ela dirige desde 2021. “Ele pesquisou sobre mim. Encontrou o meu livro e leu. Está lá desde outubro do ano passado. Um dia me falou que leu “Conversa Entrelinhas”, mas que eu não era a autora que ele leu”.
Na visão da escritora, toda essa experiência mostra que a palavra é muito mais que uma catarse. “Ela tem o poder de construir uma sociedade, de humanização. Por isso que a gente tem de tomar cuidado com ela. Não é mimimi quando usamos a palavra certa. Quando uma corrente usa, por exemplo, o todes, não é mimimi. Perguntaram a uma transsexual como ela se sentia ao ser tratada assim e ela disse: incluí
da. Se é para trazer alguém para dentro, por que não usar? Por que ter preconceito?”, questionou. Mércia disse que hoje sua escrita é mais suave, aberta, que mexe com a reflexão.
Responsável pela indicação do tema deste ano da coletânea da Academia Saltense de Letras, que sai em outubro com textos de 31 acadêmicos, a qual vai falar do poder das palavras escritas, ditas ou silenciadas, Mércia Falcini contou que viveu uma experiência curiosa a respeito, ao ser procurada por um americano do Texas, que pretende se mudar para Salto e descobriu os seus artigos em um site e os leu todos. “Depois eu o conheci e nos tornamos amigos. Quando eu podia imaginar que o que eu escrevi ia chegar tão longe. É para isso que escrevo. Para ser lida e entendida”.
Conversa salva
Ao final da exposição, a escritora disse que está escrevendo um novo livro para falar da mulher de 50 + e que ele vai se chamar conversa também. “As conversas criam perspectivas. Não há hierarquia nas conversas. Há conversadores. Eu acredito que o melhor jeito de resolver é uma conversa. Sempre que a gente tem algo, um problema, uma situação, é a conversa que dá conta. A conversa salva. Se sentar e olhar nos olhos e falar o que gente sente é a única forma de resolver os conflitos da vida”. Depois, Mércia leu um texto da psicopedagoga e escritora Isabel Parolin sobre o tema.
A presidente em exercício da Academia, Marilena Matiuzzi, Cadeira 39, patronesse Cora Coralina, que substituiu a presidente Anita Liberalesso Neri, Cadeira 11, patrono Odmar do Amaral Gurgel, que está em viagem, disse que Mércia sempre foi respeitada pela sua defesa do social e agora será também pelo testemunho de mãe. Décio Zanirato, Cadeira 22, patrono Fernando Pessoa, disse que se surpreendeu com a palestra. “Conheci a Mércia explosiva de antes e agora fiquei surpreso com sua fala calma e com esse imponente testemunho de vida. Você está certa ao defender a conversa”.
Cynara Lenzi, Cadeira 18, patrono Dante Alighieri, que também trabalhou como professora na rede pública de Salto, disse que Mércia Falcini está certa. Conversa funciona. Ela contou que fazia um dia de roda de conversa com os alunos toda semana e eles gostavam tanto que pediam sempre”. Rose Ferrari, Cadeira 38, patrono Mário Quintana, que foi a editora do primeiro livro de Mércia, afirmou que ficou contente de a autora não se reconhecer naquele livro. “A gente muda muito e a crônica é uma expressão que fala com outras pessoas. Se ela não tocar o coração, não tem sentido”.
A Academia Saltense de Letras homenageou acadêmicas no sábado (13) por conta da passagem do Dia das Mães no domingo (14).
Todas as mães presentes à reunião ordinária realizada no dia receberam flores, que foram ofertadas pelos confrades.
O “Momento Literário”, espaço criado pela atual diretoria para falar de literatura nas reuniões, também tratou do tema.
A escritora e pedagoga Mércia Falcini, Cadeira 3, patrono Paulo Freire, falou sobre a sua experiência transformadora de mãe.
Veja o relato neste site no texto intitulado “Escritora afirma que teve de desaprender para entender e encarar a vida como ela é”.
Titular da Cadeira 27 da Academia Saltense de Letras, escritor, que aniversaria em 5 de maio, disse que esse é o seu presente
Quem perguntar a Valter Berlofa Lucas, Cadeira 27 da Academia Saltense de Letras, patrono Luís Vaz de Camões, como ele se vê hoje, ao completar 55 anos na sexta-feira, 5 de maio, vai ouvir como resposta rapidamente que ele está no auge da carreira, com reconhecimento profissional e financeiro; inspirado para escrever e realizado no casamento, mas, de verdade, se perguntar e o que mais, vai ouvir que ainda falta alguma coisa e o que falta é mergulhar de vez no mundo da literatura, produzindo sem parar.
“Eu me considerava apenas um apaixonado por escrever, que ainda não se compreendia como escritor, mas agora isso mudou”, disse ao contar que se colocou um desafio: escrever uma crônica todos os dias por 30 dias. Intituladas inicialmente “ Minhas palavras soltas”, elas começaram a surgir cada vez com mais facilidade. Resultado: o desafio já foi vencido há tempos. “Estou há 60 dias escrevendo sem parar e feliz com o resultado, porque isto é exatamente o que eu queria. É o meu presente de aniversário”.
Assustado com a produtividade e com a criatividade, Valter Berlofa procurou amigos, como a ex-presidente da Academia Saltense de Letras Anna Osta, Cadeira 2, patronesse Rachel de Queiroz, e mostrou os trabalhos. Recebeu incentivo para continuar. Fez o mesmo com vários outros amigos pelo whatsapp. Publicou os conteúdos nas páginas do Facebook, Linkedin e no site “O vira-lata Sargento”, nome do seu primeiro livro. Os comentários e o retorno que recebeu o incentivaram ainda mais.
Gabrielle Berlofa, Ana Maria Carneiro de Camargo e Antônio Oirmes Ferrari no lançamento do primeiro livro
Outro amigo não ficou só nos elogios. Jean Frédéric Pluvinage, também acadêmico, titular da Cadeira 26, patrono Sócrates, dono da editora FoxTablet, especializada em publicações digitais para tablets, encampou a ideia que surgiu no meio dos elogios: fazer um novo livro. Com isto, Valter Berlofa já entregou os originais ao editor e ganhou da ex-presidente da Academia Anna Osta o prefácio. “Estou muito empolgado com a repercussão dessas crônicas. Até pensei em parar depois de superar o desafio, mas não consegui”.
Vocação de criança
Embora considere que se descobriu realmente como escritor agora, Valter Berlofa já tinha uma vocação nata. “Sempre fui um leitor voraz. Busquei ler um pouco de tudo. Gosto de ler sobre aventuras, textos investigativos e mitologias. Gosto de lendas e tudo ligado aos deuses, sejam nórdicos, gregos, egípcios ou romanos. Desde bem pequeno sempre tive a imaginação fértil”, disse. Ele conta que ia dormir e se transformava em super-herói com poderes fabulosos. “Pegava no sono rapidinho de tanto viajar”.
Boa parte dessa criatividade natural, ele atribui aos estudos puxados de língua portuguesa na escola do Sesi. “Tínhamos muitas tarefas de redações. Já naquela época eu tinha muita facilidade para desenvolver bem qualquer tema. Na terceira série eu escrevi uma história sobre uma viagem para Plutão, que tinha naves espaciais e alienígenas que construíam a sua própria nave. O texto ficou tão maluco que a minha professora me inscreveu em um concurso de todo o Sesi. Na época, foi maravilhoso: eu tirei o primeiro lugar”.
A relação com a literatura também passa pelo jornalismo. Embora não tenha estudado para a profissão, Valter Berlofa conseguiu o registro de jornalista profissional pela prática. “Eu tenho o registro, mas gostaria muito de ter feito faculdade de jornalismo”. O primeiro contato foi a publicação da sua redação vencedora no jornal interno do Sesi. Depois, ele lançou o jornal “O Espaço Norbertino”, com assuntos da Ordem de São Norberto – Premonstratenses. E ainda teve outro jornal na Altena Targetti.
Pastoral Fé e Política
A militância no jornalismo e a sua ligação com ações sociais levaram Valter Berlofa a integrar o movimento em Salto chamado Pastoral Fé e Política, em 2002. O movimento discutia assuntos da cidade e o projetou na mídia da região. Durante oito anos, ele foi coordenador do movimento e escreveu artigos semanais. Seus artigos preencheram as páginas dos principais jornais da região por mais dois anos ainda. Eles tinham cunho social e sempre tratavam das políticas voltadas para os que mais precisam.
Em 2007, Valter Berlofa foi editor-chefe do jornal “Comunicação Popular”, fundado pelo radialista Claudinho Nascimento (já falecido e que foi seu grande amigo). “Eu gostava muito daquele jornal e do trabalho que fizemos lá”. Outro trabalho que ficou na memória foi a secretária eletrônica do jornal Taperá. “O saudoso Valter Lenzi (acadêmico também falecido e fundador do jornal) me disse: não vou te dar uma coluna no meu jornal, mas na secretária eletrônica você tem espaço sempre. Era nosso pequeno segredo”.
Essa relação teve mais um momento marcante para o escritor Valter Berlofa. “Quando fui tomar posse como acadêmico, o Valter Lenzi veio me cumprimentar e segredou no meu ouvido: não esqueça de mencionar que você foi cronista do jornal Taperá. Aquilo foi muito marcante para mim, porque entendi que o que a gente escrevia era bom para o jornal e não só bom para nós. Isto é gratificante e agora, que não temos mais o Valter Lenzi conosco, é uma passagem que faço questão de lembrar em homenagem a ele”.