Sempre que se lançam ou se aperfeiçoam novas tecnologias, como e-commerce, serviços por aplicativos, conteúdos digitais, aulas remotas, videoconferências, certificações on-line, telemedicina, IoT, entre outras ferramentas, o senso comum nos remete, imediatamente, a imagens de “nativos digitais”: aqueles jovens, cheios de curiosidade e destreza na internet, que logo dominam sua utilização. É como se as pessoas acima de 30 anos, os chamados “imigrantes digitais” (termo criado por Marc Prensky), vivessem à margem das grandes transformações ocorridas a partir de 1990.

É preciso atentar, no entanto, para algumas características sobre o perfil demográfico mundial; a ONU estima que em 2026 a população do planeta chegará a 7,8 bilhões de pessoas, distribuídas em seis gerações concomitantes, sendo os nativos digitais apenas 35,7% dela.

Ou seja, os imigrantes digitais serão nada menos que 5 bilhões de pessoas ao redor do mundo, além de representarem o grupo com melhor potencial de consumo, tendo em vista que já viveram o suficiente para reunir o mais considerável patrimônio material e intelectual que a humanidade já registrou.

Engana-se, portanto, quem imagina que os velhinhos estão à margem dos avanços tecnológicos. Ao contrário, recente pesquisa minha junto a leitores da população baby boomer (1946-1964) do interior de São Paulo apurou que os velhinhos mais jovens de todos os tempos estão, em grande maioria, adaptados às novas tecnologias, e exigentes em relação à qualidade dos conteúdos disponíveis na internet.

Consideradas algumas diferenças sócio-cognitivo-culturais, têm potencial para usufruir plenamente de leituras em meio digital. Estão bem longe dos “analfabetismo digital” que a eles se convencionou atribuir.

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