Apresento hoje um lindo e profundo poema que me acompanha desde a tenra juventude.

 

Quem és tu, quem és tu, vulto gracioso, 
Que te elevas da noite na orvalhada? 
Tens a face nas sombras mergulhada… 
Sobre as névoas te libras vaporoso… 

Baixas do céu num vôo harmonioso!… 
Quem és tu, bela e branca desposada? 
Da laranjeira em flor a flor nevada 
Cerca-te a fronte, ó ser misterioso!… 

Onde nos vimos nós?… Es doutra esfera? 
És o ser que eu busquei do sul ao norte… 
Por quem meu peito em sonhos desespera?… 

Quem és tu? Quem és tu?—Es minha sorte! 
És talvez o ideal que est’alma espera! 
És a glória talvez! Talvez a morte!…
Castro Alves (Antônio Frederico), nasceu em Muritiba, BA, em 14 de março de 1847, e faleceu em Salvador, BA, em 6 de julho de 1871. É o patrono da cadeira n. 7 na Academia brasileira de Letras por escolha do fundador Valentim Magalhães.
Escreveu clássicos como Espumas Flutuantes e Hinos do Equador que o alçaram à posição de maior entre seus contemporâneos, bem como versos de poemas como Os Escravos, A Cachoeira de Paulo Afonso e Gonzaga que lhe valeram epítetos como “poeta dos escravos”.
FELIZ DIA DAS MÃES a todos
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Anna Osta
4 anos atrás

Quando o sentimento transborda no peito e se espreme pelo canal lacrimal, a poesia é um dos remédios a que recorro. Lindo esse poema de Castro Alves, que em nosso sodalício é o Patrono do acadêmico Lázaro Piunti, titular da Cadeira nº 14, que se encontra em licença temporária no momento. Obrigada, Dimas, pela inspiração de hoje.

Cristina Maria Salvador
4 anos atrás

Este sonêto de Castro Alves me faz pensar que o poeta já previa sua morte prematura . Sobre ela seu questionamento. Como se ela o espreitasse . Lindo … Triste… Profundo… Sensível.

Dimas Siqueira Silva
4 anos atrás

Ele pertenece a terceira geração do romantismo, mas traz consigo as influências da segunda geração, que admito muito… Augusto dos Anjos, Álvares de Azevedo, Junqueira Freire, entre outros…

Jessica
4 anos atrás

Quem és tus és minha sorte que talvez eu não a tenha ,gostei muito parabéns coloquei até outra versão aí 🤣

Lilian
4 anos atrás

O verdadeiro amor é como os fantasmas. Todos falam nele, mas ainda ninguém o viu.

François La Rochefoucauld

Aline Machado
4 anos atrás

Que linda escolha, meu amigo!
É, realmente um lindo e profundo poema!
Obrigada 👏🏻👏🏻

Marilena Matiuzzi
3 anos atrás

Dimas, confesso que não conhecia esse poema.
Li e reli umas três vezes para colher da forma mais profunda possível a poética nele existente.
Adorei a experiência de revisitar Castro Alves, nesse poema, para mim, novo.
Triste, sensível, lindo!
Obrigada por nos trazer essa leitura tão linda!