– E foi assim que o mundo acabou,
disse o gato, atrás dos óculos,
com uma tristeza de saudade,
daquelas que embargam a voz.
Nascido depois,
o menininho de olhos azuis
não tinha a dimensão.
– Como pode, senhor gato?
– Eu não sei como vivem,
disse o gato, olhando o infinito.
– Se procurar uma pilulazinha
de sinceridade, uma só,
não se encontra, não existe.
– Então as pessoas mentem
o tempo todo?, indagou o menino.
– O tempo todo, respondeu o gato.
– Mas como podem amar desse jeito?
– É o que eu digo, suspirou o gato.
– Não podem, elas fingem.
Elas dizem para si mesmas
que é verdade e acham que está bem.
– O macaco sacudiu um homem
outro dia querendo que acordasse,
retomou o gato.
– O homem lhe queria vender o coração.
– Mas sem coração não se vive,
senhor gato, concluiu o menino.
– Eu sei, você sabe, mas eles não.
O gato continuou o seu lamento:
– Vendem o coração,
trocam a alma, atiram fora
o amor, como se fosse pilha velha.
Não sentem mais nada.
O gato estava desconsolado.
– Procuram pílulas de amor
como drogados viciados.
Não tem mais, não se encontra mais.
Só tem pílulas de ódio agora.
– Nossa, assustou-se o menino.
Vendo os olhinhos azuis arregalados,
o gato chamou o menininho
para mais perto de si e contou,
como se fosse um segredo,
só tem uma saída.
– E qual é essa saída, senhor gato?
– As pessoas precisam se olhar,
se olhar no espelho.
– Bem isso é fácil, disse o menino.
– Não é como pensa, atalhou o gato.
– Por quê?, arregalou os olhinhos azuis de novo.
– Porque não existem mais.
Os espelhos acabaram.
Foi quando acabaram as pílulas,
as pílulas de sinceridade.
– E onde encontrar espelhos,
onde, senhor gato?
– Eu não sei, eu não sei,
disse abaixando a cabeça.
– Então, voltamos ao início?,
irritou-se o menininho.
– Espere, tem um jeito,
iluminou-se o gato.
Os olhinhos azuis arregalaram-se outra vez.
– É só olhar nos olhos de cada um.
Olhe nos olhos sem medo.
Dentro de cada ser humano
está o reflexo do outro.
As pessoas não se olham mais.
Perderam a referência.
– E como fazê-las olhar nos olhos?,
perguntou o menininho.
– Eu não sei, eu não sei,
mas sei que dá certo,
vislumbrou o gato.
– Alguém tem de começar,
continuou ele.
– Comece você, que tem
olhos azuis tão doces.
E o menininho olhou o infinito
com a certeza de que tinha
uma grande missão.
Veja mais em linktr.ee/escritoreloy
Para lembrar os 323 anos da benção recebida pela capela de Nossa Senhora do Monte Serrat, momento tido como a fundação de Salto, publico este artigo com as possibilidades de fontes históricas para a construção da narrativa da história da cidade.
Boa leitura!
***
O trabalho de um historiador é baseado na construção de narrativas acerca do passado ao analisar as fontes históricas. É comum escutarmos a expressão enganosa que “a história estuda o passado”. Na verdade, o que os historiadores investem seu tempo e energia são nas interpretações que são feitas sobre o passado, e é aí que as fontes históricas aparecem, dando os sentidos para questionamentos pré-estabelecidos na mente do pesquisador.
Uma pesquisa histórica é algo muito sério, não cabe julgamento de valores, mas sim interpretações e cuidados ao olhar uma fotografia do início do século XX, uma pintura do período renascentista, um texto publicado em jornal do século XIX, enfim, a variedade e os cuidados são imensos para quem pratica o ofício de historiador.
Exemplo disso foram os achados arqueológicos que revelaram a presença dos primeiros moradores do território que hoje leva o nome de Salto, refiro-me aos indígenas Guaianazes, do tronco Tupi-Guarany. Entre os anos de 1980 e 1990, foram encontradas Igaçabas com ossadas, dando a interpretação de que tal objeto teria sido utilizado como urnas funerárias para a aldeia denominada Paraná-Ytu. Tais objetos, junto às pontas de flechas, podem ser vistos no Museu Municipal Ettore Liberalesso.
O estudo da vida indígena na cidade é algo que merece uma atenção de todos nós, entender de onde de fato viemos e saber que muito da nossa cultura de hoje provém da herança dos nativos. Citei o fato como exemplo para mostrar a riqueza de informações que uma fonte histórica, vestígios deixados por populações que atuaram antes de nós, são fundamentais para o trabalho com a história. Neste sentido, “fonte histórica é, em essência, conhecimento por meio de documentos”. (VEYNE, 2014)
“As fontes históricas, além de permitirem que o historiador concretize o seu acesso a determinadas realidades ou representações que já não temos diante de nós, permitindo que se realize esse “estudo dos homens no tempo” que coincide com a próprio História, também contribui para que o historiador aprenda novas maneiras de enxergar a História e novas formas de expressão que poderá empregar em seu texto historiográfico.” (BARROS, 2013)
Diante disso as fontes se abrem para novas abordagens, novas problemáticas, é impossível separar a fonte histórica do historiador. Pois bem, o presente texto busca trabalhar com um tipo fonte que é interessante aos olhos deste que aqui escreve, um tipo de fonte que aprendi há algum tempo a olhar como historiador e a colecionar como curioso, são os tijolos antigos. Toda vez que passo por construções ou reformas em centros de cidade, dou uma olhada nas caçambas de entulhos para verificar se existe algum “tijolinho” com símbolos ou letras, se minha busca for positiva, recolho e levo para casa. Tenho alguns das cidades de Itu e de Salto.
Era comum que as formas dos tijolos de barro, vamos entender com o olhar de historiador como “fonte da cultura material”, tivessem as siglas do nome de quem tinha uma olaria ou do dono da casa que fosse mais afortunado. As possibilidades para trabalhar com eles são diversas, podemos tentar entender a forma de trabalho nas olarias, a vida das pessoas que (literalmente) construíram as cidades, enfim, o repertório se abre para inúmeras possibilidades. Uma delas é saber a biografia e contexto histórico das pessoas ou instituições que possuem suas siglas marcadas nos objetos.
Diante do exposto, apresento aqui quatro tijolos da minha coleção, ambos da cidade de Salto.
Inicio com um dos preferidos da coleção, o F.F.B. Trata-se de um tijolo que almejava há algum tempo e via muitos dele no Museu de Salto. A sigla é a abreviação de Francisco Fernando de Barros, mais conhecido como Barros Jr. Ele veio parar em minhas mãos numa tarde quando passei em frente a um antiquário na cidade e vi um belo oratório, entrei para ver o preço. Olhei para o chão e o vi ali, imediatamente perguntei sobre o tijolo e o vendedor não sabia ao certo o que significava a sigla, mas sabia que era muito antigo. Pois bem, contei a história do Barros Jr. e adquiri o tijolo por um valor apenas simbólico. Vale mencionar que, alguns anos depois, meu cunhado Eric, sabendo do meu gosto por tijolos, deu-me um que estava em sua casa, assim, agora tenho dois.
Segundo a historiadora Dra. Anicleide Zequini:
“Barros Júnior, republicano, abolicionista e proprietário da segunda fábrica de tecidos instalada em Salto, nasceu em Capivari-SP em 17 de março de 1856, localidade em que seu pai Francisco Fernando de Barros se destacava como um dos principais produtores de açúcar.” (ZEQUINI, 2018)
Entre os feitos de Barros Jr. em Salto, vale destacar:
– Fundação da segunda fábrica de tecidos da cidade em 1880.
– Formação do Grêmio Musical com operários da fábrica em 1880.
– Apresentou o projeto para elevar Salto a categoria de vila em 1889, momento em que era vereador por Itu.
– Fundou o jornal Correio de Salto em 1888.
– Já na república, foi Deputado pelo Partido Republicano Paulista.
Francisco Fernando de Barros Júnior faleceu em 1918.
O segundo tijolo vem com a inscrição J.C.
Quando encontro, compro ou ganho algum desses objetos, minha primeira fonte de pesquisa, da qual sou muito grato pela disponibilidade em ceder um tempo para me ajudar, é o Prof. Antônio Oirmes Ferrari.
Professor Ferrari me informou que muito provavelmente a inscrição marcada no tijolo seja uma referência a João Coltro, que se mudou com sua família para Salto em 1935 (eram de Indaiatuba). Vieram ele, esposa e mais seis filhos.
Lá em Indaiatuba, eles tinham uma pequena roça de subsistência e, quando se mudam para Salto, compram uma chácara e produziam os mesmos produtos com destaque para as frutas. Não sabemos ainda, professor Ferrari e eu, se ele trabalhava com olaria ou pagou para ter sua sigla nas formas dos tijolos.
João Coltro nasceu em 05 de julho de 1900 e morreu em 27 de agosto de 1945.
O “B” inscrito no tijolo, se és saltense, já deve ter imaginado de onde seja, se pensou Brasital, acertou!
Encontrei há alguns anos quando faziam uma reforma em uma das casas que outrora serviam de moradias aos chefes da antiga empresa e hoje é dependência da faculdade Cruzeiro do Sul. Passei de moto com meu irmão e ao encontrar uma caçamba de entulhos percebi que havia ali alguns tijolos antigos, peguei um e seguimos embora. Fico até hoje imaginando o que o pedreiro pensou naquele momento.
Veja o que diz o site do CONDEPHAAT sobre a antiga Fábrica de Tecidos:
“O conjunto das antigas instalações produtivas da Fábrica de Tecidos Brasital marca a paisagem urbana e cultural do município de Salto, sendo ponto de referência na margem direita do Tietê. Foi inicialmente erguido a partir das incorporações das fábricas de José Galvão e de Barros Júnior. O empreendimento foi adquirido pela “Società per l’Industria Italo-Americana” entre os anos 1904 e 1919, dando origem à Brasital S.A. (1919-1981). A fábrica ainda pertenceu ao Grupo Santista antes ser desativada, em 1995. Sob o controle da Brasital S.A., o primordial núcleo produtivo adquiriu as características e a denominação que o definem como um conjunto arquitetônico de tipologia industrial até hoje. Nesse período, além da expansão do setor produtivo, a fábrica também se estendeu física e economicamente pela cidade, com a edificação de estruturas destinadas à continuidade da produção, como armazéns, escola, creche e vilas operárias. A trajetória centenária dessa fábrica se confunde com a própria história da produção algodoeira no país, com as etapas da industrialização no interior de São Paulo e com os processos econômicos e sociais que impulsionaram o desenvolvimento da região. Por essas e outras razões, a Fábrica de Tecidos Brasital foi reconhecida como um representativo exemplar do patrimônio industrial paulista.”
“L.R” são as inicias de Lúis Roncoletta. O Tijolo foi doado para mim pelo amigo, também professor e historiador Natan Coleta. Ao consultar o Prof. Ferrari, esse me informou por e-mail que: “Roncoletta fora qual um precursor das
cerâmicas em Salto, tendo há muitos anos formado a conceituada Cerâmica
São Bento, cujos tijolos, ainda hoje, se vê nas antigas construções, com as
iniciais L R. ou R L. Foi casado com Dona Brasília Roncoletta. O casal teve duas filhas e um filho. O filho tornou-se famoso pintor, com o nome artístico de LUBRA (LU de Luís e BRA- de Brasília). Todos são falecidos. Seu sucessor na conceituada Cerâmica fora o Sr. Manoel Fernandes, seu genro. Hoje, a referida Cerâmica está desativada há anos e no local foram abertos loteamentos.”
Procurei expressar aqui um gosto por colecionar tijolos, uma maneira de expressar possibilidades de trabalho ao vislumbrar os objetos como fontes históricas e, a partir deles, questionar e desenvolver estudos sobre a história da cidade em sua mais variada esfera. Muitos outros da coleção ainda aguardo confirmações para saber de quem eram e seus significados. Um trabalho de pesquisa que demanda tempo, mas é muito prazeroso.
Referências Bibliográficas
ANTIGA Fábrica de Tecidos Brasital. CONDEPHAAT, 2014. Disponível em: . Acesso em: 15 de jun. de 2021.
BARROS, José D’Assunção. A Expansão da História. Petrópolis: Editora Vozes, 2013.
LIBERALESSO, Ettore. Famílias de Salto. Salto: Editora Taperá, 2006.
VEYNE, Paul. Como se escreve a história; Focault revoluciona a história. 4.ed. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2014.
ZEQUINI, Anicleide. F. F. Barros Júnior. Academia Saltense de Letras, 2018. Disponível em: . Acesso em: 15 de jun. de 2021.
Créditos
Deixo registrado aqui os agradecimentos a algumas pessoas que foram importantes para a escrita deste artigo:
– Profa. Paula Pelegrini, minha esposa, sempre editando meus textos e colocando as vírgulas em seus devidos lugares.
– Prof. Luís Roberto de Francisco, dentre tantos ensinamentos, despertou em mim esse olhar para os tijolos como fonte histórica.
– Prof. Antônio Oirmes Ferrari, aquele que sempre consulto, mesmo que por e-mail, nos assuntos acerca da história da cidade e sempre se faz muito solicito.
– Ao sobrinho Enzo Vinicius Pelegrini de Lunes, um jovem curioso de nove anos de idade. É o autor das fotos dos tijolos e passou uma tarde de domingo me ajudando na limpeza para conservação dos objetos.
A Academia Saltense de Letras (ASLe) comemora, neste sábado (12/06), às 9h, seu 13º aniversário de fundação. Neste ano, para adaptar-se à necessidade do distanciamento social imposto pela pandemia de Covid-19, a data será marcada pela realização de uma palestra on-line para convidados sobre a escritora Zélia Gattai, a patronesse da Academia. Na oportunidade, será efetivada também a cerimônia de posse do novo acadêmico, Francisco Antonio Moschini, que ocupará a cadeira 23, cujo patrono é Euclides da Cunha. Os interessados em participar devem solicitar seu convite pelo e-mail academiasaltensedeletras@gmail.com.
A palestra “Zélia Gattai: vida e obra de uma fotógrafa e escritora memorialista” será proferida pela professora, pesquisadora e conferencista Kassiana Braga. A palestrante é graduada em História pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Realizou estágio no Centro de Pesquisa e Documentação (Cedap) da Unesp em Assis/SP, em 2010. É Mestra em História desde 2016, quando apresentou a dissertação “A Senhora Dona da Memória: Autobiografia e memorialismo em obras de Zélia Gattai”. Atualmente cursa doutorado na Unesp, por meio do qual aprofunda sua pesquisa sobre a escritora e sua produção artística.
Já o novo acadêmico, Francisco Moschini, tem uma longa atuação como professor e ambientalista. Aos 82 anos, é um dos ícones da preservação ambiental em sua terra natal, a cidade Salto. Nascido em 9 de junho de 1938, estudou nas primeiras turmas do antigo “Coleginho”, hoje Escola Sagrada Família. Mais tarde, formou-se em Ciências, em Biologia e em Pedagogia, tendo participado também de diversos cursos de especialização e extensão universitária na área ambiental.
É sócio fundador e ex-presidente da Sociedade para Defesa do Meio Ambiente de Piracicaba (Sodemap) e do Instituto de Estudos Vale do Tietê (Inevat). Atualmente, entre outras atividades, é membro das câmaras técnicas de dois comitês de bacias hidrográficas: a dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (CBH-PCJ) e a dos Rios Sorocaba e Médio Tietê (CBH-SMT), além de membro do Conselho Gestor de três Áreas de Proteção Ambiental (APAs): Cabreúva, Cajamar e Jundiaí.
Foi professor do Ensino Fundamental e Médio por 30 anos nas cidades de Elias Fausto, Mairinque, Alumínio, São Roque e Piracicaba, onde exerceu também a função de assistente pedagógico, vice-diretor e diretor substituto. É autor dos livros “Educação ambiental: estudo da microbacia do Ribeirão dos Marins” (1996), “O Médio Tietê: história, eletricidade, hidrovia, etanolduto” (2014), “A água nas escrituras bíblicas” (2017) e “Ginásio Estadual Professor Paula Santos – memória” (2019).
Sobre a ASLe
A Academia Saltense de Letras, fundada em 16 de junho de 2008 por um grupo de 16 pessoas, é uma associação de caráter cultural. Seus objetivos são a pesquisa, o estudo e a divulgação das letras, das artes e da cultura.
De suas 40 cadeiras, identificadas por patronos selecionados por ocasião da fundação, 37 encontram-se ocupadas e três vagas, sendo a 37ª a cadeira escolhida por Moschini. Dos 16 acadêmicos fundadores, cinco já faleceram, dois deixaram o grupo e nove seguem contribuindo com a ASLe. São eles: Anita Liberalesso Neri (Cadeira 11 – Odmar do Amaral Gurgel), Anna Osta (Cadeira 2 – Rachel de Queiróz), Antonio Oirmes Ferrari (Cadeira 7 – Machado de Assis), Augusto Gasparini Filho (Cadeira 12 – São Francisco de Assis), Francisco Carlos Garcia (Cadeira 13 – Monteiro Lobato), Lázaro José Piunti (Cadeira 14 – Castro Alves), Maria Damien Ignácio Pacheco (Cadeira 15 – Benedita de Rezende), Mércia Falcini (Cadeira 3 – Paulo Freire e Valter Lenzi (Cadeira 6 – Mário Dotta). As outras 28 cadeiras encontram-se ocupadas por acadêmicos que ingressaram entre 2009 e 2021.
O ingresso a uma vaga na Academia Saltense de Letras se dá por indicação de um ou mais de seus membros efetivos ou obedecendo aos critérios de edital que pode ser publicado pela presidência. De acordo com o estatuto da entidade, o candidato será avaliado segundo os seguintes critérios: idoneidade moral, contribuição para o incremento das letras, artes, história e cultura em geral, ter obra publicada de reconhecido valor literário, histórico ou cultural. Para conhecer melhor a Academia Saltense de Letras acesse: www.asle.net.br.
Direto ao ponto, seria interessante e altamente motivador, se todos os colegas da Academia Saltense de Letras, visitassem este site para apreciar os textos daqueles, que se propõem a enriquecer nosso sítio literário.
Somos artistas e como tal carecemos das palmas por meio das leituras, o cantor/ator precisa das palmas, o escritor da leitura de sua obra.
Na página do face acontece a mesma coisa, apenas dois ou três acadêmicos publicam seus textos, e quando publicamos, no máximo cinco colegas entram para ler. Altamente desmotivante.
Agradeço imensamente quem lê os textos publicados, seja de minha autoria ou de outro colega.
foto google
QUARENTOU NO REINO DE LUANA ANDRADE
LUANA 4.0
Criança não és mais,
já não deixa a cama desfeita,
e há muito deixastes a trança,
tampouco és mulher feita,
no sentido pleno de ser,
o que és então?
queres saber?
Em 1996 fiz essa pergunta, e passados vinte e cinco anos busco a definição em 2016 pensei ter a resposta ao escrever
Tantos maios se passaram
Chuvas, tempestades, invernos,
Contudo, o frescor da vida,
Que sopra esse vento de energia,
te move, renova e sustenta.
A verdade é que precisaria de mais quarenta nos para entrar no âmago, no cerne, no imo de Luana Andrade, porém é pouco provável acrescentar esse tempo aos que já possuo, entretanto, ela mesma vem se revelando nas postagens da verdadeira novela de sua vida, não é das oito, e nem daquele canal, podemos conhecer Luana por Luana em seu sítio literário “Inspirações Paralelas”, que para comemorar seus 4.0 está escrevendo as Inspirações Aleatórias em 30 capítulos.
Perceba, como pai, agora que estou conhecendo meandros de sua vivência, e olha que temos excelente relacionamento e comunicação.
Em outro fragmento de sua poesia, eu pedi
voe horizonte afora
grite nas matas, montanhas
fale às flores, vá decifrando enigmas
Lendo seus textos, e acompanhando sua trajetória, o tempo de maturação lhe fez bem, feito a larva que deixa seu casulo no momento justo e certo para transforma-se numa linda borboleta, que abre as asas e embeleza o mundo no seu voo, assim Luana libertou-se de Luana, e hoje voa horizonte afora, grita no mundo, impõe suas vontades, trejeitos, maluquices, ela é senhora de si, não fala às flores, posto que é uma flor, como já a chamei de flor de liz.
Agora ela anda decifrando enigmas por aí.
A poesia cutucou-me, como a lembrar-me: estou aqui, e então ela se fez
RAINHA LUANA
Andrade Jorge
Pode o mundo cair
Pode o bicho da trama
Tentar me iludir
Ninguém me conquista só na cama
Sou gata, tigresa, fêmea feroz,
Não despertem meu lado
Darth Vader, posso ser algoz,
Se harmonizar posso ser o fado.
Não mexam comigo, nem desejem o mal
Posso ser princesa, ou ela fulana
Se fores um “gentleman” madrigal,
sucumbirás ao encantamento 4.0 da Rainha Luana.
O tempo passa depressa, vamos, imaginariamente, deitar nas nuvens, e se espreguiçar, porque amanhã, talvez, não sejam imaginários para mim.
Não canso de dizer, obrigado por você existir, poderia ser outro, mas eu sou seu pai.
Andrade Jorge
Paifã
08/05/2021
VIVENDO SEM MÁSCARAS
Por: Andrade Jorge
Baseado no Sermão do Pastor Irani Tadeu Rodrigues
A vida em sociedade impõe ao homem diversos papéis, ora encena um papel de protagonista, ora coadjuvante. Pode ser coadjuvante em seu trabalho, mas ao retornar ao seu lar assume o protagonismo como marido, pai.
Estes papéis são máscaras que o homem usa nas diversas situações de sua vida.
Era isso que Cidão acreditava e vivia falando aos amigos quando o assunto fluía na roda de bate papo.
Cidão era um homem letrado como dizem, vida social intensa, bom emprego, pai de família, gente do bem, mas em termos de espiritualidade tinha suas próprias convicções, era um questionador incorrigível, parecia Tomé.
Não era religioso praticante, mas gostava vez ou outra ler trechos da bíblia. Dizia ele que sendo filho de Deus não precisava de intermediários para falar com o Pai. E assim Cidão ia tocando sua vida.
Entre os amigos de sua infância havia o Tadeu, pessoa que cresceu com bons ensinamentos, vicejou na adolescência e maturou um homem íntegro, trabalhador e atendendo um chamado de Deus enveredou-se na árdua trilha de levar a palavra Santa por onde quer que fosse.
Cidão tinha muita admiração por Tadeu que se transformou num Pastor, comandante espiritual de uma Igreja Ágape Apostólica, mas essa admiração não queria dizer que concordava em tudo com seu velho amigo. Quando se encontravam era contenda na certa.
E certa tarde Tadeu encontrou-se com amigo e conversa vai conversa vem Cidão, como sempre, soltou uma das suas pérolas:
____ Amigo Tadeu nesse mundo para viver bem temos que se esconder atrás de uma “máscara”, assim ninguém entrará em nosso íntimo. Você concorda?
Tadeu foi rápido na resposta:
___ Não concordo Cidão!
___ Xiii lá vem ele de novo com pregação. Por que você não concorda Tadeu?
___ Cidão vou te citar um texto da Bíblia: Filipenses (3.13b) que diz
“Esquecendo-me das coisas que para trás ficam, e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo”.
___ Mas o que tem haver essa citação com o que falei? Retrucou Cidão.
___ Você já vai entender irmão. Então pra você quer dizer que para viver bem tem que usar uma máscara invisível, claro, para se proteger. Mas o que é uma máscara?
Não deu tempo de Cidão responder porque o Pastor continuou. Esta é uma pergunta que muitos ainda não sabem responder apesar de conhecer bem o que vem a ser uma máscara.
As máscaras podem ser usadas em várias situações e ocasiões, tais como em festas, eventos, peças teatrais, performance. Mas o que muita gente ainda não tem consciência é que estão usando máscaras durante toda a vida.
E geralmente não assumem o seu uso. O uso de uma mascara é a forma que a pessoa utiliza-se para esconder algo ou ocultar alguma coisa.
___ Pastor Tadeu, se você expõe seu intimo as pessoas podem descobrir suas fraquezas e usar contra você, por isso não me abro mesmo. Tem muita gente que só quer prejudicar o outro.
___ Ah! Cidão é fato que sobreviver diante das dificuldades que o mundo tem apresentado está cada vez mais difícil. Estamos vivendo em um emaranhado de problemas, de lutas diárias, um emaranhado de decepções e de mentiras. Estamos vivendo principalmente num mundo de hipocrisia. Vivemos em um mundo onde a humanidade esta se tornando má, onde as pessoas não se importam mais com a dor alheia. No mundo de hoje é muito comum nós presenciarmos pessoas sendo humilhadas, pessoas sofrendo preconceitos de toda a forma, sendo pressionadas no trabalho, na família, na igreja. Quantos irmãos estão sendo passados para trás, estão sendo prejudicados em diversos ambientes da sociedade. A grande verdade é que ninguém, nenhum ser humano quer ser tratado desta forma.
___ Então é o que digo Tadeu não podemos nos expor, pois poderemos ser humilhados, enganados. Eu desconfio de tudo mesmo.
___ De certa forma entendo você Cidão, ninguém gosta de se sentir pressionado! Ninguém gosta de receber cobranças exageradas, ninguém gosta de viver sofrendo preconceitos. Entretanto a maneira que estas pessoas estão enfrentando tais dificuldades também não tem sido a maneira correta. E aqui eu estou me referindo ao uso excessivo, ao uso abusivo, ao uso sem escrúpulos de “máscaras”. Colocamos nossas máscaras para nos esconder ou esconder e ocultar coisas de nosso cotidiano. E fazemos isso em uma tentativa sem precedentes de sermos aceitos na sociedade como um todo, mas não da forma que somos, mas sim da forma que a sociedade quer. Colocamos máscaras para tentar esconder nossos defeitos, nossos pecados, nossas transgressões. E desta forma deixamos que as pessoas vejam apenas o nosso lado bonito, nosso lado maravilhoso ou aquela parte que todos irão gostar. Mas infelizmente esta atitude não corresponde com verdade como realmente somos. Uma grande maioria da sociedade, inclusive irmãos em Cristo, têm vivido uma vida de farsas, de mentiras e ilusões. Estão vivendo uma vida vazia, sem objetivos claros e muito menos em direção ao alvo que é Jesus. Entendeu agora porque citei Filipenses pra você? Mas quero contar uma historinha pra dar um melhor entendimento.
Conta-se que certa vez um burro ali em meio a bicharada vestiu-se com a pele de um leão, porém por onde o burro passava a todo instante o restante da bicharada gritava: Olha o burro! E o burro não entendia porque estava sendo reconhecido. Só tinha um problema na mascara que o burro resolveu usar, esqueceu as orelhas de fora! A moral desta história é que o burro acreditava que podia ser como o leão, mas todo mundo via que ele ainda era o burro. E com esta atitude ele estava tentando enganar a todos fingindo ser aquilo que não era e nunca iria ser.
___ Ah! Tadeu você fala essas coisas porque é Pastor de Igreja, mas será que você realmente pensa assim?
___ Cidão você é mesmo duro na queda! Agora cá entre nós, podemos confessar sem rodeio que muitas vezes nos agrada usar também algum tipo de máscara, e tem pessoas que estão vestindo a máscara da espiritualidade, mas todo mundo vê que esta pessoa ainda é carnal. Ela vai para igreja e quando chega à porta coloca a máscara da oração, do choro, a máscara que clama o nome do Senhor. Coloca a máscara que fala em línguas estranhas, a máscara que profetiza. É tudo uma benção como dizemos, está no óleo é manto puro. Mas acaba o culto ela sai pela porta e passa ter atitudes ilícitas. Torna-se uma pessoa áspera, rude, trata mal aos irmãos, da mau testemunho de suas atitudes. Tem aqueles que teimam em achar que o seu dinheiro pode comprar tudo e todos. Irmãos que tiram suas máscaras quando o culto termina para falar mal da vida dos outros, mas como o burro da nossa história se esqueceu de se cobrir por inteiro. Meu Irmão este tipo de atitude é muito sério, Deus em sua sabedoria não vai deixar que ninguém use de máscaras para dizer que serve a Ele, ou que é fiel em todas as coisas. O ilícito, o errado, o pecado, o engano sempre estará com alguma parte descoberta.
___ Tá vendo Tadeu? Então você reconhece que até na Igreja tem gente usando máscaras, mostra ser uma pessoa e na verdade é outra. Mas a máscara que falo não é para encobertar um mau caráter, o que propago é que não podemos mostrar nossas fraquezas.
___ Quanto a isso você tem razão Cidão, e digo mais, se for preciso Deus rasga o véu e mostra quem realmente a pessoa é. Tem gente que veste a máscara da inocência, do bom coração, da pureza, da santidade. Deixa eu te falar, também não adianta vestir esta máscara todos estão vendo que os seus olhos são impuros, não pode ver uma mulher passar que logo lança um olhar atrevido, e profere palavras desrespeitosas. Vai à Igreja pensando de que forma vai seduzir as irmãs, não tem o mínimo de reverência que devemos ao Senhor. Cidão, meu querido irmão é com tristeza que digo que tem muita irmã também que não se aguenta quando chega um varão bonitão, musculoso, fica toda eufórica. Fica lá sonhando com cada detalhe do tanquinho, dos bíceps e assim por diante. E ouvir a palavra de Deus que é bom… pra que né? Deus é misericordioso. Muitos crentes não se contem, não se aguentam e vão assistir os Big Brother da vida, não resiste em teclar em sites de pornografia na internet. E eu digo aos irmãos em nome de Jesus precisa se libertar destas máscaras.
Estou falando bastante né Cidão? Ainda bem que você é turrão, mas é bom ouvinte, por isso vou contar outra história, sobre um homem muito incrédulo que não acreditava em absolutamente nada e se viu em uma situação de grande aflição então resolveu orar. Sem saber o que dizer a Deus, decidiu recitar o Pai Nosso. Então disse o homem: “Pai nosso que estás nos céus.” E logo que ele pronunciou estas palavras, sentiu-se condenado pela hipocrisia de chamar Deus de seu Pai, pois até aquele momento ele nunca acreditou no Pai. Quando ele acrescentou à oração, “santificado seja o Teu nome” Ficou perplexo e chocado porque sabia que não era sincero e que suas palavras não expressavam seu pensamento. A verdade é que ele nunca havia se importado com a santidade do Senhor. Logo a seguir ele adicionou à sua oração, “Venha o Teu reino.” Aqui ele se sentiu quase sufocado, ele nunca desejou que o reino de Deus fosse estabelecido, que era hipócrita ao falar tais palavras e que não deveria tê-las dito porque não refletiam o desejo sincero de seu coração. Então na sua oração surgiram as palavras: “Seja feita a Tua vontade, assim na terra como no céu.” Mas seu coração rebelde não permitia que ele dissesse tal coisa. Ele não conseguia mais falar pois se viu cara a cara com a vontade do Deus Altíssimo.
___ Pastor Tadeu você está desviando o assunto, eu estava falando de máscaras e você tem a capacidade de mudar tudo, assim não dá!
___ Cidão! Cidão! Não estou desviando nada tudo que exponho tem relação, porque para estarmos perante a Deus precisamos da nudez da alma, sem qualquer máscaras. E uma pergunta se faz necessária para o nosso coração: Como nos sentimos quando oramos o Pai Nosso? Há nas palavras, sinceridade e verdadeira adoração ao Senhor? Ou como o incrédulo de nossa história, será que existe somente hipocrisia e indiferença às coisas de Deus? Como nos sentimos quando cantamos um louvor que diz – recebi um coração do Pai, coração regenerado, coração transformado, e enxergamos que temos vivido mais em desobediência do que na obediência a Deus? Ou quando dizemos “Ao Rei dos reis consagro tudo o que sou” e preferimos viver profanando o nosso corpo se entregando as orgias, a sexo que não agrada aos olhos de Deus como a homossexualidade, o sexo fora do casamento. Cidão não queira me taxar de homofóbico porque não sou, mas não posso e não vou concordar com o pecado. Aqueles meninos e meninas, jovens que ficam se beijando lascivamente sem mesmo saber se aquela pessoa é quem Deus preparou. Como você pode louvar a Deus dizendo ao Rei dos Reis consagro, consagra o que? Cidão! Precisamos ter uma vida reta, uma vida cristã, uma vida de oração, uma vida de consagração. Chega de colocar máscara para ir à igreja e quando vai embora guarda dentro de sua bolsa. Mas para tudo isso até existem algumas explicações, por isso… É MUITO IMPORTANTE ENTENDERMOS: POR QUE AS PESSOAS USAM MÁSCARAS?
E ai Cidão tô desviando o assunto?
____ Tadeu é por isso que não vou a Igreja, lá também está cheio de mascarados, e pelo que estou entendendo são aqueles sepulcros caiados, belo por fora, mas por dentro…
____ Cidão, algumas pessoas têm sido ensinadas a usar “máscaras” desde criança, quando brigavam com os irmãos pequenos eram “obrigados” a fazer as pazes dizendo que “os amavam”. Só que faziam isso sem que o problema do perdão tivesse sido adequadamente tratado pelos pais. Com um pouco mais de idade, são “forçados” pelos pais a mentir ao telefone, dizendo que “papai não está” quando na verdade ele está. Neste contexto as nossas crianças estão sendo ensinadas desde pequenas a também usarem a suas máscaras. E nós como pais somos responsáveis diretos na formação do caráter de nossos filhos. Você quer ter um filho caminhando com Deus, sendo fiel a sua palavra então comece você a dar bons testemunhos dentro de sua casa. Meu irmão, depois o nosso choro não ira mudar a situação. Eu sempre ouvi do meu pai, que foi um homem muito severo, dizer “Prefiro ver você chorar a eu ter que me envergonhar pelos seus erros”. Não ensinem os filhos a usarem as mesmas máscaras que você tem usado todos estes anos. Outras pessoas utilizam-se de “máscaras” para compensarem complexos de inferioridade. Acham que se os outros as conhecerem como realmente são não irão gostar e certamente se afastarão. Assim sendo… vivem uma vida que realmente não corresponde com a verdade do que são. Seja você mesmo, Deus te criou desta forma com este caráter, com esta personalidade, não caia em pecado para poder agradar aos seus amigos. Existem ainda os que usam “máscaras” alegando que isto é “uma exigência de nossa sociedade super competitiva”.
___ Tadeu desta vez estou começando concordar com você em alguns pontos, mas continuo achando que pra viver em sociedade é preciso se proteger com uma armadura, uma máscara pra você não se machucar com as más intenções e inveja dos outros.
___ Cidão, você é daqueles que acha que usar uma “máscara” é exigência da sociedade super competitiva, mas não é bem assim. Acontece que as pessoas passam a acreditar que nesta sociedade não se podem revelar as “fraquezas” que qualquer um de nós temos. Esta sociedade exige de cada um que é preciso mostrar-se sempre “forte, seguro e corajoso”. Qualquer demonstração de estar inseguro será aproveitado por seus “adversários”, que estão ali prontos e aguardando o momento de ocupar o seu lugar. E assim muita gente vive fingindo que é forte, mas por dentro é um apenas um vaso. Um vaso que está todo quebrado precisando de um toque de Deus. O que realmente vivemos hoje é um contexto de máscaras e máscaras de vários tipos e jeitos.
___ Pastor Tadeu agora você esta querendo me converter…
___ O que é isso Cidão? Estamos falando sobre máscaras, aliás, foi você mesmo que provocou o assunto, mas bem que você poderia dar um pulinho na nossa Igreja Ágape, nem que seja para tomar um café conosco. Ainda temos muito que falar sobre esse assunto. Você sabia que existem vários tipos de máscaras, pois é… Tem a mascara INTELECTUAL – é aquela que prefere ler sobre a vida, a vivê-la. Está sempre ligado às tarefas intelectuais do que as tarefas sociais. Sem duvidas é muito importante ter o conhecimento, mas ele existe para que o coloquemos em prática produzindo algo de bom ao mundo em que vivemos.
Tem também a FRÁGIL, NÃO ME TOQUE super sensível, chora por tudo, exige tratamento especial. Muitas vezes age assim para não ter uma avaliação severa dos amigos, colegas e familiares. Com essa máscara ninguém terá coragem de magoá-lo ou magoa-la. E a máscara FOFOQUEIRO? Essa aumenta sua autoestima minando a estima dos outros. Diminuir os outros eleva o seu “status”. Gosta de relatar as más ações dos outros mas não enxerga as suas.
Pensa que acabou existem as MÁSCARAS RELIGIOSAS – É sempre bom lembrar que estas “máscaras” de aparência religiosa não tem nada a ver com a real e genuína experiência de vida cristã. Entretanto, encontramos por toda a parte pessoas que se utilizam de “máscaras espirituais”.
___ Cidão a melhor coisa é sempre sermos nós mesmos, sem máscaras, e Deus nos deixou solução para máscaras. A solução encontramos na VERDADE E SINCERIDADE. Em última análise, a “Máscara” é uma mentira e contra a mentira, só cabe a Verdade. “Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida que vale a pena ser vivida” (Jo 14:6). Nós, que já aceitamos a Cristo como o Senhor de nossas vidas devemos desenvolver em nossos relacionamentos a SINCERIDADE. O Senhor sabe como verdadeiramente somos, agimos e o adoramos. Na presença de Deus somos visto por Ele como realmente somos. Ele sabe o que está em nosso íntimo antes mesmo que a palavra chegue à nossa boca. Por isso Davi disse “Sonda-me ó Deus e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos. Vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno” (Sl. 139:23-24). Meu irmão, Deus não nos criou para vivermos usando máscaras que escondem a verdade de quem somos.
DEUS NOS AMA E SE DISPÕE A AJUDAR-NOS, POIS ELE CONHECE O MAIS ÍNTIMO DO NOSSO SER. É HORA DE NOS VOLTARMOS PARA O SENHOR. POIS ELE TEM PRAZER EM NOS CONDUZIR E NOS ENSINAR A PERMANECER EM TODO O CAMINHO DA VERDADE.
___ Portanto caro amigo Cidão o uso de “máscaras” é a ausência de Deus no coração. Pense nisso. Até o nosso próximo encontro, Deus te abençoe, Amém!
___ Grande abraço amigo Tadeu, Pastor da Igreja Ágape Apostólica, vou pensar no que você me disse, mas….
FIM
A FÉ COMO ELA NÃO É
Andrade Jorge
Certa feita, andando meio que a esmo nas ruas do bairro onde morei, cidade de Jundiaí, estava desesperançoso, desempregado, triste, família pra cuidar; Caminhando pela Rua Prudente de Morais (nasci nesta rua) havia um salão onde se reunia uma Igreja, e naquele momento que passava estava acontecendo um culto, eram mais ou menos três da tarde. Resolvi entrar, afinal não tinha nada a perder e estava precisando mesmo de uma palavra de conforto. Na entrada escrito num dos cartazes que ao final do culto todos receberiam uma fita benta, dessas de amarrar no pulso. Sentei-me num dos bancos. O Pregador usava vestes de Padre, o nome da Igreja não me lembro, mas não era a tradicional Católica Apostólica Romana. Mas isso no momento não importava em nada, ouvi atentamente a pregação. Antes de terminar o Pregador falou sobre o dizimo, explicando sobre as despesas que a Igreja tinha para a manutenção do local:
——- Quem tem cem reais para ofertar?
Acho que um ou dois levantaram a mão e foram chamados para ficar la na frente;
—— Quem tem cinquenta? Mais uns três ou quatro levantaram a mão e foram chamados para ficaram la na frente; E assim foi: quem tem trinta, vinte, dez, cinco, nesta altura quase todos estavam la na frente, ali sentados eu e mais um coitado, mas Pregador insistiu: “Quem tem pelo menos um real para ofertar?” Um olhou para a cara do outro e ficamos na mesma, sem contar o constrangimento, porque todos estavam olhando pra nossa cara, como a dizer: “que gente é essa que não tem nem um real no bolso?”. O outro não sei, mas eu não tinha. Então o Pregador mandou que as pessoas fizessem uma fila para receber a tal fita. Claro, entrei na fila, o outro nem quis entrar. Eu era o último, e a fila seguia lentamente. Finalmente chegou minha vez, pensei: “agora vou receber a fita abençoada”. estendi a mão, o Pregador olhou bem pra mim e disse:
—— A fita acabou de acabar!! Quem sabe noutro dia.
Percebi um sorrisinho de escárnio. Pois é, eu não tinha nem um real para receber a fita abençoada….. Sai de la desiludido.
Dois ou três meses depois o salão foi fechado. Ninguém soube para onde a Igreja mudou talvez para um lugar onde não tivesse outro Andrade Jorge tão duro quanto, que não pudesse ofertar pelo menos um real aos amáveis Pregadores.
Não é texto de criação, aconteceu.
29/06/16
Texto publicado na edição de 26/03/2021 do Jornal Primeira Feira
Coluna: um dedinho de prosa
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O texto desta semana foi escrito pela amiga cabreuvana Maria Daniela B. de Camargo Paulino, professora de História e atualmente Secretária de Cultura e Turismo de Cabreúva.
Boa leitura!
No dia 24 de março, a cidade de Cabreúva completou 162 anos de sua emancipação política, por meio de lei decretada e sancionada pela Assembleia Legislativa Provincial em 1.859. Eram meados do Segundo Reinado no Brasil, marcado pela centralização política do Imperador D. Pedro II. De lá para cá, a pequena vila cresceu, mas guarda ainda patrimônios bem preservados, como a Reserva da Serra do Japi; o Centro Histórico, com destaque para a Igreja Matriz Nossa Senhora da Piedade, da década de 1850; e o jeito acolhedor de seus moradores e de sua paisagem de cidade pequena do interior.
É conhecida também por seus slogans: Cidade da Pinga, devido à produção da famosa bebida, conhecida em todo o Estado, e Cidade da Amizade, devido à simpatia dos seus moradores. Atualmente, centenas de pessoas passam por aqui para passear, praticar esportes e guardar memórias. Para uma cidade que tem no turismo uma fonte de renda importante, estar nas memórias e boas lembranças das pessoas é uma propaganda muito boa para atrair novos visitantes.
Hoje quero contar sobre a passagem de um visitante em especial. O Barão de Langsdorff, um nobre alemão que chefiou uma importante expedição de cientistas europeus, enviados pelo governo Russo que percorreram o Brasil no século XIX.
Sua viagem está toda descrita em seu diário, conhecido como Diário de Langsdorf. É nele que o Barão descreve sua estadia em nossa futura cidade, até então uma pequena Freguesia. Na viagem de Jundiaí a Itu, na mesma estrada que hoje é a Rodovia D. Gabriel Paulino Bueno Couto, ele descreve, no dia 15 de novembro de 1822, sua primeira parada por aqui: o Jacaré. Suas lembranças são: a natureza de morros, colinas e capoeiras, o clima quente e a culinária que almoçou por aqui, um leitão que traziam na viagem.
Ainda em visita à cidade, sua comitiva, que não era de Romaria, nem de bicicletas, mas sim de mulas, encontrou hospedagem na Fazenda Pinhal, na época produtora de cana-de-açúcar. Depois então de “curtir” nossa paisagem, nosso clima, e nossa amizade, se despediu da cidade com sua comitiva e chegou ao se destino: Itu, no dia 17 de novembro de 1822.
Nossa cidade é cheia de histórias e não é de hoje, que é a uma cidade acolhedora!
Texto publicado na edição de 19/03/2021 no Jornal Primeira Feira
Coluna: Um dedinho de prosa
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No próximo dia 24 de março, a cidade de Cabreúva, local que moro atualmente com minha esposa e dois filhos, completará cento e sessenta e dois anos. Como um historiador com foco em história regional, é um prazer enorme estudar e escrever sobre o local que atuo, vivo ou tenho contato. Para entender e escrever a história de Cabreúva venho pesquisando em fontes históricas primárias e secundárias.
O texto que segue é baseado na fala que fiz para um vídeo produzido pela Prefeitura de Cabreúva para divulgação no aniversário da cidade, vamos então prosear?!
O trabalho de um historiador é investigativo, utilizando as fontes históricas para a construção das narrativas acerca de acontecimentos que envolvem o país, o estado ou o município.
Fontes históricas são vestígios deixados por aqueles que atuaram na sociedade antes de nós, ou mesmo por aqueles que continuam atuando. Elas podem ser fotografias, relatos orais, pinturas, leis ou decretos oficiais, dentre outros.
É justamente sobre uma lei e um decreto que eu gostaria de conversar com você. No dia 24 de março, é comemorado o aniversário da cidade. Você sabe o porquê desta data?
Segundo a lei n. 12 de 24 de março de 1859, momento em que o Brasil vivia o período de Segundo Reinado, tendo o Imperador D. Pedro II como líder político no Brasil, a Assembleia Legislativa Provincial decreta e sanciona a lei elevando à categoria de Villa algumas freguesias, dentre elas a nossa Cabreúva. Até aquele momento, éramos freguesia de Itu.
Em uma comparação rápida, posso dizer que freguesia era o que entendemos hoje como distrito e, naquela época, as vilas eram as cidades ou municípios.
Uma curiosidade é que na referida lei, em seu Artigo 4º, os habitantes das novas Vilas ficariam obrigados a construírem uma casa de câmara e cadeia “a sua custa”.
Outra data importante para a história do nosso município veio um pouco antes, através do decreto imperial em 9 de dezembro de 1830. Pela data, estamos nos referindo ao Primeiro Reinado com D. Pedro I. No decreto, era criada a freguesia da capela de Cabreúva na até então Vila de Itu.
Tais fontes históricas mencionadas podem ser consultadas, sendo a lei de 1859 no arquivo da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo e o Decreto no portal da Câmara dos Deputados.
É a história de Cabreúva sendo contada através das fontes.
Sempre que se lançam ou se aperfeiçoam novas tecnologias, como e-commerce, serviços por aplicativos, conteúdos digitais, aulas remotas, videoconferências, certificações on-line, telemedicina, IoT, entre outras ferramentas, o senso comum nos remete, imediatamente, a imagens de “nativos digitais”: aqueles jovens, cheios de curiosidade e destreza na internet, que logo dominam sua utilização. É como se as pessoas acima de 30 anos, os chamados “imigrantes digitais” (termo criado por Marc Prensky), vivessem à margem das grandes transformações ocorridas a partir de 1990.
É preciso atentar, no entanto, para algumas características sobre o perfil demográfico mundial; a ONU estima que em 2026 a população do planeta chegará a 7,8 bilhões de pessoas, distribuídas em seis gerações concomitantes, sendo os nativos digitais apenas 35,7% dela.
Ou seja, os imigrantes digitais serão nada menos que 5 bilhões de pessoas ao redor do mundo, além de representarem o grupo com melhor potencial de consumo, tendo em vista que já viveram o suficiente para reunir o mais considerável patrimônio material e intelectual que a humanidade já registrou.
Engana-se, portanto, quem imagina que os velhinhos estão à margem dos avanços tecnológicos. Ao contrário, recente pesquisa minha junto a leitores da população baby boomer (1946-1964) do interior de São Paulo apurou que os velhinhos mais jovens de todos os tempos estão, em grande maioria, adaptados às novas tecnologias, e exigentes em relação à qualidade dos conteúdos disponíveis na internet.
Consideradas algumas diferenças sócio-cognitivo-culturais, têm potencial para usufruir plenamente de leituras em meio digital. Estão bem longe dos “analfabetismo digital” que a eles se convencionou atribuir.